Paixão
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições de filosofia". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', 130/131, 1997, p. 145. | ||
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+ | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de ''Cura'' e o ser humano''. In: --------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p.229. |
Edição de 14h43min de 30 de Setembro de 2017
1
- "A memória de um peixinho dourado só dura três segundos. Então, depois de uma volta pelo aquário tudo é novidade. Cada vez que dois peixinhos se veem é como se fosse pela primeira vez. É como nós humanos. Cada nova paixão é como se fosse a primeira. Uma reação química apaga a lembrança da última dor de amor e nós pensamos: "Puxa, isso é maravilhoso... isso é novo, é diferente!" (1).
- Referência:
- (1). Fala inicial do filme Todas as cores do amor. Direção de Elizabeth Gill, 2003.
2
- "A excessividade do ser no amar é para todo sendo um mistério. Por isso o amante tende para a excessividade da paixão, que se torna fatal quando não tem como medida o ser, mas o sendo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In: -------------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 316.
3
- "Amar é Eros, porque sempre se dá obliquamente, dissimulando-se. Sem amar nada somos e como amar é o nada do que já somos e não somos, em seu dar-se dissimulando ele sempre se retrai e mais nos atrai e arrasta na paixão amorosa. É que em toda paixão amorosa só amamos ao outro quando acontece a unidade e vigor das diferenças: o amar" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In: -------------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.
4
- "Quando eu voltar ao mar absoluto,
- meus átomos irão resplandecer.
- Eu ardo como a vela da paixão.
- Hei de viver o instante para sempre" (1).
- Referência:
- (1) RÛMI. "O canto da unidade". In: -----. A flauta e a lua - Poemas de Rûmi. Trad. de Marco Lucchesi e Rafî Moussavî. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2016, p. 99.
5
- A palavra paixão formou-se do verbo grego pascho. O seu significado geral diz do experienciar uma afeição, sensação ou sentimento, o estar aberto e disposto para, estar em disposição. Significa, pois, uma abertura para o sentido do que somos e podemos ser. Esta disposição varia e pode ter o sentido de experienciar dor e sofrimento, chegando à morte. Paixão significa então morte. Mas por outro lado tal disposição pode se voltar para alguém. A paixão exige necessariamente os outros. A paixão como morte tem então o significado de sacrifício pelos semelhantes. E só se sacrifica quem ama. E para amar tem que ser algo arrebatador. É a paixão amorosa transformada na doação silenciosa, o amor. Isso não quer dizer nem pena nem anulação do outro, mas diz do sofrer com, do compartilhar dores e alegrias. A paixão aparece então como compaixão. Finalmente paixão nos remete para a disposição pela qual nos transformamos e buscamos o outro. É o transformar-se o amador na pessoa amada, gerando uma profunda e essencial identificação.
6
- "Vivendo, os homens vão experimentando a paixão de viver e aprendendo com esta experiência. Pensar é a disciplina, a ascese e o ordenamento desta paixão" (1). "Pensar é cuidar da paixão de viver, é sentir o sentido da paixão de viver. Lançados no rio da vida, esta se torna questão, pois é no pensar que a questão se torna o desafio do pensar, do experienciá-la enquanto paixão. Cuidar é, essencialmente, deixar eclodir no pensar apaixonado um figurar da vida" (2).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições de filosofia". In: Revista Tempo Brasileiro, 130/131, 1997, p. 145.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano. In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p.229.