Obra (de arte)

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

A obra de arte é o lugar do humano, porque este, como obra de arte, deve no finito acolher o infinito, nos limites o ilimitado, na vida a morte, na fala o silêncio, no que é, o nada. Ao acolher o infinito a obra de arte vigora no vigor máximo de movimento, que é o repouso, um repouso que traz calma e permanência, a parmanência do infinito, na qual se transfiguram misteriosamente tanto o finito quanto o infinito, tanto o limite quanto o ilimitado.


- Manuel Antônio de Castro


2

Na obra de arte espaço e tempo encontram sua realização e lugar, porque vigoram na identidade do sentido do poético da obra. Na obra de arte o tempo é conquistado, porque o passageiro se torna permanente, o momento, eternidade. A incompreendida e impropriamente denominada, embora largamente divulgada, atemporalidade da obra de arte não é algo ideal e fora do tempo, como se pudesse haver algo fora do tempo. É a própria eternidade se fazendo tempo e o tempo, eternidade, é o infinito se fazendo finito e o finito, infinito. É a esta transfiguração misteriosa que denominamos mundo, sentido e verdade, mas que poeticamente é a ascensão do humano.


- Manuel Antônio de Castro


3

Cada obra de arte contém em si, ainda que misteriosamente, todas as manifestações artísticas, pois as musas são filhas de Mnemósine. Tempo e memória, linguagem e poiesis, eis a Essência da arte. Esta nos advém ao coração quando nos abrimos para a escuta, fazendo de nossa vida uma vida de ascensão para o humano: a arte como fogo de amor e chama de plenitude.


- Manuel Antônio de Castro
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