Solidão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Solidão]] é o ''isto'' do ''[[eu]]'' [[sendo]]. Portanto, sem [[predicativos]], a não ser os [[transcendentais]] que lhe são [[próprios]]. [[Solidão]] não é [[angústia]], é o deixar-se tomar pela [[vigência]] do [[silêncio]], pela plena [[instância]] do [[repouso]]. Então o ''[[eu]] [[é]]'' sem existência nesta ou naquela [[forma]] de [[relação]] ou [[função]], porque, ao não ter nem poder ter [[predicativos]], nunca se pode  tornar um ''[[tu]]'' do ''[[eu]]'', nem um ''[[eu]]'' do ''[[tu]]'' (1).
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Fundar e fundamentar. In: ''Pensamento no Brasil, v.I. Emmanuel Carneiro Leão''. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 218.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ''Pensamento no Brasil, v.I. Emmanuel Carneiro Leão''. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 218.
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Edição de 01h25min de 28 de Junho de 2018

1

"E ninguém é eu. E ninguém é você. Esta é a solidão" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 41.

2

Solidão é o isto do eu sendo. Portanto, sem predicativos, a não ser os transcendentais que lhe são próprios. Solidão não é angústia, é o deixar-se tomar pela vigência do silêncio, pela plena instância do repouso. Então o eu é sem existência nesta ou naquela forma de relação ou função, porque, ao não ter nem poder ter predicativos, nunca se pode tornar um tu do eu, nem um eu do tu (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 218.

3

"Nunca fui solitária, nem quando estive sozinha, nem acompanhada. Mas eu teria gostado de ser solitária. Solidão significa o seguinte: finalmente estou inteira. Agora posso afirmar isso, pois agora me sinto solitária" (1).


Referência:
(1) WENDERS, Wim. No filme Asas dos desejo, 1987. Fala da personagem Marion (Solveig Dommantin).


4

A solidão é o diálogo da finitude na qual sendo o que somos já estamos lançados. Finitude é posição de ser e estar, de estar e ser, dialeticamente. A solidão poderá ser positiva e libertadora, desde que nela haja uma aprendizagem: não a de ser só, mas a de só ser.


- Manuel Antônio de Castro.

5

"— [...] mulheres como eu nunca deviam se casar. Somos independentes o bastante para nos virarmos sozinhas. Mas não independentes o bastante para sermos capazes de apoiar aqueles com quem casamos. A solidão é nossa única opção.
— O que acha que é a solidão? Uma serenidade tranquila? Uma segurança inviolável? Isso é uma ilusão, Cissi. A verdadeira solidão é um ato de coragem, atrás do qual um medo constante se oculta, um medo constante, Cissi."


Referência:
BERGAMAN, Ingmar. No filme: No limiar da vida. Suécia, 1958.

6

"Trata-se da solidão. Em verdade, nas grandes cidades, o homem consegue isolar-se, como mal chega a fazer em qualquer outro lugar. Mas lá em cima nunca é possível isolar-se. Pois a solidão traz consigo a força primigênia que não nos isola, mas lança toda existência na proximidade profunda de todas as coisas" (1)


Referência:
HEIDEGGER, Martin. Por que ficamos na província? - 1934-. In: Revista de cultura Vozes, n. 4, 1977, ano 71, p. 44.


7

O sou do eu nunca pode ser ocupado por qualquer outro sou. Caso isso acontecesse algum sou, algum próprio, seria anulado, deixaria de ser o que é, porque todo sou é único e abismalmente solitário, porque possibilidade de plenitude, eros. A solidão do eu é o sou que todo sou é. A solidão é o eu incorporado ao sou e este a plenitude de sentido e corpo. Nessa solidão o outro só pode ser acolhido amorosamente como o não-eu do eu, como o não-sou do sou, mas jamais se pode tornar outro sou que não o que ele é, ou seja, ser ocupado e habitado pelo que não é ele mesmo: seu próprio.


- Manuel Antônio de Castro.
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