Ordem

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(Criou página com '== 1 == : "Zeus, na sua união com ''Thêmis'' (Lei Ancestral, Ordem) gera a Ordenação interior de seu reinado, a Ordem em todos os seus aspectos, pois dess...')
(1)
 
(2 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
== 1 ==
== 1 ==
-
: "[[Zeus]], na sua união com ''[[Thêmis]]'' (Lei Ancestral, [[Ordem]]) gera a [[Ordenação]] interior de seu reinado, a [[Ordem]] em todos os seus aspectos, pois dessa união nascem suas filhas ''[[Hôrai]]'' e ''[[Môirai]]'', que dosam e regram a distribuição de [[bem]] e de [[mal]]. Isto é possível porque de uma outra união, com ''[[Mêtis]]'' ([[sapiência]], [[saber]] e [[sabedoria]]), ele incorpora toda a [[sabedoria]], que lhe assegura um [[poder]] sobre o imprevisível, pois com ''[[Mêtis]]'' ele conhece o [[bem]] e o [[mal]], cambiante e instável como a [[natureza]] do [[mar]], onde todos, como [[eternos]] [[Ulisses]], fazemos a [[caminhada]] de [[travessia]]" (1).
+
: "[[Zeus]], na sua união com ''[[Thêmis]]'' (Lei Ancestral, [[Ordem]]) gera a [[Ordenação]] interior de seu reinado, a [[Ordem]] em todos os seus [[aspectos]], pois dessa união nascem suas filhas ''[[Hôrai]]'' e ''[[Môirai]]'', que dosam e regram a distribuição de [[bem]] e de [[mal]]. Isto é [[possível]] porque de uma outra união, com ''[[Mêtis]]'' ([[sapiência]], [[saber]] e [[sabedoria]]), ele incorpora toda a [[sabedoria]], que lhe assegura um [[poder]] sobre o [[imprevisível]], pois com ''[[Mêtis]]'' ele conhece o [[bem]] e o [[mal]], cambiante e instável como a [[natureza]] do [[mar]], onde todos, como [[eternos]] [[Ulisses]], fazemos a [[caminhada]] de [[travessia]]" (1).
: Referência:
: Referência:
   
   
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.
 +
 
 +
== 2 ==
 +
: "[[Ulisses]] se dimensiona pelo [[destino]], porque ao mesmo [[tempo]] em que pode afirmar o seu [[querer]], deve igualmente negá-lo, pois tem que ficar amarrado, preso, [[limitado]]. É nessa duplicidade ambígua de [[ações]] que [[Ulisses]] pode [[realizar]] a [[Escuta]]. E ele obedece à [[orientação]] de [[Circe]].
 +
 
 +
: “''[[Obedecer]] não é cumprir [[ordens]]. É ''ob-audire'', ser todo [[escuta]] de [[vigor]] desta [[liberdade]]”'' (1).
 +
 
 +
: Só por [[obedecer]] é que [[Ulisses]] se pode [[libertar]] para a [[Escuta]]. Aparentemente, o importante não são as [[Sereias]], mas a [[palavra cantada]]. Na [[realidade]] não há [[separação]], as [[Sereias]] são a própria [[palavra cantada]]. O [[perigo]] está na [[Escuta]]. É nela que o [[destino]] se destina" (2).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar I''. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 239.
 +
 +
: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 173.

Edição atual tal como 13h45min de 8 de fevereiro de 2024

1

"Zeus, na sua união com Thêmis (Lei Ancestral, Ordem) gera a Ordenação interior de seu reinado, a Ordem em todos os seus aspectos, pois dessa união nascem suas filhas Hôrai e Môirai, que dosam e regram a distribuição de bem e de mal. Isto é possível porque de uma outra união, com Mêtis (sapiência, saber e sabedoria), ele incorpora toda a sabedoria, que lhe assegura um poder sobre o imprevisível, pois com Mêtis ele conhece o bem e o mal, cambiante e instável como a natureza do mar, onde todos, como eternos Ulisses, fazemos a caminhada de travessia" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.

2

"Ulisses se dimensiona pelo destino, porque ao mesmo tempo em que pode afirmar o seu querer, deve igualmente negá-lo, pois tem que ficar amarrado, preso, limitado. É nessa duplicidade ambígua de ações que Ulisses pode realizar a Escuta. E ele obedece à orientação de Circe.
Obedecer não é cumprir ordens. É ob-audire, ser todo escuta de vigor desta liberdade (1).
Só por obedecer é que Ulisses se pode libertar para a Escuta. Aparentemente, o importante não são as Sereias, mas a palavra cantada. Na realidade não há separação, as Sereias são a própria palavra cantada. O perigo está na Escuta. É nela que o destino se destina" (2).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 239.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 173.
Ferramentas pessoais