Realidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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:"Pois a realidade é apenas um conceito, ou um [[princípio]], e por realidade quero dizer todo o sistema de valores conectado com este princípio" (1). Logo a seguir define Real como algo metafísico de [[causa|causas]] e [[efeito|efeitos]]. Mas se esse é o real metafísico o que é o real não metafísico? Ou, em sentido grego, o que é a ''[[phýsis]]''? Como pensar a realidade ou a [[hiper-realidade]] sem pensar a ''phýsis''? Realidade como hiper-realidade - paroxismo e paródia ao mesmo tempo. "Ela aceita todo tipo de interpretação porque ela não faz mais sentido..." (2). | :"Pois a realidade é apenas um conceito, ou um [[princípio]], e por realidade quero dizer todo o sistema de valores conectado com este princípio" (1). Logo a seguir define Real como algo metafísico de [[causa|causas]] e [[efeito|efeitos]]. Mas se esse é o real metafísico o que é o real não metafísico? Ou, em sentido grego, o que é a ''[[phýsis]]''? Como pensar a realidade ou a [[hiper-realidade]] sem pensar a ''phýsis''? Realidade como hiper-realidade - paroxismo e paródia ao mesmo tempo. "Ela aceita todo tipo de interpretação porque ela não faz mais sentido..." (2). | ||
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:Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa [[complexidade]] pode ser pensada a partir do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se" (1), onde a realidade é a [[tensão]] no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do [[real]] ou [[natureza]] e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se [[retração|retrai]]. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da [[identidade]], onde cada [[coisa]] não é somente ela [[mesmo|mesma]], por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: ''hen panta''. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o [[horizonte]] em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" (2). O "''hen panta''" a que Leão se reporta é o núcleo do fragmento 50 de Heráclito. Por este fragmento também podemos pensar a [[noite]] como sendo o [[silêncio]] falante do ''[[lógos]]''. | :Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa [[complexidade]] pode ser pensada a partir do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se" (1), onde a realidade é a [[tensão]] no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do [[real]] ou [[natureza]] e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se [[retração|retrai]]. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da [[identidade]], onde cada [[coisa]] não é somente ela [[mesmo|mesma]], por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: ''hen panta''. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o [[horizonte]] em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" (2). O "''hen panta''" a que Leão se reporta é o núcleo do fragmento 50 de Heráclito. Por este fragmento também podemos pensar a [[noite]] como sendo o [[silêncio]] falante do ''[[lógos]]''. | ||
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:(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 84. | :(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 84. | ||
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:"A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da realidade. Toda realidade é [[unidade]] de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais [[simples]] e do mais [[complexo]], toda unidade é sem [[dobra|dobras]], e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1). | :"A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da realidade. Toda realidade é [[unidade]] de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais [[simples]] e do mais [[complexo]], toda unidade é sem [[dobra|dobras]], e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1). | ||
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:Realidade não é só o que se vê ou sente. Realidade é propriamente a vigência do vigente que se dando como ver, sentir, criar e crer permanentemente se retrai e vela. Mesmo do que se dá a ver e sentir, vemos e sentimos muito pouco. Por isso mesmo, a vigência do vigente é muito mais do que o consciente e do que o inconsciente. Realidade como vigência do vigente é o ser e o nada do abismal mistério: [[amor]]. | :Realidade não é só o que se vê ou sente. Realidade é propriamente a vigência do vigente que se dando como ver, sentir, criar e crer permanentemente se retrai e vela. Mesmo do que se dá a ver e sentir, vemos e sentimos muito pouco. Por isso mesmo, a vigência do vigente é muito mais do que o consciente e do que o inconsciente. Realidade como vigência do vigente é o ser e o nada do abismal mistério: [[amor]]. | ||
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:"O [[sentido]] da realidade é uma questão de [[talento]]. Para a maioria das pessoas falta esse talento... e talvez seja melhor assim..." (1). Não só a realidade de cada um é uma questão de dávida da vida, também a dávida do sentido da realidade é um dom, que se recebeu ou não. Cabe a cada um com simplicidade acolher esse dom e não exigir dos outros o que não recebeu, porque o sentido da realidade não é algo que se consiga pelo uso da razão. Alguém pode ser muito erudito e racional e não ter o dom do sentido da realidade. Os antigos diziam que esse sentido da realidade é uma questão de destino, assim como ser um Beethoven, um Bach, um Sófocles, um Guimarães Rosa, é uma questão de destino. Friedrich Hölderlin para assinalar esse destino nele afirmou num momento de grande lucidez e loucura: "Apolo me feriu". Àquele que foi ferido pelo sentido não cabe deixar de cumprir o destino, que não pode ser confundido com "radicalismo" conceitual e doutrinal. Se então há radicalismo, é o radicalismo das questões. E estas é que nos têm, como o [[destino]]. O sentido da realidade é o originário da realidade se manifestando. Sentido da realidade é o saber da realidade. Em ''Grande sertão: veredas'', João Guimarães Rosa também se refere a esta [[questão]] do sentido da realidade, que ele denomina, ser-tão, dizendo: "Sendo isto. Ao doido doideiras digo...Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei...Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas - e só essas poucas veredas, veredazinhas" (2). Por que para a maioria das pessoas falta o sentido da realidade não cabe a nós indagar. | :"O [[sentido]] da realidade é uma questão de [[talento]]. Para a maioria das pessoas falta esse talento... e talvez seja melhor assim..." (1). Não só a realidade de cada um é uma questão de dávida da vida, também a dávida do sentido da realidade é um dom, que se recebeu ou não. Cabe a cada um com simplicidade acolher esse dom e não exigir dos outros o que não recebeu, porque o sentido da realidade não é algo que se consiga pelo uso da razão. Alguém pode ser muito erudito e racional e não ter o dom do sentido da realidade. Os antigos diziam que esse sentido da realidade é uma questão de destino, assim como ser um Beethoven, um Bach, um Sófocles, um Guimarães Rosa, é uma questão de destino. Friedrich Hölderlin para assinalar esse destino nele afirmou num momento de grande lucidez e loucura: "Apolo me feriu". Àquele que foi ferido pelo sentido não cabe deixar de cumprir o destino, que não pode ser confundido com "radicalismo" conceitual e doutrinal. Se então há radicalismo, é o radicalismo das questões. E estas é que nos têm, como o [[destino]]. O sentido da realidade é o originário da realidade se manifestando. Sentido da realidade é o saber da realidade. Em ''Grande sertão: veredas'', João Guimarães Rosa também se refere a esta [[questão]] do sentido da realidade, que ele denomina, ser-tão, dizendo: "Sendo isto. Ao doido doideiras digo...Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei...Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas - e só essas poucas veredas, veredazinhas" (2). Por que para a maioria das pessoas falta o sentido da realidade não cabe a nós indagar. | ||
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:(2) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas''. 6ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 79. | :(2) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas''. 6ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 79. | ||
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:"A realidade é mais do que nossos [[sentidos]] alcançam, portanto, mais do que a [[medida]] de nossa visão ou densidade de nossa audição. A realidade é trânsito que se desapega do estático para se fundar no extático, ainda que confundida com a solidez do [[cotidiano]] mal interpretado; é a impossibilidade de ser abrangida numa definição. Neste caso, qualquer tentativa de fazê-lo é já uma investida passada, radicada na derrota de um [[ensaio]] conceitual, antes mesmo de sobressaltar a voz e ganhar a fala" (1). | :"A realidade é mais do que nossos [[sentidos]] alcançam, portanto, mais do que a [[medida]] de nossa visão ou densidade de nossa audição. A realidade é trânsito que se desapega do estático para se fundar no extático, ainda que confundida com a solidez do [[cotidiano]] mal interpretado; é a impossibilidade de ser abrangida numa definição. Neste caso, qualquer tentativa de fazê-lo é já uma investida passada, radicada na derrota de um [[ensaio]] conceitual, antes mesmo de sobressaltar a voz e ganhar a fala" (1). | ||
Edição de 07h40min de 28 de fevereiro de 2011
1
- Há duas formas correntes e contraditórias de con-ceber a realidade. Pela primeira ela é o resultado do que nossos sentidos per-cebem. Pela segunda ela depende de alguma teoria, racional ou criacionista. Tenta-se unir num terceiro módulo estas duas, seja dialeticamente, seja cientificamente. No entanto, a verdade é muito simples: Realidade é o que não cessa de vigorar e se dá a nós como acontecer poético. A realidade nunca depende, como se crê normalmente de uma conceção. Ela simplesmente vigora acontecendo. Ela, portanto, é um incessante poietizar ou popularmente poetar.
2
- "Pois a realidade é apenas um conceito, ou um princípio, e por realidade quero dizer todo o sistema de valores conectado com este princípio" (1). Logo a seguir define Real como algo metafísico de causas e efeitos. Mas se esse é o real metafísico o que é o real não metafísico? Ou, em sentido grego, o que é a phýsis? Como pensar a realidade ou a hiper-realidade sem pensar a phýsis? Realidade como hiper-realidade - paroxismo e paródia ao mesmo tempo. "Ela aceita todo tipo de interpretação porque ela não faz mais sentido..." (2).
- Referências:
- (1) BAUDRILLARD, Jean. A ilusão vital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 69.
- (2) Idem, p. 83.
3
- Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa complexidade pode ser pensada a partir do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se" (1), onde a realidade é a tensão no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do real ou natureza e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se retrai. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da identidade, onde cada coisa não é somente ela mesma, por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: hen panta. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o horizonte em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" (2). O "hen panta" a que Leão se reporta é o núcleo do fragmento 50 de Heráclito. Por este fragmento também podemos pensar a noite como sendo o silêncio falante do lógos.
- Referências:
- (1) HERÁCLITO et alii. Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991.
- (2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 84.
4
- "A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da realidade. Toda realidade é unidade de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais simples e do mais complexo, toda unidade é sem dobras, e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7letras, 2005, p. 53.
- Ver também:
5
- Realidade não é só o que se vê ou sente. Realidade é propriamente a vigência do vigente que se dando como ver, sentir, criar e crer permanentemente se retrai e vela. Mesmo do que se dá a ver e sentir, vemos e sentimos muito pouco. Por isso mesmo, a vigência do vigente é muito mais do que o consciente e do que o inconsciente. Realidade como vigência do vigente é o ser e o nada do abismal mistério: amor.
6
- "O sentido da realidade é uma questão de talento. Para a maioria das pessoas falta esse talento... e talvez seja melhor assim..." (1). Não só a realidade de cada um é uma questão de dávida da vida, também a dávida do sentido da realidade é um dom, que se recebeu ou não. Cabe a cada um com simplicidade acolher esse dom e não exigir dos outros o que não recebeu, porque o sentido da realidade não é algo que se consiga pelo uso da razão. Alguém pode ser muito erudito e racional e não ter o dom do sentido da realidade. Os antigos diziam que esse sentido da realidade é uma questão de destino, assim como ser um Beethoven, um Bach, um Sófocles, um Guimarães Rosa, é uma questão de destino. Friedrich Hölderlin para assinalar esse destino nele afirmou num momento de grande lucidez e loucura: "Apolo me feriu". Àquele que foi ferido pelo sentido não cabe deixar de cumprir o destino, que não pode ser confundido com "radicalismo" conceitual e doutrinal. Se então há radicalismo, é o radicalismo das questões. E estas é que nos têm, como o destino. O sentido da realidade é o originário da realidade se manifestando. Sentido da realidade é o saber da realidade. Em Grande sertão: veredas, João Guimarães Rosa também se refere a esta questão do sentido da realidade, que ele denomina, ser-tão, dizendo: "Sendo isto. Ao doido doideiras digo...Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei...Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas - e só essas poucas veredas, veredazinhas" (2). Por que para a maioria das pessoas falta o sentido da realidade não cabe a nós indagar.
- Referências:
- (1) BERGMAN, Ingmar. No filme Sonata de outono.
- (2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 79.
7
- "A realidade é mais do que nossos sentidos alcançam, portanto, mais do que a medida de nossa visão ou densidade de nossa audição. A realidade é trânsito que se desapega do estático para se fundar no extático, ainda que confundida com a solidez do cotidiano mal interpretado; é a impossibilidade de ser abrangida numa definição. Neste caso, qualquer tentativa de fazê-lo é já uma investida passada, radicada na derrota de um ensaio conceitual, antes mesmo de sobressaltar a voz e ganhar a fala" (1).
- Referência:
- (1) PESSANHA, Fábio Santana. "Homem: corpo insólito". In: GARCÍA, Flavio; PINTO, Marcello de Oliveira; MICHELLI, Regina (orgs.). O insólito e seu duplo – Anais do VI Painel Reflexões sobre o Insólito na narrativa ficcional/ I Encontro Regional Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010, p. 143.