Comemoração

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

"O que é comemorar? Na palavra comemorar encontramos o prefixo cum- e o radical memorare. O prefixo cum- apresenta três significados básicos que remetem para o homem no tempo e no espaço. Cum- é companhia, ou seja, o homem e o outro; é simultaneidade, ou seja, a confluência de tempos diferentes ; é reunião, ou seja, localiza num mesmo lugar homens e tempos diferentes. A companhia, a simultaneidade e a reunião, no caso presente, se dão no memorare. O verbo latino memoro, de onde provém o verbo português memorar, significa: pôr na memória, lembrar. De onde: celebrar a lembrança de" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Walter Benjamin: por que comemorar?". Cadernos de Letras, 9. Departamento de Letras Anglo-Germânicas, Faculdade de Letras, UFRJ, 1993, p. 15.

2

(Comemoração): "No seu significado radical há um apelo mais envolvente e comprometedor. Comemoro está ligado a mnemon, que por sua vez provém do verbo grego mimnesko, que significa pensar em, fazer pensar em. Comemorar, radicalmente, é pensar com, é fazer pensar juntos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Walter Benjamin: por que comemorar?". Cadernos de Letras, 9. Departamento de Letras Anglo-Germânicas, Faculdade de Letras, UFRJ, 1993, p. 15.

3

"Encontramo-nos reunidos numa cerimônia comemorativa do compositor Conradin Kreutzer...Neste preciso momento soam canções e coros, música de ópera e música de câmera extraídos da obra de Conradin Kreutzer. Nestes sons está o próprio artista, pois a presença do mestre na obra é a única que é autêntica. Quanto maior é um mestre mais completamente a sua pessoa desaparece por detrás da obra.
"Os músicos e os cantores que participam das celebrações deste dia concedem-nos a audição da obra de Conradin kreutzer neste preciso momento.
"Será, no entanto, por isso a festa uma comemoração? Para que haja comemoração (Gedenkfeier) é necessário que pensemos (denken) " (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 10.
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