Crença
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. I, Exortação à contemplação de [[Deus]]". Proslógio. In: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 101.''' | : (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. I, Exortação à contemplação de [[Deus]]". Proslógio. In: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 101.''' | ||
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: "Ainda que as [[verdades]] da [[fé]] não sejam demonstráveis, isto é, passíveis de prova, é [[possível]] demonstrar o acerto de se [[crer]] nelas, e essa tarefa cabe à [[razão]]. A [[razão]] relaciona-se, portanto, duplamente com a [[fé]]: precede-a e é sua consequência. É [[necessário]] [[compreender]] para [[crer]] e [[crer]] para [[compreender]] (''Intellige ut credas, crede ut intelligas'') (1). | : "Ainda que as [[verdades]] da [[fé]] não sejam demonstráveis, isto é, passíveis de prova, é [[possível]] demonstrar o acerto de se [[crer]] nelas, e essa tarefa cabe à [[razão]]. A [[razão]] relaciona-se, portanto, duplamente com a [[fé]]: precede-a e é sua consequência. É [[necessário]] [[compreender]] para [[crer]] e [[crer]] para [[compreender]] (''Intellige ut credas, crede ut intelligas'') (1). | ||
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: (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor).''' Santo Agostinho - [[Vida]] e [[Obra]]. Confissões - De Magistro. Coleção: Os [[Pensadores]]. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XIV.''' | : (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor).''' Santo Agostinho - [[Vida]] e [[Obra]]. Confissões - De Magistro. Coleção: Os [[Pensadores]]. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XIV.''' | ||
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- | : "Será que, seres do [[saber]] da [[ciência]], esquecidos do [[sagrado]], em meio à [[vigência]] do [[profano]] e da [[estética]], filhos cooptados pelo [[sistema]] de controle, pela [[sociedade em rede]], pelo [[desejo]] insaciável de novas [[sensações]], não aceitamos mais as [[Sereias]] e também fechamos nossos ouvidos com cera como os companheiros de [[Ulisses]]? Temos os ouvidos surdos para o [[vigorar]] e [[poder]] [[acontecer]] do [[mito]]? Ou nem os fechamos e no [[caminhar]] de nossos passos constatamos que não há [[canto]] e o [[perigo]] [[mortal]] é um blefe? É o que nos quer fazer [[acreditar]] o [[sistema]], porque o [[sistema]] vive da [[crença]]. Esta nos projeta em duas [[ilusões]]. A de que podemos destruir o [[sistema]], como se isso não implicasse na eleição de um [[outro]], talvez pior, porque destrói as [[diferenças]]" (1). | + | : "Será que, seres do [[saber]] da [[ciência]], esquecidos do [[sagrado]], em meio à [[vigência]] do [[profano]] e da [[estética]], filhos cooptados pelo [[sistema]] de controle, pela [[sociedade em rede]], pelo [[desejo]] insaciável de novas [[sensações]], não aceitamos mais as [[Sereias]] e também fechamos nossos ouvidos com cera como os companheiros de [[Ulisses]]? Temos os ouvidos surdos para o [[vigorar]] e [[poder]] [[acontecer]] do [[mito]]? Ou nem os fechamos e no [[caminhar]] de nossos passos constatamos que não há [[canto]] e o [[perigo]] [[mortal]] é um blefe? É o que nos quer fazer [[acreditar]] o [[sistema]], porque o [[sistema]] vive da [[crença]]. Esta nos projeta em duas [[ilusões]]. A de que podemos destruir o [[sistema]], como se isso não implicasse na [[eleição]] de um [[outro]], talvez pior, porque destrói as [[diferenças]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' [[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]. In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 181.''' | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' [[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]. In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 181.''' |
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Tabela de conteúdo |
1
- "Do ponto de vista dos conteúdos vividos, crença diz pulsão de repetir, fé diz constância de relações, teoria diz cálculo de operações. Do ponto de vista das atitudes de andamento, crença inclui adesão, fé implica fidelidade e teoria abrange objetivações. São três vertentes que se excluem mutuamente nos processos de fazer e agir, mas que a vida reúne, dialeticamente, nas posições e situações existenciais" (1).
- Referência:
- - LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Crença, fé e teoria na filosofia". In: Revista Tempo Brasileiro 186, Cláudio Magris: 125-132, jul.-set., 2011, p.129.
2
- "Não tento, ó Senhor, penetrar a tua profundidade: de maneira alguma a minha inteligência amolda-se a ela, mas desejo, ao menos, compreender a tua verdade, que o meu coração crê e ama. Com efeito, não busco compreender para crer, mas creio para compreender. Efetivamente creio, porque, se não cresse, não conseguiria compreender" (1).
- Referência:
- (1) ANSELMO, Santo. "Cap. I, Exortação à contemplação de Deus". Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 101.
3
- "Ainda que as verdades da fé não sejam demonstráveis, isto é, passíveis de prova, é possível demonstrar o acerto de se crer nelas, e essa tarefa cabe à razão. A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé: precede-a e é sua consequência. É necessário compreender para crer e crer para compreender (Intellige ut credas, crede ut intelligas) (1).
- Referência:,
- (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XIV.
4
- "Será que, seres do saber da ciência, esquecidos do sagrado, em meio à vigência do profano e da estética, filhos cooptados pelo sistema de controle, pela sociedade em rede, pelo desejo insaciável de novas sensações, não aceitamos mais as Sereias e também fechamos nossos ouvidos com cera como os companheiros de Ulisses? Temos os ouvidos surdos para o vigorar e poder acontecer do mito? Ou nem os fechamos e no caminhar de nossos passos constatamos que não há canto e o perigo mortal é um blefe? É o que nos quer fazer acreditar o sistema, porque o sistema vive da crença. Esta nos projeta em duas ilusões. A de que podemos destruir o sistema, como se isso não implicasse na eleição de um outro, talvez pior, porque destrói as diferenças" (1).
- Referência: