Época

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 02h26min de 25 de Setembro de 2009 por Lio (Discussão | contribs)

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Época é um conceito e uma questão. Como conceito reduz a obra aos seus aspectos formais, seja sob o ponto de vista de estilo, seja sob o ponto de vista do conteúdo. Na sucessão de estilos, a obra é vista enquanto um produto do tempo cronológico e historiográfico. Porém, a obra, sendo uma questão, se dá como época a partir do que esta palavra significa: retenção, o que se dando se guarda, suspensão. Do quê? Do que na obra opera enquanto no desvelar-se se vela. Por isso, a melhor atitude em relação à obra é considerá-la como lugar, onde este diz a abertura do ser humano, como entre, para o ser. A tal abertura ou lugar se dá o nome de clareira. Época diz sempre clareira. A esse respeito, cabe consultar o que Heidegger diz no ensaio: "A sentença de Anaximandro" (1) para ver como a época se relaciona à História.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Pré-socráticos. Col. Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978, p. 28.

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"História do ser significa destino do ser. Nessas destinações, tanto o destinar quanto o ser que se destina retêm-se com a manifestação de si mesmos. Em grego, reter-se equivale a epoché. Por isso se fala da época do destino do ser." (1) Fica bem claro que época, o reter-se, se refere ao que se dando se guarda, isto é, retém-se como o velado de desvelado. Ao se atentar só para a forma dos estilos ou temas, na caracterização e estudo das obras de arte, o que lhes é essencial não se pensa. Época, em sentido essencial, é sempre destino do ser. Nesse sentido, as obras de arte, como vigência do destino, são sempre inaugurais e só podem ser inaugurais porque justamente elas são epocais, isto é, como destino, não cessam de revelar a realidade dizendo-a de muitas maneiras. Estas maneiras é que são propriamente os estilos, mas que não têm sua fonte em si, mas no poder das obras. Nos estilos só enquanto o manifesto nas formas, não se pensa propriamente a epoché, daí a dificuldade de pensar a epoché sem o dar-se. Por isso afirma Ronaldes de Melo e Souza: "Este acontecimento propriamente histórico-ontológico de um dar que somente dá seu dom e a si mesmo se subtrai é o destinar (das Schicken) do evento criptofânico (das Ereignis), a que Heidegger reporta o evento epifânico da Presença (das Sein)" (2).


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin apud SOUZA, Ronaldes de Melo e. O saber em memória do ser. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro: 95, out.-dez., 1988, p. 14.
(2) SOUZA, Ronaldes de Melo e. O saber em memória do ser. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro: 95, out.-dez., 1988, p. 14.

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"O Ser se vela, como destino, ao destinar-se no homem, pois é essencialmente destino. O velamento é o vigor do destinar-se. A época, para Heidegger, expressa o movimento dialético de desvelar-se e velar-se. A compreensão, portanto, das diferentes épocas só é possível através da dialética que o próprio Ser instaura." (1) "É no destino epocal do Ser que se essencializa a história dos homens." (2)


Referências:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 59.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 131.

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"A época é o ilimitado instituindo limites e o humano emergindo em sua historicidade. Por isso, a verdade do literário, o que vale dizer do humano, radica no ser da historicidade." (1)


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 63.
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