Simples

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Coisas [[simples]] não podem [[ser]] apenas [[simples]]. Por detrás de [[todo]] [[motivo]] há um outro [[motivo]]" (1).  
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: A [[palavra]] [[simples]] se forma da [[língua]] latina e diz originalmente o que é ''sine'' ''plex'', isto é, o ''sem'' ''dobra''. O sem [[dobra]] é o que [[vigora]] desdobrando-se. [[Desdobrar]] é [[todo]] [[acontecer]] da [[dobra]], isto é, o [[vigorar]] do que é [[simples]]. Sem o [[simples]] não há [[dobra]], o desdobrar-se. Sem o desdobrar-se não há [[simples]]. Este, pode, portanto ser considerado a [[unidade]] de [[pensar]] e [[ser]], segundo a sentença III de Parmênides:
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: Referências
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: (1) ULLMANN, Liv. No filme: ''Infiel'', com roteiro de Ingmar Bergman.
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: (1) ULLMANN, Liv.''' Fala da personagem Mariane, no [[filme]]: Infiel, com roteiro de Ingmar Bergman e dirigido por Liv Ullmann.'''
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: (2) Sentença '''III, (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: Os [[pensadores]] [[originários]] - Anaximandro, Parmênides, [[Heráclito]]. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45.'''
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: A acumulação de muitos [[conhecimentos]] não dá nem traz necessariamente o que em todo [[saber]] se deve [[conhecer]]: o [[ético]] de todo [[conhecer]]. Quando o [[ético]] é o [[valor]] de todo [[conhecer]], o muito dá lugar ao [[simples]]: a [[simplicidade]] do que se [[é]] em [[tudo]] o que se conhece e não conhece. O [[simples]] é o sem [[dobra]]: a [[unidade]], o [[originário]] em [[plenitude]], o repouso da [[fala]] plena do [[silêncio]], [[ser]] o [[não-ser]]. Quando se dá e acontece a [[aprendizagem]] da [[simplicidade]] do que se [[é]], então o muito [[saber]] da [[erudição]] se reduz à [[simplicidade]] do [[não-saber]] do muito [[conhecer]]. Na [[simplicidade]] do [[não-saber]] vigora o [[poético]], o [[não-saber]] do muito e de todo [[conhecer]].
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: (2) Sentença '''III''', (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: ''Os pensadores originários'' - ''Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].

Edição atual tal como 20h42min de 16 de março de 2025

1

"Coisas simples não podem ser apenas simples. Por detrás de todo motivo há um outro motivo" (1).
A palavra simples se forma da língua latina e diz originalmente o que é sine plex, isto é, o sem dobra. O sem dobra é o que vigora desdobrando-se. Desdobrar é todo acontecer da dobra, isto é, o vigorar do que é simples. Sem o simples não há dobra, o desdobrar-se. Sem o desdobrar-se não há simples. Este, pode, portanto ser considerado a unidade de pensar e ser, segundo a sentença III de Parmênides:
"...pois o mesmo é pensar e ser" (2)...
Todo vigorar da dobra é um entre em que todo sendo vigora. O vigorar é o acontecer poético: dá-se e vela-se. É o motivo por detrás de um outro motivo. Motivo é tudo que vigora na realidade.


- Manuel Antônio de Castro
Referências
(1) ULLMANN, Liv. Fala da personagem Mariane, no filme: Infiel, com roteiro de Ingmar Bergman e dirigido por Liv Ullmann.
(2) Sentença III, (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45.

2

A acumulação de muitos conhecimentos não dá nem traz necessariamente o que em todo saber se deve conhecer: o ético de todo conhecer. Quando o ético é o valor de todo conhecer, o muito dá lugar ao simples: a simplicidade do que se é em tudo o que se conhece e não conhece. O simples é o sem dobra: a unidade, o originário em plenitude, o repouso da fala plena do silêncio, ser o não-ser. Quando se dá e acontece a aprendizagem da simplicidade do que se é, então o muito saber da erudição se reduz à simplicidade do não-saber do muito conhecer. Na simplicidade do não-saber vigora o poético, o não-saber do muito e de todo conhecer.


- Manuel Antônio de Castro.
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