Leitura

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Ler]] é alimentar-se da e pela [[memória]] do que já desde sempre somos. [[Ser]] é o que há de mais autêntico, íntimo, profundo, imediato, evidente em cada um. O [[dizer]] mais radical e essencial é sempre: ''eu sou''. Onde o sou é que é a fonte originária de todo [[eu]], de toda [[subjetividade]]. Mas também o mais misterioso. O hábito das leituras essenciais nos predispõe para a [[escuta]] do seu [[silêncio]], do seu [[mistério]]. Então se dá o sabor da [[sabedoria]] como advento do véu do [[mistério]] que se rasga: a [[morte]]. [[Viver]] e [[morrer]] são faces da mesma moeda. Mas quem faz do [[viver]] uma [[experienciação]] do morrer como [[sabedoria]]? A leitura silenciosa  e que interioriza prepara um tal [[diálogo]] e [[caminho]].
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: [[Ler]] é alimentar-se da e pela [[memória]] do que já desde sempre somos. [[Ser]] é o que há de mais [[autêntico]], íntimo, [[profundo]], imediato, [[evidente]] em cada um. O [[dizer]] mais [[radical]] e [[essencial]] é sempre: ''[[eu]] [[sou]]''. Onde o [[sou]] é que é a [[fonte]] [[originária]] de todo [[eu]], de toda [[subjetividade]]. Mas também o mais misterioso. O hábito das [[leituras]] [[essenciais]] nos predispõe para a [[escuta]] do seu [[silêncio]], do seu [[mistério]]. Então se dá o sabor da [[sabedoria]] como [[advento]] do véu do [[mistério]] que se rasga: a [[morte]]. [[Viver]] e [[morrer]] são faces da mesma moeda. Mas quem faz do [[viver]] uma [[experienciação]] do [[morrer]] como [[sabedoria]]? A [[leitura]] [[silenciosa]] e que interioriza prepara um tal [[diálogo]] e [[caminho]].
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Edição de 16h03min de 6 de Outubro de 2020

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Toda leitura só será verdadeira leitura se, para além da relação com um texto escrito, houver leitura de mundo e vida e do que toca a essência do ser humano. Não podemos reduzir a leitura à relação do leitor com a representação da realidade e do ser humano e suas questões. Toda leitura no que ela tem de essencial é apreender o sentido originário tanto da realidade quanto do ser humano em viver e realizar-se. Toda leitura, por isso, é o caminho do chegar a ser o que é em seu sentido, verdade e mundo.


- Manuel Antônio de Castro


Consultar também:
* Ler.

2

“[...] uma leitura é sempre uma aprendizagem de entrega” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 116.

3

Ler é alimentar-se da e pela memória do que já desde sempre somos. Ser é o que há de mais autêntico, íntimo, profundo, imediato, evidente em cada um. O dizer mais radical e essencial é sempre: eu sou. Onde o sou é que é a fonte originária de todo eu, de toda subjetividade. Mas também o mais misterioso. O hábito das leituras essenciais nos predispõe para a escuta do seu silêncio, do seu mistério. Então se dá o sabor da sabedoria como advento do véu do mistério que se rasga: a morte. Viver e morrer são faces da mesma moeda. Mas quem faz do viver uma experienciação do morrer como sabedoria? A leitura silenciosa e que interioriza prepara um tal diálogo e caminho.


- Manuel Antônio de Castro.

4

"O vigor permanente da obra (verdade) como figura (a disputa de delimitação e vazio/nada) está aí para ser manifestado, operado. Mas tem que ser uma operação que deixe a obra ser obra. A esta operação que não impõe uma perspectiva nem uma vontade subjetiva nem objetiva, é que Heidegger denomina Bewahrung. Nós escolhemos uma palavra portuguesa aproximada, pois toda tradução é sempre um aproximar: desvelo. Desvelo: grande cuidado, carinho, vigilância, dedicação sem impor, deixando ser, aguardar o que é próprio e persiste, resguardar o deixar acontecer. Nela ressoa o cuidado e doação amorosa como ocorre, por exemplo, no desvelo da mãe para com o filho, o que pressupõe também no leitor o desvelo para com o que na obra Se dá, presenteia (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Notas". In: HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 236.


5

"Todas as línguas, como ritos, dizem o diferente, mas como linguagem dizem sempre o mesmo, embora não digam as mesmas coisas. Só porque a linguagem diz sempre o mesmo é que um mesmo ser humano pode falar diferentes línguas, traduções podem ser feitas e haver a tradição viva da memória. Tudo isso é leitura" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A linguagem poética e instrumental". In: --------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 56.
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