Pecado
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :"Solidão e pecado original se identificam. E saúde e comunhão voltam a ser termos sinônimos, só que situados num passado remoto. Constituem a idade de ouro, reino vivido antes da história e que talvez possa ser atingido se demolirmos o cárcere do tempo. Nasce assim, com a consciência do pecado, a necessidade da [[redenção]]. E esta origina a do [[redentor]]" (1). | + | == 1 == |
+ | : "[[Solidão]] e [[pecado]] [[original]] se identificam. E [[saúde]] e [[comunhão]] voltam a [[ser]] termos [[sinônimos]], só que situados num [[passado]] remoto. Constituem a [[idade de ouro]], [[reino]] [[vivido]] antes da [[história]] e que talvez possa ser atingido se demolirmos o cárcere do [[tempo]]. [[Nasce]] assim, com a [[consciência]] do [[pecado]], a [[necessidade]] da [[redenção]]. E esta [[origina]] a do [[redentor]]" (1). | ||
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- | :(1) PAZ, Octavio.''O labirinto da solidão e post.scriptum''. 2.e. Trad. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 186. | + | : (1) PAZ, Octavio.'''O labirinto da solidão e post.scriptum'''. 2.e. Trad. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 186. |
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+ | : [[Culpa]] é uma [[palavra]] que aparece muito, mas de difícil [[compreensão]], quando se tenta defini-la. [[Diz-se]] que a [[culpa]] resulta de um [[pecado]]. Claro, têm [[significados]] parecidos, mas [[essencialmente]] [[diferentes]], pois [[pecado]] diz respeito ao não [[cumprimento]] de uma [[lei]] ou [[prescrição]] [[religiosa]]. Deve-se notar que não é em todas as [[religiões]] que se fala de [[pecado]]. A [[culpa]] está [[sempre]] ligada ao [[poder]] da [[vontade]] [[humana]]. Embora conheça a [[interdição]] de determinada [[ação]], assim mesmo o [[ser humano]] a pratica, causando [[sofrimento]] em alguém e em si mesmo, [[aparecendo]] depois o [[remorso]]. A [[culpa]] decorre do [[mal]] causado e devido à [[ação]] da [[vontade]] [[humana]]. Não [[podemos]] [[esquecer]] de que também [[podemos]] ligar a [[culpa]] ou [[pecado]] a uma [[transgressão]] da [[lei]] [[ético]] que rege todas as [[ações]] [[humanas]]e que é da [[essência]] de [[todo]] [[ser humano]]. Outro [[aspecto]] da [[culpa]] está ligado ao [[sofrimento]] de quem a pratica. Mais do que [[externo]], este [[sofrimento]] é [[interno]] e [[profundo]], atingindo o [[próprio]] [[ser]] de quem a [[pratica]]. Acrescente-se que esse [[sofrimento]] é [[misterioso]] e nos acompanha até nos [[podermos]] [[livrar]] da [[culpa]]. A [[culpa]] [[atua]] muitas vezes de modo [[inconsciente]]. Daí surge a contraface do [[pecado]]: a [[necessidade]] da confissão (ou análise), [[provocando]] um [[profundo]] [[alívio]] [[interno]], uma vez que há a [[intervenção]] de um [[poder]] [[divino]]. Por todos esses [[aspectos]], essas [[questões]] remetem [[sempre]] para a [[essência]] do [[agir]]. | ||
+ | : Quanto ao [[aspecto]] [[religioso]], deve-se ter em [[mente]] que também nele não podemos [[ofender]] a [[Deus]], por um [[motivo]] [[simples]]: [[Deus]] é [[perfeição]] e jamais o [[podemos]] [[ofender]]; [[podemos]], sim, [[ofender]] a nós [[mesmos]] no que cada um de nós tem de [[divino]] ou [[sagrado]]. | ||
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Edição atual tal como 20h51min de 31 de março de 2024
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- "Solidão e pecado original se identificam. E saúde e comunhão voltam a ser termos sinônimos, só que situados num passado remoto. Constituem a idade de ouro, reino vivido antes da história e que talvez possa ser atingido se demolirmos o cárcere do tempo. Nasce assim, com a consciência do pecado, a necessidade da redenção. E esta origina a do redentor" (1).
- Referência:
- (1) PAZ, Octavio.O labirinto da solidão e post.scriptum. 2.e. Trad. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 186.
- Ver também:
2
- Culpa é uma palavra que aparece muito, mas de difícil compreensão, quando se tenta defini-la. Diz-se que a culpa resulta de um pecado. Claro, têm significados parecidos, mas essencialmente diferentes, pois pecado diz respeito ao não cumprimento de uma lei ou prescrição religiosa. Deve-se notar que não é em todas as religiões que se fala de pecado. A culpa está sempre ligada ao poder da vontade humana. Embora conheça a interdição de determinada ação, assim mesmo o ser humano a pratica, causando sofrimento em alguém e em si mesmo, aparecendo depois o remorso. A culpa decorre do mal causado e devido à ação da vontade humana. Não podemos esquecer de que também podemos ligar a culpa ou pecado a uma transgressão da lei ético que rege todas as ações humanase que é da essência de todo ser humano. Outro aspecto da culpa está ligado ao sofrimento de quem a pratica. Mais do que externo, este sofrimento é interno e profundo, atingindo o próprio ser de quem a pratica. Acrescente-se que esse sofrimento é misterioso e nos acompanha até nos podermos livrar da culpa. A culpa atua muitas vezes de modo inconsciente. Daí surge a contraface do pecado: a necessidade da confissão (ou análise), provocando um profundo alívio interno, uma vez que há a intervenção de um poder divino. Por todos esses aspectos, essas questões remetem sempre para a essência do agir.
- Quanto ao aspecto religioso, deve-se ter em mente que também nele não podemos ofender a Deus, por um motivo simples: Deus é perfeição e jamais o podemos ofender; podemos, sim, ofender a nós mesmos no que cada um de nós tem de divino ou sagrado.