Acontecer

De Dicionário de Poética e Pensamento

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:"[[História]], entendida como acontecer, é o [[agir]] e sofrer pelo [[presente]], determinado pelo futuro e que assume o pretérito vigente" (1).
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: "[[História]], entendida como [[acontecer]], é o [[agir]] e sofrer pelo [[presente]], determinado pelo [[futuro]] e que assume o pretérito vigente" (1). E é nesse [[horizonte]] de [[dar-se]] e [[velar-se]] que deve ser pensada cada [[época]] e, evidente, o suceder, [[acontecer]] das [[épocas]]. Estas desenham o [[horizonte]] de toda possível [[historiografia]], caso contrário, não poderia haver [[historiografia]], pois não seria possível [[apreender]] o [[sentido]] do acontecer que as funda: [[ser]] e [[tempo]], sem os quais não podem ser pensadas as [[épocas]] e, portanto, a [[historiografia]] e a [[cronologia]], uma mera contagem e datação de datas.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Introdução à metafísica''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 70.
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Introdução à metafísica''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 70.
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Edição de 14h53min de 21 de Outubro de 2017

1

"História, entendida como acontecer, é o agir e sofrer pelo presente, determinado pelo futuro e que assume o pretérito vigente" (1). E é nesse horizonte de dar-se e velar-se que deve ser pensada cada época e, evidente, o suceder, acontecer das épocas. Estas desenham o horizonte de toda possível historiografia, caso contrário, não poderia haver historiografia, pois não seria possível apreender o sentido do acontecer que as funda: ser e tempo, sem os quais não podem ser pensadas as épocas e, portanto, a historiografia e a cronologia, uma mera contagem e datação de datas.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 70.

2

"Que devemos fazer quando a questão tem um caráter histórico? Que significa aqui "histórico"? Em primeiro lugar, afirmamos somente que a resposta provisória à questão acerca da coisa provém de um tempo anterior, já passado [...]. Porque qualquer referência ao passado, bem como aos níveis elementares da questão acerca da coisa, tratam de outra coisa, que permanece na imobilidade: esta forma de referência histórica é, expressamente, uma suspensão da história – ao passo que esta é, sempre um acontecer. Perguntamos historicamente quando perguntamos pelo que ainda acontece, mesmo quando tal dá a aparência de já ter passado. Perguntamos pelo que ainda acontece se permanecermos à altura desse acontecer, de modo que, primeiro, ele se possa manifestar" (1).


Referência:
(1)HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa? Lisboa: Edições 70, 1992, p. 49.

3

Acontecer é deixar-se ser inteiro e estar dentro e fora, além e aquém do tempo cronológico, pois acontecer é o vigorar do tempo sendo.


- Manuel Antônio de Castro


4

"Agora, eu, eu sei como tudo é: as coisas que acontecem, é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar, no sabugo da unha; e com efeito tudo é grátis quando sucede, no reles do momento" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6.e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, 331.


5

Acontecer: incessante manifestar-se em mundo do sentido, da verdade, da linguagem do extraordinário.


- Manuel Antônio de Castro


6

"Se em nós há procura incessante, e há, isso diz que o nosso não-ser é o vigorar do acontecer, no sentido em que o poeta-pensador Rosa nos faz pensar, conforme já citamos: “Aquilo que não havia, acontecia†(1). O acontecer se dá sempre na terceira margem do rio. Então, o não-ser de cada sendo vigora no nada acontecendo" (2).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. "A terceira margem do rio". In: -------. Primeiras estórias, 3. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 33.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 218.

7

"O vigorar da inclusão é que faz a proximidade e distância tornarem-se sempre presentes no amar e não parecer no aparecer. É o dar-se da união amorosa. Só há aparência do aparecer quando há o esquecimento do sentido do ser, porque o aparecer se move no plano dos entes. E estes nunca podem fundar ser, porque só este é vigorar, acontecer. Amar é acontecer" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.

8

"Quem diz sentido o faz já no horizonte do vigorar da realidade em linguagem e mundo. Realidade é seu acontecer nas realizações do real. Não há realização do real sem abertura de mundo e verdade, pois todo acontecer da realidade manifesta e vela" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 11.
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