Mudar

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: O [[ser humano]] e a [[realidade]] movem-se numa [[dobra]] [[misteriosa]]: mudam e permanecem. [[Rosa]] no maravilhoso [[conto]] “O espelho†afirma: “[[Tudo]], aliás, é a ponta de um [[mistério]]. Inclusive, os [[fatos]]. Ou a [[ausência]] deles. Duvida? Quando [[nada]] acontece, há um [[milagre]] que não estamos vendo†(1).  
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: O [[ser humano]] e a [[realidade]] movem-se numa [[dobra]] [[misteriosa]]: mudam e permanecem. [[Rosa]] no maravilhoso conto “O espelho†afirma: “[[Tudo]], aliás, é a ponta de um [[mistério]]. Inclusive, os [[fatos]]. Ou a [[ausência]] deles. Duvida? Quando [[nada]] acontece, há um [[milagre]] que não estamos vendo†(1).  
: Embora muitas vezes nos pareça que está [[tudo]] parado, que há somente repetições, o [[autor]] vai justamente afirmar o contrário: há [[sempre]] [[algo]] [[acontecendo]] como [[milagre]]. Que [[milagre]] é esse? O [[milagre]] do [[mudar]] e [[permanecer]]. Estes constituem uma [[dobra]] e não e jamais uma [[dicotomia]].
: Embora muitas vezes nos pareça que está [[tudo]] parado, que há somente repetições, o [[autor]] vai justamente afirmar o contrário: há [[sempre]] [[algo]] [[acontecendo]] como [[milagre]]. Que [[milagre]] é esse? O [[milagre]] do [[mudar]] e [[permanecer]]. Estes constituem uma [[dobra]] e não e jamais uma [[dicotomia]].
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Edição de 22h16min de 23 de Dezembro de 2024

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O ser humano e a realidade movem-se numa dobra misteriosa: mudam e permanecem. Rosa no maravilhoso conto “O espelho†afirma: “Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo†(1).
Embora muitas vezes nos pareça que está tudo parado, que há somente repetições, o autor vai justamente afirmar o contrário: há sempre algo acontecendo como milagre. Que milagre é esse? O milagre do mudar e permanecer. Estes constituem uma dobra e não e jamais uma dicotomia.


- Manuel Antônio de Castro.
(1) ROSA, João Guimarães. "O espelho". In:-----. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1967, p. 71.

2

"O permanecer da noite é a possibilidade do mudar do dia. O mudar do dia é a possibilidade do permanecer da noite, porque esta não pode permanecer sem o dia ser mudança. A mudança do dia é a permanência da noite. A permanência da noite é a mudança do dia. Não podemos nunca apreender e aprender a permanência como o que se tornou estático. A permanência não é estática nem dinâmica, porque não é. Vigora. Acontece. O acontecer é o vigorar que se presenteou em sentido. O sentido é a vigência da linguagem do ser. O vigorar jamais pode tornar-se apenas devir. Ser devir é estar sendo. O ser nunca está sendo, só sendo no estar. Apenas o sendo pode e deve estar sendo. O sendo é o estar que vigora no permanecer e mudar. Só o sendo permanece e muda, torna-se, é devir, aparecer e desaparecer, parecendo no estar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Passado". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 259.
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