Modernidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) PAZ, Octavio. ''A outra voz''. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 34.
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:"A Idande Moderna começa com a crítica à [[Eternidade]] cristã e com a aparição de outro [[tempo]]. De um lado, o tempo finito do cristianismo, com um começo e um fim, se converte no tempo quase infinito da evolução natural e da [[história]], aberto em direção ao futuro. De outro lado, a modernidade desvaloriza a Eternidade: a perfeição se traslada para o futuro, não no outro [[mundo]], mas neste. Basta lembrar a imagem célebre de Hegel: a rosa da razão está crucificada no presente. A história, disse, é um Calvário: transposição do mistério cristão em ação histórica. O caminho em direção ao absoluto passou pelo tempo, foi tempo. Por usa vez, entre os diversos modos do tempo, a sempre diferida perfeição residiu no [[futuro]]. As mudanças e as [[revoluções]] foram encarnações do movimento dos homens em direção ao futuro e seus paraísos" (1).
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: (1) PAZ, Octavio. ''A outra voz''. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 36.

Edição de 12h09min de 5 de Abril de 2010

1

"Na funcionalidade do ser e na operatividade da verdade se concentra toda a modernidade" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 161-162.


Ver também:


2

A modernidade como etapa da metafísica humanista está fundada em três verdades:
No cristianismo está a verdade do crer;
Na ciência está a verdade do saber;
Na técnica está a verdade do fazer.
É claro que aqui falta a arte, que é cooptada pelo saber e pelo fazer, agenciados pelos gêneros e pelos estilos de época, pelo saber das ideologias e pelo fazer retórico-sofístico das formas. A verdade sem atributos, que é a da arte, concentra-se nas grandes obras de arte. Contudo quem a experiencia no silêncio da sua existência e na opressão das três verdades atributivas? Para aprofundar a questão, conferir o ensaio "O pensamento a serviço do silêncio" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O pensamento a serviço do silêncio". In: SCHUBACK, Marcia S. C. (org.). Ensaios de filosofia. Petrópolis: Vozes, 1999.


Ver também:


3

"Segundo Habermas, a modernidade se caracteriza por ter criado uma disjunção, um hiato, entre o mundo vivido e o sistema (Entkopplung)" (1).


Referência:
(1) FREITAG, Bárbara. A teoria crítica: ontem e hoje. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 62.

4

"Para a constituição deste real, sob a égide da chamada Idade Moderna, Martin Heidegger nos aponta cinco características fundamentais, a saber: em primeiro lugar, a ciência; em segundo lugar, esta, de algum modo, convertida em técnica mecanizada; em terceiro lugar, o processo que introduz a arte no horizonte da estética; em quarto, o fato de que o obrar humano se interpreta e realiza como cultura; e, por último, em quinto lugar, a desdivinização, a dessacralização ou a perda dos deuses" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 23.


Ver também:


5

"Toda a dinâmica da modernidade, movida como é pelo impulso de dominação da natureza, pela compulsão de destruir o mistério, de desfazer todas as zonas de paradoxo, se propõe como um ato de liberdade. A humanidade do homem é pensada na razão direta de sua capacidade de afirmar seu poderio sobre tudo que existe" (1).


Referência:
(1) UNGER, Nancy Mangabeira. "Heidegger e a espera do inesperado". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 164. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p.181.


6

voz oracular do deus que não diz nem dissimula, mas assinala o retraimento, se opõe o barulho ensurdecedor da Verdade, da programação, da definição definitiva, a voz da instituição que tudo fala e tudo esconde; que não emite sinais e sim ordens, que não indica mas codifica" (1).


Referência:
(1) UNGER, Nancy Mangabeira. "Heidegger e a espera do inesperado". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 164. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p.182.


7

"O que queremos dizer com esta palavra: modernidade? Quando começou? Alguns pensam que se iniciou com o Renascimento, a Reforma e o descobrimento da América; outros imaginam que começou com o nascimento dos Estados nacinais, a instituição bancária, o nascimento do capitalismo mercantil e o surgimento da burguesia; uns poucos insistem em que o fator decisivo foi a revolução científica e filosófica do século XVIII, sem a qual não teríamos nem técnica nem indústria. Todas estas opiniões são admissíveis" (1).


Referência:
(1) PAZ, Octavio. A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 34.


Ver também:


8

"A modernidade começa com uma crítica da religião, da filosofia, da moral, do direito, da história, da economia e da política. A crítica é seu traço diferencial, seu sinal de nascimento. Tudo o que foi a Idade Moderna tem sido obra da crítica, entendida esta como um método de pesquisa, criação e ação" (1).


Referência:
(1) PAZ, Octavio. A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 34.


9

"A Idande Moderna começa com a crítica à Eternidade cristã e com a aparição de outro tempo. De um lado, o tempo finito do cristianismo, com um começo e um fim, se converte no tempo quase infinito da evolução natural e da história, aberto em direção ao futuro. De outro lado, a modernidade desvaloriza a Eternidade: a perfeição se traslada para o futuro, não no outro mundo, mas neste. Basta lembrar a imagem célebre de Hegel: a rosa da razão está crucificada no presente. A história, disse, é um Calvário: transposição do mistério cristão em ação histórica. O caminho em direção ao absoluto passou pelo tempo, foi tempo. Por usa vez, entre os diversos modos do tempo, a sempre diferida perfeição residiu no futuro. As mudanças e as revoluções foram encarnações do movimento dos homens em direção ao futuro e seus paraísos" (1).


Referência:
(1) PAZ, Octavio. A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 36.
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