Rito
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 02h55min de 30 de Julho de 2016 por Profmanuel (Discussão | contribs)
1
- "O rito, em sua etimologia, está ligado ao sagrado e expressa nas religiões o advento da ordem do que, em princípio, é caótico, encantador e misterioso. Caos não é desordem. É fonte inesgotável de toda ordem. Os ritos concretizam a cultura enquanto culto" (1).
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
2
- Os ritos são atos, mas atos primordiais, atualização de um exemplar mítico (não qualquer ato), segundo Eliade. Os ritos atualizam atos de deuses, heróis ou antepassados. Ao mostrar o valor transcendente dos atos, Mircea Eliade está falando, na realidade, dos ritos (1). "Um ritual qualquuiera... se desarolla no sólo en um espacio consagrado, es decir, essencialmente distinto del espacio profano, sino además en un 'tiempo sagrado', 'en aquel tiempo' (In illo tempore, ab origine), es decir, cuando el ritual fue llevado a cabo, por vez primera por un dios, un antepasado o un heroe" (2). "... se considera que los actos religiosos han sido fundados por los dioses, héroes civilizados o antepassados míticos" (3). "Hemos visto que todos los rituales imitan un arquetipo divino y que su reactualización continua ocurre en el mismo instante mítico atemporal" (4). A separação entre o sagrado e o profano deu lugar ao simbólico e preparou a fuga dos deuses, pelo advento da secularização da realidade. No dizer de Heráclito, o extra-ordinário habita o habitual e diário.
- Referências:
- (1) ELIADE, Mircea. El mito del eterno retorno. Madrid, Alianza, 1972, p. 15.
- (2) Idem, p. 28.
- (3) Idem, p. 29.
- (4) Idem, p. 75.
- Ver também:
3
"O que é um rito? É o vigor de manifestação do mito na palavra, na dança, na música etc. O rito traz, assim, toda a força do mito, toda a presença do mito. No rito somos diretamente postos na presença do mistério, ou seja, não há representação nem mediação. Um rito não é símbolo. Nâo precisa de elementos além de si mesmo. Ao contrário, diz por si mesmo, coloca plenamente na presença do sagrado. Rito é experienciação do sagrado. Não é uma mera experiência sensorial ou intelectual. Não pode ser vivido senão como vigor da tensão mito erito" (1).
- Referência:
- (1) TAVARES, Renata. Do silêncio à liberdade - Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2012, p. 83.
4
- O rito é substancial, real em seus limites. O mito é a energia criativa sempre inaugural, sempre verbal pois possibilita todas as substantivações dos ritos. O mito enquanto mito é um princípio de transformação, porque, originariamente, já é e, sendo, vigora, é verbal.
5
- O rito e o culto são possíveis concretizações do poder manifestador do mito. E neles o agenciamento das diferentes manifestações e meios de realização evocam implicitamente uma poética, a poética mítica.
- Ver também:
6
- Só o rito começa e termina, mas como o começar e terminar não provêm dele mas do mito, todo começar e terminar - enquanto rito – nos lançam no principiar e consumar. E é nesse entre que o sagrado enquanto poietizar e temporalizar nos aparece como circular.
7
- Mas por que o rito é tão importante? O que diz em sua etimologia o rito? Ordem. Mas o que é ordem? Eis o que diz Aristóteles: taksis dè paza logos: Toda ordem, porém, é uma força de reunião.