Fotografia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Fotografia formou-se de duas [[palavras]] gregas: ''phos/photos'', [[luz]], e do verbo ''graphein'', escrever. Porém, só alcançamos o âmbito misterioso da [[luz]] quando a ligamos a outras [[palavras]] gregas, provenientes do mesmo radical: ''ph''. Assim, ''[[physis]]'', o [[vigor]] de todo [[manifestar]]-se que ama [[velar-se]] (traduzida para o latim por ''natura / natureza''). ''Phainomenos'', todo aparecimento ou fenômeno, seja natural ou cultural. Desse modo, ''phos'' vem a ser o [[princípio]] de tudo que é e vem a ser, seja no [[dia]], seja na [[noite]], seja claro, seja escuro, seja [[luminosidade]], seja sombra. Toda a ambiguidade da ''phos'' faz-se presente na fotografia, a fala da [[realidade]] expondo-se e velando-se, que funda todo [[ver]].
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: [[Fotografia]] formou-se de duas [[palavras]] gregas: ''[[phos]]/photos'', [[luz]], e do verbo ''graphein'', escrever. De ''[[phos]]'' também se formou em português a [[palavra]] [[foto]]. Porém, só alcançamos o âmbito misterioso da [[luz]] quando a ligamos a outras [[palavras]] gregas, provenientes do mesmo radical: ''ph''. Assim, ''[[physis]]'', o [[vigor]] de todo [[manifestar]]-se que ama [[velar-se]] (traduzida para o latim por ''natura / natureza''). ''Phainomenos'', todo aparecimento ou [[fenômeno]], seja natural ou cultural. Desse modo, ''[[phos]]'' vem a ser o [[princípio]] de [[tudo]] que [[é]] e vem a [[ser]], seja no [[dia]], seja na [[noite]], seja claro, seja escuro, seja [[luminosidade]], seja sombra. Toda a ambiguidade da ''[[phos]]'' faz-se presente na [[fotografia]], a fala da [[realidade]] expondo-se e velando-se, que funda todo [[ver]].
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:"Que a [[fotografia]] seja uma [[metáfora]] para o [[pensamento]] como [[revelação]], para o abandono da cegueira, eis o ânimo que fez avançar este livro feito de [[ideias]] e [[imagens]], menores, sem dúvida, do que as dúvidas que, sustentando-o, também lhe dão asas para levar o [[leitor]] à venturosa [[viagem]] do [[pensamento]]" (1).
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: (1) TIBURI, Marcia. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. ''Diálogo / fotografia''. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 8.
: (1) TIBURI, Marcia. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. ''Diálogo / fotografia''. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 8.
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: (1) ACHUTTI, Luiz Eduardo.In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. ''Diálogo / fotografia''. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 29.
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: (1) ACHUTTI, Luiz Eduardo. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. ''Diálogo / fotografia''. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 29.
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:"São quatro fotografias completamente diferentes em força e [[significado]]. São quatro  registros que estão a sugerir que o [[tempo]] guarda em si infinitas porções de [[eternidade]]" (1).
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: (1) ACHUTTI, Luiz Eduardo.In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. ''Diálogo / fotografia''. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 101.
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: (1) ACHUTTI, Luiz Eduardo. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. ''Diálogo / fotografia''. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 101.
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: "A [[foto]] não é somente uma ''[[imagem]]'' (o produto de uma [[técnica]] e de uma [[ação]], o resultado de um procedimento e uma habilidade, uma [[figura]] de papel que se olha simplesmente em seu aspecto de objeto terminado); antes de tudo, é também um verdadeiro ''[[ato]]'' icônico, uma [[imagem]], se se quer, porém, como trabalho ''em [[ação]]'', algo que não é possível conceber fora de suas ''[[circunstâncias]]'', fora do ''[[jogo]]'' que a anima, sem literalmente fazer a ''prova''; portanto, algo que é ao mesmo tempo e consubstancialmente uma ''[[imagem]]-[[ato]]'', levando em conta que este '[[ato]]', trivialmente, não se limita somente ao [[gesto]] da ''[[produção]]'' propriamente dita da [[imagem]] (o [[gesto]] da 'tomada'), mas que além disso inclui o [[ato]] de sua ''[[recepção]]'' e de sua ''[[contemplação]]''" (1). (Tradução do espanhol de Manuel Antônio de Castro).
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: (1) DUBOIS, Philippe. ''El acto fotográfico y otr0o ensayos''. Buenos Aires: La Marca Editora, 2008, p. 14.
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: (1) DUBOIS, Philippe. ''El acto fotográfico y otros ensayos''. Buenos Aires: La Marca Editora, 2008, p. 14.

Edição atual tal como 01h30min de 7 de Abril de 2019

Tabela de conteúdo

1

Fotografia formou-se de duas palavras gregas: phos/photos, luz, e do verbo graphein, escrever. De phos também se formou em português a palavra foto. Porém, só alcançamos o âmbito misterioso da luz quando a ligamos a outras palavras gregas, provenientes do mesmo radical: ph. Assim, physis, o vigor de todo manifestar-se que ama velar-se (traduzida para o latim por natura / natureza). Phainomenos, todo aparecimento ou fenômeno, seja natural ou cultural. Desse modo, phos vem a ser o princípio de tudo que é e vem a ser, seja no dia, seja na noite, seja claro, seja escuro, seja luminosidade, seja sombra. Toda a ambiguidade da phos faz-se presente na fotografia, a fala da realidade expondo-se e velando-se, que funda todo ver.


- Manuel Antônio de Castro

2

"Que a fotografia seja uma metáfora para o pensamento como revelação, para o abandono da cegueira, eis o ânimo que fez avançar este livro feito de ideias e imagens, menores, sem dúvida, do que as dúvidas que, sustentando-o, também lhe dão asas para levar o leitor à venturosa viagem do pensamento" (1).


Referência:
(1) TIBURI, Marcia. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. Diálogo / fotografia. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 8.

3

[... fotografia.] "Arte de estagnar o tempo? O instante eternizado mostra o irreversível fotográfico, o momento ímpar. Tempo aprisionado em cena? A foto como fragmento de gesto, onde o instante é capturado através do olho do artista. É o olho a nos mostrar, em criação, o instante - para, a seguir, em jogo revelador, a criação nos mostrar o preciso instante do olhar criativo. Paradoxo instantâneo do fazer fotográfico. Em fotografia, arte e testemunho do fazer são um. Ampliando o alcance da visão através do pensar poético, percebemos que, para além de tais reflexões, podemos vislumbrar na fotografia questões de ordem do tempo, da memória e da própria dinâmica do acontecer da physis em realizações" (1).


Referência:
(1) LAPORT, Janaína. "Fotografia". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). Convite ao pensar. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.

4

"O mundo pelo viés fotográfico é muito mais interessante e menos tedioso. Tudo isso para tentar argumentar que fotografia é olhar de outro modo" (1).


- Referência:
(1) ACHUTTI, Luiz Eduardo. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. Diálogo / fotografia. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 29.

5

"São quatro fotografias completamente diferentes em força e significado. São quatro registros que estão a sugerir que o tempo guarda em si infinitas porções de eternidade" (1).


Referência:
(1) ACHUTTI, Luiz Eduardo. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. Diálogo / fotografia. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 101.

6

"A foto não é somente uma imagem (o produto de uma técnica e de uma ação, o resultado de um procedimento e uma habilidade, uma figura de papel que se olha simplesmente em seu aspecto de objeto terminado); antes de tudo, é também um verdadeiro ato icônico, uma imagem, se se quer, porém, como trabalho em ação, algo que não é possível conceber fora de suas circunstâncias, fora do jogo que a anima, sem literalmente fazer a prova; portanto, algo que é ao mesmo tempo e consubstancialmente uma imagem-ato, levando em conta que este 'ato', trivialmente, não se limita somente ao gesto da produção propriamente dita da imagem (o gesto da 'tomada'), mas que além disso inclui o ato de sua recepção e de sua contemplação" (1). (Tradução do espanhol de Manuel Antônio de Castro).


Referência:
(1) DUBOIS, Philippe. El acto fotográfico y otros ensayos. Buenos Aires: La Marca Editora, 2008, p. 14.
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