Paixão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: A [[palavra]] [[paixão]] formou-se do verbo grego ''pascho''. O seu significado geral diz do [[experienciar]] uma afeição, [[sensação]] ou [[sentimento]], o estar aberto e disposto para, [[estar]] em [[disposição]]. Significa, pois, uma abertura para o [[sentido]] do que somos e podemos [[ser]]. Esta [[disposição]] varia e pode ter o [[sentido]] de [[experienciar]] [[dor]] e [[sofrimento]], chegando à [[morte]]. [[Paixão]] significa então [[morte]]. Mas por outro lado tal [[disposição]] pode se voltar para alguém. A [[paixão]] exige necessariamente os [[outros]]. A [[paixão]] como [[morte]] tem então o significado de sacrifício pelos semelhantes. E só se sacrifica quem ama. E para [[amar]] tem que ser algo arrebatador. É a [[paixão]] amorosa transformada na [[doação]] silenciosa, o [[amor]]. Isso não quer dizer nem pena nem anulação do [[outro]], mas diz do sofrer com, do compartilhar dores e alegrias. A [[paixão]] aparece então como compaixão. Finalmente [[paixão]] nos remete para a [[disposição]] pela qual nos transformamos e buscamos o [[outro]]. É o transformar-se o amador na pessoa amada, gerando uma profunda e essencial identificação.
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\; - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].

Edição de 19h52min de 18 de Setembro de 2017

1

"A memória de um peixinho dourado só dura três segundos. Então, depois de uma volta pelo aquário tudo é novidade. Cada vez que dois peixinhos se veem é como se fosse pela primeira vez. É como nós humanos. Cada nova paixão é como se fosse a primeira. Uma reação química apaga a lembrança da última dor de amor e nós pensamos: "Puxa, isso é maravilhoso... isso é novo, é diferente!" (1).


Referência:
(1). Fala inicial do filme Todas as cores do amor. Direção de Elizabeth Gill, 2003.

2

"A excessividade do ser no amar é para todo sendo um mistério. Por isso o amante tende para a excessividade da paixão, que se torna fatal quando não tem como medida o ser, mas o sendo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In: -------------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 316.

3

"Amar é Eros, porque sempre se dá obliquamente, dissimulando-se. Sem amar nada somos e como amar é o nada do que já somos e não somos, em seu dar-se dissimulando ele sempre se retrai e mais nos atrai e arrasta na paixão amorosa. É que em toda paixão amorosa só amamos ao outro quando acontece a unidade e vigor das diferenças: o amar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In: -------------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.

4

"Quando eu voltar ao mar absoluto,
meus átomos irão resplandecer.
Eu ardo como a vela da paixão.
Hei de viver o instante para sempre" (1).


Referência:
(1) RÛMI. "O canto da unidade". In: -----. A flauta e a lua - Poemas de Rûmi. Trad. de Marco Lucchesi e Rafî Moussavî. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2016, p. 99.

5

A palavra paixão formou-se do verbo grego pascho. O seu significado geral diz do experienciar uma afeição, sensação ou sentimento, o estar aberto e disposto para, estar em disposição. Significa, pois, uma abertura para o sentido do que somos e podemos ser. Esta disposição varia e pode ter o sentido de experienciar dor e sofrimento, chegando à morte. Paixão significa então morte. Mas por outro lado tal disposição pode se voltar para alguém. A paixão exige necessariamente os outros. A paixão como morte tem então o significado de sacrifício pelos semelhantes. E só se sacrifica quem ama. E para amar tem que ser algo arrebatador. É a paixão amorosa transformada na doação silenciosa, o amor. Isso não quer dizer nem pena nem anulação do outro, mas diz do sofrer com, do compartilhar dores e alegrias. A paixão aparece então como compaixão. Finalmente paixão nos remete para a disposição pela qual nos transformamos e buscamos o outro. É o transformar-se o amador na pessoa amada, gerando uma profunda e essencial identificação.


- Manuel Antônio de Castro.
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