Aprendizagem

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 01h05min de 1 de Junho de 2016 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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O aprendizado, em sua forma de substantivo, formado do particípio verbal passado, já diz o resultado ou processo de algo feito, em que predomina o aspecto passivo até certo ponto. Ele indica uma certa receptividade. O aprendizado é inerente ao "como" enquanto como configurado numa estrutura, numa formatação e numa doutrinação. Daí a correlação entre docere e discere, entre docente e discente. Isso é expresso em grego pelo verbo mantháno. Dá-se aí o "como" enquanto padrão comportamental. Ocorre que o que modula a inter-relação e interação da unidade/ente e meio é a plasticidade não de dependência, mas de uma adequação convivencial onde predomina sempre a unidade, e é neste predomínio que consiste a plasticidade autopoética da unidade/ente. A esta plasticidade autopoética é que podemos chamar "aprendizagem", mas cuja medida não vem da unidade/ente em-si. Só há aprendizagem quando a plasticidade se torna um corresponder ao apelo do sentido do lógos, do ser. A plasticidade é um figurar e diz respeito ao corpo enquanto mundo e terra. A aprendizagem não é um aprender de fora, mas o apropriar-se do que é próprio. Então, em sentido próprio, só se aprende a partir do que já sabemos e somos. Este é o sentido mais radical de mantháno. O aprendizado da matemática não nos vem pelo ensino de um outro, mas é já uma possibilidade que temos e de que devemos nos apropriar.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:


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Toda pergunta surge o exercício do questionar. A pergunta pode exercer-se em dois horizontes: o do pensamento e o do conhecimento. Quando se pergunta para conhecer, procura-se uma resposta que aumente o conhecimento e nos traga mais informações sobre o objeto da pergunta. E aí a resposta desfaz a pergunta. Tal pergunta surge quando nos dedicamos ao estudo e nos conduz a um aprendizado. Quando se pergunta para pensar, a resposta, em vez de me trazer um conhecimento, reinstala a questão, que originou a pergunta, em outro nível, como se desse um passo para reintalar não mais saber, mas o não-saber. Esse é o exercício da aprendizagem do aprender a pensar. O aprender a pensar é aquele questionar que nos liberta para o desaprender. Nesse nível todo desaprender é em essência sempre uma renúncia, onde esta não tira, dá, porque liberta para ser sem a prisão de algo que já sabemos e não somos. Ser é ser sem limites e sem estar preso a algo.


- Manuel Antônio de Castro.


3

"Há tempo renunciamos à condição de sermos aprendizes do pensamento. Ser aprendiz do pensamento significa deixar-se recolher e acolher-se pela aprendizagem. É estar atento ao vislumbre de revelações gestadas em espera. Ser aprendiz do pensamento deve ressoar como abertura, como celebração da vida. Doação ao entreaberto de cada descoberta, ser aprendiz do pensamento é, portanto, estar além do conhecimento alcançado pela funcionalidade" (1).
Referência:
(1) FILIPPOVNA, Veronica. O pensamento poético de Eduardo Portella. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 191: 131, out-dez., 2012.


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Muito estudar é poder muito aprender, mas não é pelo muito aprender que advém a aprendizagem.


- Manuel Antônio de Castro


5

Para a ciência, a sabedoria pode ser loucura e a aprendizagem algo com o qual nada se faz, isto é, inútil. Na ordem da ciência, a falta de bens e cultura pode ser indigência e na dimensão do humano a falta de cultura e bens pode ser renúncia para a aprendizagem. Porque a renúncia não tira, dá. Pois o silêncio não é a falta de voz da poesia e o som não é a falta de música, mas a sua plenitude.


- Manuel Antônio de Castro
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