Figura

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:No substituir a figura pela forma e no poder mostrar que o fingere como ''poíesis'' é uma doação do vazio e do silêncio como fala/música, não se trata de uma simples substituição, pois a figura vai indicar nessa tensão o "entre", fonte do paradoxo de limite e não-limite. Do vazio como "entre" surge a "questão". Por isso é necessário falar de figura ou figuração, sempre no horizonte da questão, pois esta dá sempre a tensão "entre" ser e ente. Não sendo ente é o vazio, o silêncio ou a linguagem. Por isso, toda figura é sempre questão. Mas há a questão explícita e implícita. Explícita é quando se manifesta numa pergunta o sentido que implica determinada "figura". P. ex. Édipo. Implícita é o próprio sentido de Édipo em seu percurso/travessia como verbo/linguagem, vigorando no vigor do poético, onde fica bem claro, pelo "ato" final de arrancar os olhos, a tensão de limite (do ver) e não-ver (entrever). O "entre" deixa de ser "entre" quando Édipo mergulha no silêncio e no não-ver. Mas este não é negação do ente, mas a figura chegando à en-teléquia, so desabrochar pleno, ao "terceiro olho", à terceira margem do rio, à esfericidade enquanto plenitude. A figura aqui tratada não é, pois, uma figura retórica, lógica, gramatical. É sempre figura-questão. É Verbo-Linguagem, Mundo, Memória.
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: No substituir a [[figura]] pela [[forma]] e no poder mostrar que o ''fingere'' como ''[[poíesis]]'' é uma [[doação]] do [[vazio]] e do [[silêncio]] como [[fala]] / [[música]], não se trata de uma simples substituição, pois a [[figura]] vai indicar nessa tensão o [[entre]], [[fonte]] do [[paradoxo]] de [[limite]] e [[não-limite]]. Do [[vazio]] como [[entre]] surge a [[questão]]. Por isso é necessário falar de [[figura]] ou [[figuração]], sempre no [[horizonte]] da [[questão]], pois esta dá sempre a [[tensão]] [[entre]] [[ser]] e [[ente]]. Não sendo [[ente]] é o [[vazio]], o [[silêncio]] ou a [[linguagem]]. Por isso, toda [[figura]] é sempre uma [[questão]]. Mas há a [[questão]] explícita e a implícita. Explícita é quando se manifesta numa [[pergunta]] o [[sentido]] que implica determinada [[figura]]. Por exemplo, [[Édipo]]. Implícita é o próprio [[sentido]] de [[Édipo]] em seu [[percurso]]/[[travessia]] como [[verbo]]/[[linguagem]], vigorando no [[vigor]] do [[poético]], onde fica bem claro, pelo "[[ato]]" final de arrancar seus [[olhos]], a tensão de [[limite]] (do [[ver]]) e [[não-ver]] (entrever). O [[entre]] deixa de [[ser]] [[entre]] quando [[Édipo]] mergulha no [[silêncio]] e no [[não-ver]]. Mas este não é [[negação]] do [[ente]], mas a [[figura]] chegando à [[enteléquia]], ao desabrochar [[pleno]], ao "terceiro [[olho]]", à terceira margem do [[rio]], à esfericidade enquanto [[plenitude]]. A [[figura]] aqui tratada não é, pois, uma [[figura]] [[retórica]], [[lógica]], [[gramática|gramatical]]. É sempre [[figura]]-[[questão]]. É [[Verbo]]-[[Linguagem]]/''[[Logos]]'', [[Mundo]], [[Memória]]. A [[figura]] também é pensada como [[imagem-questão]], daí também podermos [[falar]] em [[figura-questão]].
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: A [[questão]] da [[forma]] deve sair do âmbito do [[fundamentar]] e ser posta no âmbito do [[fundar]]. Então acontece que propriamente não há [[forma]], mas [[figura]], tendo como [[origem]] o [[verbo]] latino ''fingere'' ([[figurar]], fingir, [[educar]]). Este indica o deixar [[agir]] do [[agir]] se dando em [[figuras]]. O [[figurar]] os [[gregos]] o pensaram na [[palavra]] ''[[morphé]]'', o advir de algo à [[plenitude]], [[sentido]] e [[verdade]] de seu [[ser]]. Isto é [[figura]]. Isso é [[forma poética]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição atual tal como 03h10min de 8 de Dezembro de 2024

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No substituir a figura pela forma e no poder mostrar que o fingere como poíesis é uma doação do vazio e do silêncio como fala / música, não se trata de uma simples substituição, pois a figura vai indicar nessa tensão o entre, fonte do paradoxo de limite e não-limite. Do vazio como entre surge a questão. Por isso é necessário falar de figura ou figuração, sempre no horizonte da questão, pois esta dá sempre a tensão entre ser e ente. Não sendo ente é o vazio, o silêncio ou a linguagem. Por isso, toda figura é sempre uma questão. Mas há a questão explícita e a implícita. Explícita é quando se manifesta numa pergunta o sentido que implica determinada figura. Por exemplo, Édipo. Implícita é o próprio sentido de Édipo em seu percurso/travessia como verbo/linguagem, vigorando no vigor do poético, onde fica bem claro, pelo "ato" final de arrancar seus olhos, a tensão de limite (do ver) e não-ver (entrever). O entre deixa de ser entre quando Édipo mergulha no silêncio e no não-ver. Mas este não é negação do ente, mas a figura chegando à enteléquia, ao desabrochar pleno, ao "terceiro olho", à terceira margem do rio, à esfericidade enquanto plenitude. A figura aqui tratada não é, pois, uma figura retórica, lógica, gramatical. É sempre figura-questão. É Verbo-Linguagem/Logos, Mundo, Memória. A figura também é pensada como imagem-questão, daí também podermos falar em figura-questão.


- Manuel Antônio de Castro

2

A questão da forma deve sair do âmbito do fundamentar e ser posta no âmbito do fundar. Então acontece que propriamente não há forma, mas figura, tendo como origem o verbo latino fingere (figurar, fingir, educar). Este indica o deixar agir do agir se dando em figuras. O figurar os gregos o pensaram na palavra morphé, o advir de algo à plenitude, sentido e verdade de seu ser. Isto é figura. Isso é forma poética.


- Manuel Antônio de Castro
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