Criar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Criar]] é lutar. E lutar é descer ao âmago da [[dor]] do [[humano]], aos seus [[limites]] e deixar surgir a [[ânsia]] de não simplesmente repetir os antepassados, as [[obras]] que se tornaram [[memória]]. Sem essa ultrapassagem, não dos ancestrais como tais, mas dos [[limites]], não há [[criação]]. Com os ancestrais o [[poeta]] e [[pensador]] precisam e devem [[dialogar]]. De dentro dos [[limites]] deve gritar de [[dor]] numa [[ascese]] de [[renúncia]] para ascender além dos [[limites]] do [[homem]] e abrir-se, no [[livre]] [[aberto]] do [[sagrado]], para o [[humano]] [[libertador]]. Por isso, enquanto [[fundar]], o [[criar]] e a [[criação]] estão fundamentalmente ligados ao [[princípio]] [[feminino]]. Há uma ligação [[poética]] e [[essencial]] [[entre]] o [[criar]] [[poético]] e o [[criar]] a [[vida]]. Tanto o [[homem]] como todo e qualquer [[ser]] [[vivente]], bem como qualquer [[criação]] [[artística]] ou [[obra]], são [[criaturas]].
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: O [[homem]] [[moderno]] criará a partir da [[imaginação]]. Contudo, para isto haverá uma profunda [[transformação]]. E a grande [[metáfora]] para indicar e conduzir esta [[mudança]] será o [[universo]] como um gigantesco relógio. Nesta [[mudança]] o [[Ser]] é substituído pelo [[Tempo]], mas agora um [[tempo]] que pode ser [[conhecido]], [[medido]] e até se podem efetuar [[intervenções]], [[fundamentadas]], claro, desde então, nesse novo [[conhecimento]] que passou a ser denominado [[científico]], porque [[objetivo]]. E desde então só será [[verdadeiro]] o que for [[científico]]. A prática vai levar a [[metáfora]] do relógio/[[tempo]] para todas as esferas da [[realidade]]/[[natureza]]. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da [[preocupação]] [[ontológica]] com ''o que é'' e o foco único ''no como é'', mas não mais relacionado a ''o que é''. Agora ''o como é'' diz respeito a ''o como se conhece''. É este em última [[instância]] que determina [[tudo]], pois [[tudo]] será [[objeto]] do [[conhecimento]] que se torna o [[verdadeiro]] [[sujeito]], o [[verdadeiro]] “[[criador]]”. Um tal conhecimento é exercido pela [[razão]] [[crítica]], que se fundamenta na ''Razão Crítica'' de Kant.  
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: O [[homem]] [[moderno]] criará a partir da [[imaginação]]. Contudo, para isto haverá uma profunda [[transformação]]. E a grande [[metáfora]] para indicar e conduzir esta [[mudança]] será o [[universo]] como um gigantesco relógio. Nesta [[mudança]] o [[Ser]] é substituído pelo [[Tempo]], mas agora um [[tempo]] que pode ser [[conhecido]], [[medido]] e até se podem efetuar [[intervenções]], [[fundamentadas]], claro, desde então, nesse novo [[conhecimento]] que passou a ser denominado [[científico]], porque [[objetivo]]. E desde então só será [[verdadeiro]] o que for [[científico]]. A prática vai levar a [[metáfora]] do relógio/[[tempo]] para todas as esferas da [[realidade]]/[[natureza]]. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da [[preocupação]] [[ontológica]] com ''o que é'' e o foco único ''no como é'', mas não mais relacionado a ''o que é''. Agora ''o como é'' diz respeito a ''o como se conhece''. É este em última [[instância]] que determina [[tudo]], pois [[tudo]] será [[objeto]] do [[conhecimento]] que se torna o [[verdadeiro]] [[sujeito]], o [[verdadeiro]] “[[criador]]”. Um tal [[conhecimento]] é exercido pela [[razão]] [[crítica]], que se fundamenta na '''Razão Crítica''' de Kant.  
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]].

Edição atual tal como 18h22min de 6 de fevereiro de 2025

1

Criar é lutar. E lutar é descer ao âmago da dor do humano, aos seus limites e deixar surgir a ânsia de não simplesmente repetir os antepassados, as obras que se tornaram memória. Sem essa ultrapassagem, não dos ancestrais como tais, mas dos limites, não há criação. Com os ancestrais o poeta e pensador precisam e devem dialogar. De dentro dos limites deve gritar de dor numa ascese de renúncia para ascender além dos limites do homem e abrir-se, no livre aberto do sagrado, para o humano libertador. Por isso, enquanto fundar, o criar e a criação estão fundamentalmente ligados ao princípio feminino. Há uma ligação poética e essencial entre o criar poético e o criar a vida. Tanto o homem como todo e qualquer ser vivente, bem como qualquer criação artística ou obra, são criaturas.


- Manuel Antônio de Castro.

2

Criar é ter compromisso com a vida.


- Manuel Antônio de Castro.

3

O homem moderno criará a partir da imaginação. Contudo, para isto haverá uma profunda transformação. E a grande metáfora para indicar e conduzir esta mudança será o universo como um gigantesco relógio. Nesta mudança o Ser é substituído pelo Tempo, mas agora um tempo que pode ser conhecido, medido e até se podem efetuar intervenções, fundamentadas, claro, desde então, nesse novo conhecimento que passou a ser denominado científico, porque objetivo. E desde então só será verdadeiro o que for científico. A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece. É este em última instância que determina tudo, pois tudo será objeto do conhecimento que se torna o verdadeiro sujeito, o verdadeirocriador”. Um tal conhecimento é exercido pela razão crítica, que se fundamenta na Razão Crítica de Kant.


- Manuel Antônio de Castro.
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