Alegoria
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→3) |
(→4) |
||
Linha 30: | Linha 30: | ||
== 4 == | == 4 == | ||
- | : "O [[homem]] [[grego]] não via na [[tragédia]] de [[Sófocles]] ''[[Édipo Rei]]'' (e nas outras [[obras]]) nenhum [[símbolo]] e nenhuma [[alegoria]]. O que acontecia no palco era um [[espelho]]/[[reflexão]] do que poderia [[acontecer]] com ele. Daí a [[questão]] apontada por | + | : "O [[homem]] [[grego]] não via na [[tragédia]] de [[Sófocles]] ''[[Édipo Rei]]'' (e nas outras [[obras]]) nenhum [[símbolo]] e nenhuma [[alegoria]]. O que acontecia no palco era um [[espelho]]/[[reflexão]] do que poderia [[acontecer]] com ele. Daí a [[questão]] apontada por Aristóteles em sua ''[[Poética]]'', a ''[[catarsis]]''. As [[questões]] que as [[obras]] abordavam eram as suas [[questões]], pois também não havia de maneira alguma o termo [[ficção]]. Isso foi uma [[invenção]] [[moderna]], para [[diferenciar]] a [[realidade]] das [[obras poéticas]] e a [[realidade]] [[positivista]] estabelecida pela [[verdade]] [[científica]]. Para o [[homem]] [[grego]] em geral, para os grandes [[pensadores]] e grandes [[poetas]], não havia a [[verdade]] qualificada ou [[atributiva]]. [[Verdade]] é simplesmente [[verdade]]" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. ''Leitura: questões | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Leitura]] e [[Crítica]]". In: ---------. '''[[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 126.''' |
Edição de 01h31min de 19 de Dezembro de 2024
1
- "Alegorizar, (állo agoreúein: dizer o outro), significa mobilizar a dialética do dito e do não-dito para aludir ao mesmo que não cessa de ser outro" (1).
- Referência:
- (1) SOUZA, Ronaldes Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: Revista Linha de Pesquisa, Revista de Letras da UVA. Rio de Janeiro, ano I, n.1, out. de 2000, p.47.
- Ver também:
2
- "Signo é, pois, o não mostrar-se. Mas este não do signo não se identifica com o não da linguagem, isto é, com o parecer e a aparência. Pois o que não se mostra também nunca poderá aparecer e, por conseguinte, parecer. Signos são metáforas, alegorias, sintomas, índices, indicações, embora cada um o seja à sua maneira" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Texto distribuído em sala de aula, num curso da pós, em 1971. Faculdade de Letras - UFRJ.
3
- "E como foi resolvida a incompatibilidade entre o que diziam as obras mítico-poéticas e as obras religiosas? Claro que estas deveriam determinar aquelas, numa sociedade dominada pela religião. Além do suporte filosófico-teológico, a sua exegese se baseou em um recurso usado até hoje para classificar, comentar, interpretar e analisar as obras de arte: Estas, é claro, também diziam a verdade (e nem poderia ser de outra maneira, dada a excelência e profundidade do seu conteúdo). As obras mítico-poéticas foram reduzidas a símbolos e alegorias. Tudo o que elas diziam era simbólico e alegórico. Isso para os gregos e para o Helenismo era algo totalmente desconhecido. Essas palavras não aparecem no diálogo Íon de Platão. As obras eram a própria manifestação da realidade. E essa era a sua verdade. Por isso, em grego, verdade diz-se: a-letheia, desvelamento, des-encobrimento" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 126.
4
- "O homem grego não via na tragédia de Sófocles Édipo Rei (e nas outras obras) nenhum símbolo e nenhuma alegoria. O que acontecia no palco era um espelho/reflexão do que poderia acontecer com ele. Daí a questão apontada por Aristóteles em sua Poética, a catarsis. As questões que as obras abordavam eram as suas questões, pois também não havia de maneira alguma o termo ficção. Isso foi uma invenção moderna, para diferenciar a realidade das obras poéticas e a realidade positivista estabelecida pela verdade científica. Para o homem grego em geral, para os grandes pensadores e grandes poetas, não havia a verdade qualificada ou atributiva. Verdade é simplesmente verdade" (1).
- Referência: