Verdade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(7)
(7)
Linha 59: Linha 59:
== 7 ==
== 7 ==
-
:"Nosso [[conceito]] de verdade e o conceito grego da verdade tiram sua respectiva ''inteligibilidade intuitiva'' de ''áreas'' e ''conjunturas de relações intuitivamente diferentes''.  "A-letheia", descobrimento, provém do feito e do fato de ''encobrir, [[velar]], respectivamente, [[desvelar]], descobrir. "[[Correção]]" provém do feito e do fato de ''reger'' uma coisa ''por'' outra, através de ''medida'' e ''medir''. "Desvelar" e "medir" são feitos e fatos inteiramente diferentes" (1).
+
:"Nosso [[conceito]] de verdade e o conceito grego da verdade tiram sua respectiva ''inteligibilidade intuitiva'' de ''áreas'' e ''conjunturas de relações intuitivamente diferentes''.  "A-letheia", descobrimento, provém do feito e do fato de ''encobrir, [[velar]], respectivamente, [[desvelar]], descobrir. "[[Correção]]" provém do feito e do fato de ''reger'' uma coisa por outra, através de ''medida'' e ''medir''. Desvelar e medir são feitos e fatos inteiramente diferentes" (1).

Edição de 01h31min de 11 de Maio de 2015

1

A tese central de Heidegger em A origem da obra de arte (1) é a de que arte é verdade e a obra é a verdade operando. Mas então o que Heidegger entende por verdade é a realidade eclodindo, desvelando-se na disputa com o velar-se. Por isso, à verdade corresponderá a não-verdade. Então verdade enquanto desvelamento é a realidade se dando como presença. E presença é sempre corpo denso e inteiro, tendendo à plenitude, à esfericidade. E isso é o ser humano: corpo-presença entre-sendo.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da obra de arte. Lisboa: Edições 70, 1992.


Ver também:

2

O verdadeiro diz sempre respeito ao sendo em seus atributos. A verdade diz originariamente respeito ao Ser do sendo, pela e na qual o sendo chega a Ser o que é: sendo do Ser.


- Manuel Antônio de Castro


3

Todas as verdades enunciadas e anunciadas foram e são errâncias originárias.


- Manuel Antônio de Castro

4

"A verdade é, portanto, uma dimensão, isto é, a possibilidade do real como dinâmica se estabelecer e, em se fazendo presença, desencadear as possibilidades de medida, não como conversão a uma convenção pré-estabelecida, mas a instauração da possibilidade do real fazer-se medida de si mesmo" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 78.

5

"A exigência do verossímil é que, no seu domínio, a correspondência esteja correta, certa. Para o que é verossímil basta a certeza. No domínio da verdade, a certeza não é suficiente. O verdadeiro não é o correto, o certo. A verdade necessita do movimento e da memória para que se estabeleça como dimensão, unidade e desencadeador de realidade. Verdade é des-velar o que se vela. É desocultar o que necessariamente se oculta. A dinâmica da verdade não pretende depurar a realidade de seus processos de ocultação. A verdade vive do oculto, pois é este, e somente este que necessariamente tende a se mostrar, a se des-ocultar" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 86.

6

A verdade pode se referir ao real enquanto desvelamento e velamento e aí então ela se realiza enquanto sentido e essência da phýsis como agir/poíesis. Mas também pode referir-se à proposição e então será verdadeira ou falsa dentro do estreito ciclo de relação do código, onde verdadeiro e falso dizem respeito ao significado. Não há significação fora do código e da proposição. Esta verdade do e como significado vive das relações inerentes:
a) À proposição;
b) Ao período;
c) Ao contexto.
Nem sempre parte-se do significado da proposição em relação ao código. Um tal significado e uma tal verdade é necessariamente relacional aos predicativos e à representação do que se diz na enunciação e no enunciado. Olhando uma rede/texto, notamos que cada nó rizomático tem múltiplas linhas que se originam nele mas que constituem relações de manifestação predicativa do que é inerente ao nó. Essas relações nunca levam em consideração os vazios onde estão suspensas as linhas/relações. Mas é do vazio surgem os sentidos. As relações entre os nós formam os períodos e os textos e o todo como dis-curso. Um dis-curso resulta de uma linearidade que pressupõe o ideológico que dá origem a diferentes dis-cursos. Isso é motivado pelas diferentes disciplinas e pela redução da poíesis à práxis. Porém, a práxis pressupõe a poíesis e a reduz a um aprendizado. À práxis não é possível ser a poíesis, como não é possível o discurso cronológico ser o tempo-currere-linguagem.
A Linguagem fala. Isto implica a poíesis, o verbo como sentido e verdade como alétheia. Aí a rede se dimensiona no horizonte do vazio. E as relações deixam de ser só epistêmicas para serem poético-ontológicas. A Linguagem fala dizendo: a poíesis/verbo/Hermes fala.


- Manuel Antônio de Castro


7

"Nosso conceito de verdade e o conceito grego da verdade tiram sua respectiva inteligibilidade intuitiva de áreas e conjunturas de relações intuitivamente diferentes. "A-letheia", descobrimento, provém do feito e do fato de encobrir, velar, respectivamente, desvelar, descobrir. "Correção" provém do feito e do fato de reger uma coisa por outra, através de medida e medir. Desvelar e medir são feitos e fatos inteiramente diferentes" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ser e verdade. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 111.

8

"A verdade está em alguma parte: mas inútil pensar. Não a descobrirei e no entanto vivo dela" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 36.
Ferramentas pessoais