Poeta

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) Ingmar Bergman. No filme ''A ilha de Bergman'', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme ''Confições privadas'', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
: (1) Ingmar Bergman. No filme ''A ilha de Bergman'', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme ''Confições privadas'', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
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: "Todo [[imaginar]] já é um [[pré-compreender]], que nem sempre encontra a sua [[expressão]]. Aí é que, para [[aparecer]], no [[poeta]] [[acontece]] o “lutar com [[palavras]]...”, de que nos [[fala]] o [[poeta]] [[Drummond]] no [[poema]] “O lutador” (DRUMMOND, 1973, 67). E isso ainda é mais [[verdadeiro]] quando sabemos que “[[palavra]]” diz o que faz [[mediação]] [[entre]] [[o que é]] e [[o não é]], [[entre]] o [[limite]] e o [[não-limite]]" (2).
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:  Referência:
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: (1) ANDRADE, Carlos Drummond de. ''Reunião''. 4a. e. Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, p. 67.
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: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 91.

Edição de 15h59min de 19 de fevereiro de 2020

1

"No poético, as línguas são o rito da Linguagem. O mito narrado não é o mito, mas o rito e a língua da Linguagem. Por isso o poético, toda arte, tem origem mítica. E tanto o mito como a arte radicam no sagrado" (1). Martin Heidegger afirma: "O pensador diz o ser, o poeta nomeia o sagrado" (2).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica? - Posfácio (1943)". In: Heidegger - Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 51.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do canto das Sereias". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.

2

"Mas onde a linguagem como linguagem vem à palavra? Raramente, lá onde não encontramos a palavra certa para dizer o que nos concerne, o que nos provoca, oprime ou entusiasma. Nesse momento, ficamos sem dizer o que queríamos dizer e assim, sem nos darmos bem conta, a própria linguagem nos toca, muito de longe, por instantes e fugidiamente, com o seu vigor.
Quando se trata de trazer à linguagem algo que nunca foi dito, tudo fica na dependência de a linguagem conceder ou recusar a palavra apropriada. Um desses casos é o do poeta" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A essência da linguagem". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes; Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 123.

3

"A história literária entendida e realizada a partir das poéticas não oblitera a diferença na identidade, nem a identidade na diferença. Resgata a discursividade do discurso, pois os poetas "dizem sempre o mesmo (das Selbe), isso, no entanto, não significa que dizem sempre coisas iguais (das Gleiche)" (1) (2).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, 1967. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 98.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Edições Antares, 2. e., 1982, p. 140.

4

Concreto, na concepção banalizada é o sensível. Porém, o poeta não existe para usar as palavras em seu sentido corriqueiro e banal. Todo poeta é poeta da palavra" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 89.

5

"Não é de estranhar porque consideramos Heidegger um poeta, um poeta do pensamento e da prosa, um poeta poetando o ato de pensar, um poeta do questionar. E os poetas, com um sexto sentido, mais aguçado, portadores de uma sensibilidade, quiçá, extra-sensorial, captam, percebem o atemporal, o além-do-tempo; além do horizonte, tais grandes poetas são seres-águias que enxergam bem mais longe do que a medianidade geral das demais aves-pessoas" (1).


Referência:
(1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: Revista Tempo Brasileiro, 171 - Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 165.

6

- "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.


7

"Todo imaginar já é um pré-compreender, que nem sempre encontra a sua expressão. Aí é que, para aparecer, no poeta acontece o “lutar com palavras...”, de que nos fala o poeta Drummond no poema “O lutador” (DRUMMOND, 1973, 67). E isso ainda é mais verdadeiro quando sabemos que “palavra” diz o que faz mediação entre o que é e o não é, entre o limite e o não-limite" (2).


Referência:
(1) ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. 4a. e. Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, p. 67.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 91.
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