Bem

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h43min de 7 de Setembro de 2018 por Fábio (Discussão | contribs)

1

Bem é o engendramento do que é pelo Belo. Será então um belo que nada tem a ver com o estético, mas é a vigência do que é.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:

2

"Na e com a libertação da liberdade, o homem nunca deixa de apostar no Bem. Por isso é que o Bem se dá e só se dá no apelo e como apelo de libertação. Aqui Bem não diz bons costumes, nem as normas da moralidade, nem valor de um ou para um sujeito, mas origem e fonte de ser. O Bem se recomenda, como desafio de conquista da liberdade numa luta sem tréguas pela libertação. Bem e liberdade coincidem, por provirem e conviverem numa mesma aposta ontológica de uma realização criadora em tudo que se faz e/ou se deixa de fazer. Neste nível de empenho radical, fazer já é ser e ser já inclui fazer. Pois na condição humana, ser e ter jogam o mesmo jogo, o jogo de uma incessante libertação" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: Filosofia contemporânea. Teresópolis: Daimon Editora, 2013, 63.


3

"Quando pergunto pergunto pelo “é”: se é e o que é. Se pergunto assim, então posso fundamentalmente perguntar por tudo. Porém, o perguntar não é só um exercício do saber, pois se já soubesse tudo nem mais poderia perguntar. O perguntar é também um exercício do querer, enquanto tendo para o perguntado e quero atingi-lo e exercê-lo pelo saber. O tender e o querer, no entanto, supõem que o seu objeto seja algo para o qual se possa tender e o qual se possa querer. Mas perguntar eu só posso se já anteriormente sei, não só que o perguntado pode ser sabido, mas também se posso tender a ele para tentar sabê-lo mais e mais. Ora, se posso perguntar, sem mais, por tudo, isto supõe que tudo não somente é inteligível, mas também que tudo pode ser objeto da tendência, do querer, do meu espírito, ou seja, que tudo, além do ser inteligível é também “apetecível”. Ora, o que é apetecível ou objeto de uma tendência em vista da auto-realização chamamos de “bem”. Portanto, tudo o que é, enquanto é, é bom. “Omne ens est bonum”. O “bom” é, portanto, uma propriedade transcendental do ente (1)". [Ver o ensaio do Emmanuel: “O problema da Poética de Aristóteles” (2)]


Referências:


(1) HUMMES O.F.M., Dom Cláudio. Metafísica. Tratado transcrito datilograficamente por Manuel Antônio de Castro. Daltro Filho [Hoje Imigrantes] RS, 1964, p. 113.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar 2. Petrópolis: Vozes, 1992.


4

"Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto se deveria dizer assim: ele está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes, não era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança" (1).


Referência:
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo GH, 3. e. Rio de Janeiro: Sabiá, 1964, p. 10.


5

"No princípio de tudo a ação. O agir humano é empenho e conquista de ser, é percepção e vivência de não ser na experiência de vir a ser. O homem não faz apenas bem e /ou mal as coisas que faz. Ele faz também um bem e/ou um mal a si mesmo e aos outros. Mas em tudo que venha a fazer e/ou deixar de fazer lhe chega sempre um convite radical, o convite de fazer o bem e evitar o mal. É neste sentido que, na dinâmica de todo agir humano, vive um tríplice apelo: fazer bem, fazer um bem, fazer o bem. Assim, a ética, em que mora todo agir dos homens, consiste em fazer o bem e evitar o mal em tudo." (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.


6

"O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.


7

" : - "Mano velho, tu é nado aqui ou de donde? Acha mesmo assim que o sertão é bom? ..." Bestiaga que ele me respondeu, e respondeu bem; e digo ao senhor:
" : - Sertão não é malino nem caridoso, mano oh mano!: - ... ele tira ou dá, ou agrada ou amarga, ao senhor, conforme o senhor mesmo" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 394.


8

"Aristóteles abre o Primeiro Livro da Ética com as palavras: pasa práxis agathou tinos ephiesthai: em toda ação vive um empenho por algum bem" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema da Poética de Aristóteles". In: -----. Aprendendo a pensar II. Petrópolis R/J: Vozes, 1992, p. 156.
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