Salto

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Podemos falar de salto ou i-mediato. O salto diz o [[originário]], o sem [[causalidade]], ou seja, o sem relação entre causa e causado ou efeito, o sem [[complementaridade]], pois toda complementaridade é a teoria de uma relação causal, entre dois termos, dois fonemas, dois conceitos, dois fenômenos etc. O salto não diz um lançar-se de uma [[posição]] num sem sentido, num espaço vazio. Diz o ''círculo poético'' pelo qual o vazio, não sendo este causa, há o pulo para fora, o salto para o ver i-mediato, para o [[fenômeno]], de que o [[ver]], seja teórico, seja da mera [[perspectiva]], e a consciência, são posteriores (até porque só posso ver se algo se deu a ver previamente, mas todo ver implica um velar-se). Porém, este fenômeno quando visto se torna um conhecimento e sobre ele se estabelecem múltiplas camadas de conhecimentos conceituais, pela [[educação]] e pela convivência numa determinada [[tradição]] cultural. Então se faz necessária uma con-duta ''poética''. O sujeito conhecente pode se por defronte do [[espelho]] (especulando, do pensando) e começar a retirar camada por camada dos conhecimentos conceituais acumulados, para chegar ao ver [[imediato]]. E então, de repente, se vê sem ex-plicações, se vê atraído pelo [[simples]] (''sine-plex''). Nele vigora uma tal atração que só resta o ''salto'', o pulo para dentro desse abismo que se abre, saltando no sem fundo. Mas este não é mais um espaço vazio: é o [[silêncio]] gerador das falas e das visões, do que se dá a ver. Aconteceu o salto poético. O [[círculo poético]] é o [[vigorar]] da essência originária, que provoca esse para forar e para dentro. [[Pensar]] é experienciar o círculo poético, é experienciar o salto no abismo.
:Podemos falar de salto ou i-mediato. O salto diz o [[originário]], o sem [[causalidade]], ou seja, o sem relação entre causa e causado ou efeito, o sem [[complementaridade]], pois toda complementaridade é a teoria de uma relação causal, entre dois termos, dois fonemas, dois conceitos, dois fenômenos etc. O salto não diz um lançar-se de uma [[posição]] num sem sentido, num espaço vazio. Diz o ''círculo poético'' pelo qual o vazio, não sendo este causa, há o pulo para fora, o salto para o ver i-mediato, para o [[fenômeno]], de que o [[ver]], seja teórico, seja da mera [[perspectiva]], e a consciência, são posteriores (até porque só posso ver se algo se deu a ver previamente, mas todo ver implica um velar-se). Porém, este fenômeno quando visto se torna um conhecimento e sobre ele se estabelecem múltiplas camadas de conhecimentos conceituais, pela [[educação]] e pela convivência numa determinada [[tradição]] cultural. Então se faz necessária uma con-duta ''poética''. O sujeito conhecente pode se por defronte do [[espelho]] (especulando, do pensando) e começar a retirar camada por camada dos conhecimentos conceituais acumulados, para chegar ao ver [[imediato]]. E então, de repente, se vê sem ex-plicações, se vê atraído pelo [[simples]] (''sine-plex''). Nele vigora uma tal atração que só resta o ''salto'', o pulo para dentro desse abismo que se abre, saltando no sem fundo. Mas este não é mais um espaço vazio: é o [[silêncio]] gerador das falas e das visões, do que se dá a ver. Aconteceu o salto poético. O [[círculo poético]] é o [[vigorar]] da essência originária, que provoca esse para forar e para dentro. [[Pensar]] é experienciar o círculo poético, é experienciar o salto no abismo.

Edição de 19h07min de 14 de Junho de 2010

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Podemos falar de salto ou i-mediato. O salto diz o originário, o sem causalidade, ou seja, o sem relação entre causa e causado ou efeito, o sem complementaridade, pois toda complementaridade é a teoria de uma relação causal, entre dois termos, dois fonemas, dois conceitos, dois fenômenos etc. O salto não diz um lançar-se de uma posição num sem sentido, num espaço vazio. Diz o círculo poético pelo qual o vazio, não sendo este causa, há o pulo para fora, o salto para o ver i-mediato, para o fenômeno, de que o ver, seja teórico, seja da mera perspectiva, e a consciência, são posteriores (até porque só posso ver se algo se deu a ver previamente, mas todo ver implica um velar-se). Porém, este fenômeno quando visto se torna um conhecimento e sobre ele se estabelecem múltiplas camadas de conhecimentos conceituais, pela educação e pela convivência numa determinada tradição cultural. Então se faz necessária uma con-duta poética. O sujeito conhecente pode se por defronte do espelho (especulando, do pensando) e começar a retirar camada por camada dos conhecimentos conceituais acumulados, para chegar ao ver imediato. E então, de repente, se vê sem ex-plicações, se vê atraído pelo simples (sine-plex). Nele vigora uma tal atração que só resta o salto, o pulo para dentro desse abismo que se abre, saltando no sem fundo. Mas este não é mais um espaço vazio: é o silêncio gerador das falas e das visões, do que se dá a ver. Aconteceu o salto poético. O círculo poético é o vigorar da essência originária, que provoca esse para forar e para dentro. Pensar é experienciar o círculo poético, é experienciar o salto no abismo.


- Manuel Antônio de Castro