Criar
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição atual tal como 18h22min de 6 de fevereiro de 2025
1
- Criar é lutar. E lutar é descer ao âmago da dor do humano, aos seus limites e deixar surgir a ânsia de não simplesmente repetir os antepassados, as obras que se tornaram memória. Sem essa ultrapassagem, não dos ancestrais como tais, mas dos limites, não há criação. Com os ancestrais o poeta e pensador precisam e devem dialogar. De dentro dos limites deve gritar de dor numa ascese de renúncia para ascender além dos limites do homem e abrir-se, no livre aberto do sagrado, para o humano libertador. Por isso, enquanto fundar, o criar e a criação estão fundamentalmente ligados ao princípio feminino. Há uma ligação poética e essencial entre o criar poético e o criar a vida. Tanto o homem como todo e qualquer ser vivente, bem como qualquer criação artística ou obra, são criaturas.
2
- Criar é ter compromisso com a vida.
3
- O homem moderno criará a partir da imaginação. Contudo, para isto haverá uma profunda transformação. E a grande metáfora para indicar e conduzir esta mudança será o universo como um gigantesco relógio. Nesta mudança o Ser é substituído pelo Tempo, mas agora um tempo que pode ser conhecido, medido e até se podem efetuar intervenções, fundamentadas, claro, desde então, nesse novo conhecimento que passou a ser denominado científico, porque objetivo. E desde então só será verdadeiro o que for científico. A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece. É este em última instância que determina tudo, pois tudo será objeto do conhecimento que se torna o verdadeiro sujeito, o verdadeiro “criador”. Um tal conhecimento é exercido pela razão crítica, que se fundamenta na Razão Crítica de Kant.