Consumo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba.''' "[[Diálogo]] com Chuang Tzu, hoje". In: Revista Tempo Brasileiro, 171 - [[Permanência]] e atualidade da [[Poética]]. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 170.'''
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: (2) [[HEIDEGGER]], Martin. '''[[Língua]] de [[tradição]] e [[língua]] [[técnica]]. Lisboa: Veja, 1999, p. 9-10.'''

Edição atual tal como 22h24min de 14 de fevereiro de 2025

1

A obra de arte em vez de ser obra do real é obra para o público. Este vetor legitima o consumo, o que não é garantia, por si só, do permanente, porque o público, quando tem como objeto do desejo o desejo do objeto e não de si mesmo, acaba consumindo objetos e não consumando a si mesmo. Nessa feira de representações, consuma-se o formato, o transitório, o descartável. E o público, alicerce aparente dessa obra, torna-se o objeto maior descartável, na mudança aparente de objetos, onde se collhe e recolhe o vazio. O público, pretenso sujeito, é vítima (objeto) das representações. Por isso é um consumo que não consuma.


- Manuel Antônio de Castro

2

"“Que deve e que pode – pergunta o autor - ainda o inútil face à preponderância do utilizável” (2). Que pode o vazio fazer mediante o desvario do consumo? Que pode o nada ante o descomunal desconcerto do mundo atual? E, dialeticamente, contraditoriamente, paradoxalmente, esse “desconcerto do mundo”, para citar as palavras de Camões, é de uma utilidade tamanha para mostrar, a vacuidade dessa desacerto" (1).


Referências:
(1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: Revista Tempo Brasileiro, 171 - Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 170.
(2) HEIDEGGER, Martin. Língua de tradição e língua técnica. Lisboa: Veja, 1999, p. 9-10.
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