Sendo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"O particípio ''tò ón'', o [[ente]], o ser, é o particípio de todos os particípios, porque a [[palavra]] 'ser' é a palavra de todas as palavras. Em toda palavra, mesmo na palavra 'o [[nada]]', em que somos capazes de fazer a experiência de todo ente, pensa-se e nomeia-se ser, mesmo quando pensamos, refletimos ou nos pronunciamos a seu respeito" (1). O tradutor preferiu traduzir ''to on'' por o ente, mas a palavra alemã ''Das Seiende'' dá mais a ideia de ''sendo''. A tradução latina do ''on'' foi ''ens, entis'', de onde se orginou a palavra portuguesa [[ente]]. Acontece que por essa tradução perdeu-se completamente o valor verbal presente na [[palavra]] grega ''on'', que é o [[particípio]] [[presente]] do verbo grego ''einai''. Conferir neste dicionário a palavra [[ente]], para completar o seu sentido verbal (sendo) e não apenas substantivo (ente).
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: "O [[particípio]] ''tò [[ón]]'', o [[ente]], o [[ser]], é o [[particípio]] de todos os [[particípios]], porque a [[palavra]] '[[ser]]' é a [[palavra]] de todas as [[palavras]]. Em toda [[palavra]], mesmo na [[palavra]] 'o [[nada]]', em que somos capazes de fazer a [[experiência]] de todo [[ente]], pensa-se e nomeia-se [[ser]], mesmo quando pensamos, refletimos ou nos pronunciamos a seu respeito" (1). O [[tradutor]] preferiu [[traduzir]] ''to [[on]]'' por o [[ente]], mas a [[palavra]] alemã ''Das Seiende'' dá mais a [[ideia]] de ''[[sendo]]''. A [[tradução]] latina do ''[[on]]'' foi ''ens, entis'', de onde se orginou a [[palavra]] portuguesa [[ente]]. Acontece que por essa [[tradução]] perdeu-se completamente o [[valor]] verbal presente na [[palavra]] grega ''[[on]]'', que é o [[particípio]] [[presente]] do [[verbo]] grego ''einai''. Conferir neste dicionário a palavra [[ente]], para completar o seu [[sentido]] [[verbal]] ([[sendo]]) e não apenas [[substantivo]] ([[ente]]).
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 74.
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 74.
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Edição de 01h51min de 5 de Agosto de 2018

1

"O particípio ón, o ente, o ser, é o particípio de todos os particípios, porque a palavra 'ser' é a palavra de todas as palavras. Em toda palavra, mesmo na palavra 'o nada', em que somos capazes de fazer a experiência de todo ente, pensa-se e nomeia-se ser, mesmo quando pensamos, refletimos ou nos pronunciamos a seu respeito" (1). O tradutor preferiu traduzir to on por o ente, mas a palavra alemã Das Seiende dá mais a ideia de sendo. A tradução latina do on foi ens, entis, de onde se orginou a palavra portuguesa ente. Acontece que por essa tradução perdeu-se completamente o valor verbal presente na palavra grega on, que é o particípio presente do verbo grego einai. Conferir neste dicionário a palavra ente, para completar o seu sentido verbal (sendo) e não apenas substantivo (ente).


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 74.


Ver também:
*Velado

2

"Sendo" é a questão que atravessa desde o início todo pensar ocidental até hoje. Em grego é on. Já Aristóteles disse que o on se diz de muitas maneiras (to on legetai pollachós). E Heidegger também diz que, com um pouco de exagero, pode-se afirmar que o destino do Ocidente depende da tradução dessa palavra grega on. Esta é a forma verbal do verbo einai no particípio presente.


- Manuel Antônio de Castro.


3

"O narrar enquanto palavra se torna um narrar inaugural da linguagem, não sendo esta nada mais do que o sendo se realizando naquilo que é em sua essência originária, no isto que cada sendo é, ou seja, acontecendo poeticamente. Sendo é desvelamento, é presença do que não cessa de ausentar-se, no retrair-se" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In: ----------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 222.

4

"A verdade é o desvelamento do sendo enquanto sendo. A verdade é a verdade do ser. A beleza não aparece junto desta verdade. Quando a verdade se põe na obra, ela aparece. O aparecer é – como este ser da verdade na obra e como obra – a beleza. Assim, o belo pertence ao acontecer-se apropriante da verdade" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 207 .
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