Vigorar
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :(1) | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Amar]] e [[ser]]". In: ------. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.''' |
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+ | : Ao [[mudar]] [[permanecendo]] e ao [[permanecer]] [[mudando]] é o que denominamos [[vigorar]]. Os [[gregos]] denominaram este com a [[palavra]] ''[[arkhé]]''. A [[tradução]] [[tradicional]] é [[princípio]]. O [[perigo]] desta [[tradução]] está no seu [[possível]] [[entendimento]]: que o [[princípio]] principie e deixe o principiado à sua [[sorte]] se fazendo. | ||
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+ | : O [[tempo]] não permanece nem muda, [[vigora]], por isso é que mudando permanecemos, pois não há o [[mudar]] e o [[permanecer]] da [[vida]] sem o [[vigorar]] do [[tempo]]. | ||
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Edição atual tal como 20h57min de 1 de Junho de 2025
1
- O vigorar é o acontecer poético: dá-se, desvela-se e vela-se. É o motivo por detrás de um outro motivo. Motivo é tudo que vigora na realidade. Sejam os nossos sentidos, sejam as teorias, eles nunca percebem e nem poderão perceber o que não se dá a perceber nos sentidos e nas teorias. É que por detrás de todo motivo há sempre um outro motivo. É nesse sentido que o pensador Heráclito nos diz: "Physis kryptestai philei": A realidade ama velar-se. Ou seja: O que não cessa de vigorar desdobrando-se apropria-se no velar-se. O que não cessa de vigorar velando-se é o acontecer poético da realidade. O motivo por detrás de outro motivo é o desvelar-se e velar-se. É isso que os gregos consideravam verdade, ou seja, aletheia.
2
- "O vigorar da inclusão é que faz a proximidade e distância fazerem-se sempre presentes no amar e não parecer no aparecer. É o dar-se união amorosa. Só há aparência do aparecer quando há o esquecimento do sentido do ser, porque o aparecer se move no plano dos entes. E estes nunca podem fundar ser, porque só este é vigorar, acontecer. Amar é acontecer" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.
3
4
- Ao mudar permanecendo e ao permanecer mudando é o que denominamos vigorar. Os gregos denominaram este com a palavra arkhé. A tradução tradicional é princípio. O perigo desta tradução está no seu possível entendimento: que o princípio principie e deixe o principiado à sua sorte se fazendo.
5
- O tempo não permanece nem muda, vigora, por isso é que mudando permanecemos, pois não há o mudar e o permanecer da vida sem o vigorar do tempo.