Loucura

De Dicionário de Poética e Pensamento

Edição feita às 22h14min de 18 de Abril de 2020 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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"A medida da loucura não é a razão, mas o sem-causa, o sem fundamento" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In: -------------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 294.

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Temos o caso da loucura. Esta não se encaixa na definição do homem como animal racional e aí ele começa a ser excluído do sistema, porque a loucura é humana e só o homem pode ser louco, mas não é racional. A loucura é uma das características mais tradicionais e originárias do ser humano. No fundo, o racional nada tem a dizer sobre a loucura, até porque a loucura em seu sentido mais radical indicia a eclosão do homem como linguagem.


- Manuel Antônio de Castro.

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Um modo simples de dizer o que é a loucura: quando não se age seguindo a razão, ou seja, a ação motivada por algo não racional. Platão no Diálogo Fedro fala de três loucuras. Ver a fala de Sócrates, Fedro, 244, a, b, c, d; 245, a, b.
1a. É uma loucura inspirada pelos deuses: "Efectivamente, é em estado de delírio que as profetisas de Delfos e as sacerdotisas de Dódona prestam grandes serviços à Grécia" (1);
2a. Quando se possui o dom de profetizar o futuro. Por exemplo, os Profetas. "...o delírio profético manifestou-se em alguns predestinados e encontrou o meio de afastar esses males, precisamente pelo recurso às preces dirigidas aos deuses e pela prática de cerimônias em seu louvor" (2);
3a. Todos os grandes criadores de todas as artes. Aí se podem incluir os grandes pensadores. É quando eles são tomados e inspirados pelas Musas. "Há ainda uma terceira espécie de loucura, aquela que é inspirada pelas Musas" (3).
Se bem observarmos, o que se denomina loucura nestas dimensões, nada mais são do que manifestações do poder do sagrado. Todos eles ultrapassam o poder da razão.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) PLATÃO. Fedro. Trad. Pinharanda Gomes, 5.e. Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 53, 244 a.
(2) PLATÃO. Fedro. Trad. Pinharanda Gomes, 5.e. Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 55, 244 d.
(3) PLATÃO. Fedro. Trad. Pinharanda Gomes, 5.e. Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 56, 245 a.