Mater
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: A [[mulher]], como verdadeira [[obra]] poética criativa, precisa para [[procriar]] ser desvirginizada desvelando a [[fonte]] da [[vida]], da [[maternidade]]. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (''[[aletheia]]''). Todo [[procriar]] é um [[acontecer]] da [[maternidade]]: [[milagre]] do [[mistério]] [[extraordinário]] que é o [[procriar]], o dar à [[luz]]. A pura [[possibilidade]] que a virgindade como [[velamento]] contém em-si pode tornar a [[mulher]] a [[mãe]] de muitos filhos, continuando o [[milagre]] da [[vida]] como [[permanência]] da [[vida]] e desafio da [[morte]]. [[Vida]] e [[morte]]: faces do [[mesmo]] [[acontecer]]. Todo [[nascimento]] de uma [[criança]] reinaugura o [[mundo]] diante da [[morte]] e é, portanto, um desvirginizar, porque é fazer o [[nada]] ser criativo, [[fonte]] de todas as [[possibilidades]]. Nesse sentido, a [[mulher]] se torna [[mãe]], porque nela acontece a [[maternidade]], o [[ser]] o [[lugar]] do [[procriar]], do [[gerar]] filhos. E só acontece na [[mulher]], pois é [[próprio]] do [[feminino]], ou seja, nela acontece ''[[Eros]]''. Este acontecendo na [[mulher]] torna-a tanto mais [[humana]] quanto mais [[divina]]. Em verdade, ela co-participar da [[essência]] de ''[[Eros]]''. É neste [[sentido]] que falamos do [[amor]] maternal, tão radical quanto o [[ser]] [[mãe]]. | : A [[mulher]], como verdadeira [[obra]] poética criativa, precisa para [[procriar]] ser desvirginizada desvelando a [[fonte]] da [[vida]], da [[maternidade]]. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (''[[aletheia]]''). Todo [[procriar]] é um [[acontecer]] da [[maternidade]]: [[milagre]] do [[mistério]] [[extraordinário]] que é o [[procriar]], o dar à [[luz]]. A pura [[possibilidade]] que a virgindade como [[velamento]] contém em-si pode tornar a [[mulher]] a [[mãe]] de muitos filhos, continuando o [[milagre]] da [[vida]] como [[permanência]] da [[vida]] e desafio da [[morte]]. [[Vida]] e [[morte]]: faces do [[mesmo]] [[acontecer]]. Todo [[nascimento]] de uma [[criança]] reinaugura o [[mundo]] diante da [[morte]] e é, portanto, um desvirginizar, porque é fazer o [[nada]] ser criativo, [[fonte]] de todas as [[possibilidades]]. Nesse sentido, a [[mulher]] se torna [[mãe]], porque nela acontece a [[maternidade]], o [[ser]] o [[lugar]] do [[procriar]], do [[gerar]] filhos. E só acontece na [[mulher]], pois é [[próprio]] do [[feminino]], ou seja, nela acontece ''[[Eros]]''. Este acontecendo na [[mulher]] torna-a tanto mais [[humana]] quanto mais [[divina]]. Em verdade, ela co-participar da [[essência]] de ''[[Eros]]''. É neste [[sentido]] que falamos do [[amor]] maternal, tão radical quanto o [[ser]] [[mãe]]. | ||
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Edição de 15h41min de 7 de Setembro de 2018
1
- "O que é matéria? É necessário desfazer-se do seu significado banal. A Física Quântica tematiza isto muito bem e não é algo fácil, nem para ela. De qualquer modo, matéria tem o mesmo radical da palavra latina mater, mãe (princípio de geração)" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In: -------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 221.
2
- A mulher, como verdadeira obra poética criativa, precisa para procriar ser desvirginizada desvelando a fonte da vida, da maternidade. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (aletheia). Todo procriar é um acontecer da maternidade: milagre do mistério extraordinário que é o procriar, o dar à luz. A pura possibilidade que a virgindade como velamento contém em-si pode tornar a mulher a mãe de muitos filhos, continuando o milagre da vida como permanência da vida e desafio da morte. Vida e morte: faces do mesmo acontecer. Todo nascimento de uma criança reinaugura o mundo diante da morte e é, portanto, um desvirginizar, porque é fazer o nada ser criativo, fonte de todas as possibilidades. Nesse sentido, a mulher se torna mãe, porque nela acontece a maternidade, o ser o lugar do procriar, do gerar filhos. E só acontece na mulher, pois é próprio do feminino, ou seja, nela acontece Eros. Este acontecendo na mulher torna-a tanto mais humana quanto mais divina. Em verdade, ela co-participar da essência de Eros. É neste sentido que falamos do amor maternal, tão radical quanto o ser mãe.
3
- O destino que somos nos é destinado na linguagem, pois é a linguagem que fala, não o ser humano, em sua língua. Esta e cada falante só falam porque já vigoram na linguagem. Assim como cada mãe-mulher só gesta seus filhos porque já lhe foi dada a possibilidade de gestar. Ela não cria a Vida. Esta é que a cria e a faz ser mulher-mãe. Sem linguagem não há matéria/mãe criativa. Do mesmo modo é a linguagem que cria os mitos e, portanto, cria as obras de arte, todas as obras de arte.