Liminaridade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.
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: O termo [[horizonte]] provém do verbo grego ''horidzo'' e significa [[limitar]]. Ele diz propriamente [[limite]], mas toda [[experiência]] concreta de [[horizonte]], ou seja, na nossa vida cotidiana e de [[acontecimentos]], já nos diz mais do que o simples [[limite]]. Nos diz do [[homem]] em [[liminaridade]], em estado de limiar, pois é impossível falar de [[limite]] sem ao mesmo tempo e tensionalmente sermos lançados no [[não-limite]]. Isso não nos diz imediatamente a [[palavra]] [[limite]] porque não nos damos conta de que só se pode traçar um [[limite]] enquanto [[possibilidade]] efetiva dada pelo [[não-limite]], o [[limite]] é uma oferta do [[não-limite]], na medida em que se dando e podendo [[ser]] posto e pro-posto como [[limite]] se retira e retrai como [[não-limite]]. Este retraimento é toda [[possibilidade]] do [[limite]] se afirmar como [[limite]], de tal maneira que o que é [[próprio]] do [[limite]] é o [[não-limite]], do qual e a partir do qual ele se pode mostrar como o que ele [[é]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 08h25min de 15 de Setembro de 2017

1

"Liminaridade significa aí o estar jogado num projeto de realização do que é a partir do ser. Na liminaridade o agir do ser-humano, e só é agindo, sendo poético, encontra o seu vigor e seu horizonte no ser. Seu agir é, pois, algo entre o agir do ser que nele opera (obra/verdade/poíesis) e o seu agir, enquanto desvelo do que ele é. Essa dupla poíesis é que é o paradoxo, o entre. Ser, então, para o ser-humano é estar e ser entre, permanentemente. Ele é, queira ou não queira, um entre-ser, porque é um ser-do-entre. Realiza-se sempre na e a partir da liminaridade de ón/ente E einai/ser." (1)


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: n. 164, jan.-mar. 2006, p. 25.


2

" Deve [o leitor] deixar cada palavra vir com sua força poética e nela descobrirá algo maravilhoso: que a resposta, qualquer resposta, só é verdadeiramente resposta se recolocar a questão, pois somos radicalmente seres-do-entre, entre pergunta e resposta, entre vida e morte. Vivemos sempre em liminaridade, uma liminaridade em que vigora a essência originária, porque poética, pela qual tanto mais realizamos nossa finitude quanto mais, corajosamente, nos lançamos no não-finito" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.


3

O termo horizonte provém do verbo grego horidzo e significa limitar. Ele diz propriamente limite, mas toda experiência concreta de horizonte, ou seja, na nossa vida cotidiana e de acontecimentos, já nos diz mais do que o simples limite. Nos diz do homem em liminaridade, em estado de limiar, pois é impossível falar de limite sem ao mesmo tempo e tensionalmente sermos lançados no não-limite. Isso não nos diz imediatamente a palavra limite porque não nos damos conta de que só se pode traçar um limite enquanto possibilidade efetiva dada pelo não-limite, o limite é uma oferta do não-limite, na medida em que se dando e podendo ser posto e pro-posto como limite se retira e retrai como não-limite. Este retraimento é toda possibilidade do limite se afirmar como limite, de tal maneira que o que é próprio do limite é o não-limite, do qual e a partir do qual ele se pode mostrar como o que ele é.


- Manuel Antônio de Castro
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