Pensamento

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 00h24min de 31 de janeiro de 2016 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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O pensamento não é, se por é entendemos um determinado ente em sua forma e conteúdo entitativo. "O pensamento con-suma a referência do Ser à Essência do homem" (1). Neste referenciar, o pensamento se torna linguagem do Ser. A linguagem não é; dá sentido ético-poético ao agir do homem. E, dando sentido, é. O pensamento então é o Ser se dando (tempo) enquanto linguagem no homem. Pensar é agir, é co-nsumar a referência do homem ao Ser. Na referência, o ser humano chega a ser o que é. E o que no ser humano é é o que lhe é próprio, o ser. Chegar a conquistar e realizar o que é próprio é o que se pode denominar: pensar.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24.


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"O pensamento con-suma a referência do Ser à Essência do homem. Não a produz nem a efetua. O pensamento apenas a restitui ao Ser como algo que lhe foi entregue pelo próprio Ser. O ser já se destinou sempre ao pensamento" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24


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Pensamento é a reflexão em que vigora a renúncia a qualquer pretensão de convencer. "No âmbito do pensamento Essencial, toda a refutação é uma nescidade" (1). O pensamento se entrega à renúncia para deixar a renúncia mesma falar. Quando a própria renúncia fala, temos a vigência do pensamento. "Em seu dizer, o pensamento eleva apenas à linguagem a palavra impronunciada do Ser" (2).


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 59.
(2) Idem, p. 96.


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"O entendimento da história nos convida para a verdade do Ser, lá onde o estático e o dinâmico, o absoluto e o relativo, o divino e o humano, dão lugar ao pensamento essencial. Daí inter-essarem sempre as palavras de Heidegger: 'Transformar em linguagem cada vez esse ad-vento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única causa (Sache) do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o mesmo (das Selbe), isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (das Gleiche)" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1967, p.98, apud CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, pp. 59-60.


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"Se, para o conhecimento, o grande desafio está em conhecer o desconhecido, para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido. Todo pensamento só pensa o já pensado no e pelo não pensado. Neste sentido, o já pensado é o que há de mais escondido e velado no e pelo conhecimento que gera. Se, para o conhecimento, esclarecer está em levar o obscuro para o claro, no pensamento se dá o contrário: esclarecer é levar o claro para o escuro, desmascarando o já sabido, ao revelar o não sabido. É nisto que reside toda a ironia socrática do não saber no saber" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.


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"O afastamento e até a perda do pensamento acontece quando ele se afasta do seu elemento. Que elemento é este? O elemento é o propriamente poderoso: o poder. Ele se apega ao pensamento e assim conduz à sua essência. O pensamento pertence ao Ser e é provocado por ser. Ele aumenta o Ser. O pensamento significa: o ser se apegou, num destino histórico, à sua essência. Apegar-se a uma coisa ou pessoa em sua essência quer dizer: amá-la, querê-la"(1).
Aqui é fundamental perceber que quando se diz "o pensamento é", não nos referimos a predicativos, porque ele simplesmente é, e não isto ou aquilo. Ora, quando simplesmente é, o "é" é o sujeito, a medida do pensamento. Daí pensamento e ser, no "é", serem um e o mesmo. Ser um e o mesmo quer dizer: amá-la, querê-la. De novo, devemos distinguir que aqui não se quer ou ama isto ou aquilo como um predicativo do sujeito. Amar e querer, enquanto "é", diz simplesmente amar = ser: é; querer = ser: é. Disso podemos concluir: pensamento é igual a viger o pensamento no seu elemento. Qual? O ser. Nessa dimensão e medidos pelos ser: pensamento, amor e poesia são um e o mesmo.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Cartas sobre o Humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 28.

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"[...] um pensamento não nos lega nem nos transmite apenas o dito das linhas; lega-nos e transmite-nos também o não-dito das entrelinhas. Heidegger no-lo diz em alto e bom som ao interpretar o Mito da Caverna de Platão: 'o legado de um pensador não está no dito, mas no não dito de seus dizeres'" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 7.


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"...para Heidegger, a filosofia não é, primordialmente, uma construção de conhecimento, é uma experiência de pensamento, do mesmo nível ontológico da religiosidade, da mitologia, da poesia, da vida e da morte e de toda mentalidade, no sentido de todos os processos mentais e não mentais do homem" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.


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"Mistério é a imensidão livre e desimpedida que se dá, como horizonte, e se reconhece fora das possibilidades de conhecer e fazer. É retirando-se que o mistério deixa ser e possibilita tudo que é, não é e vem a ser. Pois bem, é este horizonte de mistério, que sempre se retrai e, retraindo-se atrai e se dá, como mistério, que constitui a terceira margem do pensamento" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. A terceira margem do rio. In: Revista Terceira margem. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 43.


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O pensar pensa no pensador que age enquanto pensa e é. O pensador, tomado pela essência da ação, deixa-se envolver pelas provocações da realidade, do ser,e toda vez que surge uma oportunidade para que,tomando uma posição,operem-se as possibilidades que ela oferece,sem se importar com os perigos,deicide agir.


Referência:
CASTRO, Manuel Antonio de. "Ser e estar". In: Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 19.


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"Assim como noite e dia acolhem-se em uma entrega apaixonada e plena de serenidade devemos ser também serenos em relação ao pensamento. Só se pensa pensando-se. Todo pensar é recolhimento no serenar. Por isso, pensar não é razão de ser. É, antes, desde sempre, movimento de e para o próprio pensamento. Pensar consuma-se em prece, meditação" (1).


Referência:
(1) FILIPPOVNA, Veronica. O pensamento poético de Eduardo Portella. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 191: 130, out-dez., 2012.


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"O saber sabido não é lugar do pensamento. Para pensar precisamos estar a caminho do pensamento. Este caminho não se define previamente: dá-se nas peripécias do próprio pensar" (1).


Referência:
(1) FILIPPOVNA, Veronica. O pensamento poético de Eduardo Portella. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 191: 135, out-dez., 2012.


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"Existem, portanto, dois tipos de pensamento, sendo ambos à sua maneira, respectivamente, legítimos e necessários: o pensamento que calcula e a reflexão (Nachdenken) que medita" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 13.
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