Dizer

De Dicionário de Poética e Pensamento

(Diferença entre revisões)
 
(5 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 13: Linha 13:
: Ver também:
: Ver também:
-
: LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Leitura órfica de uma sentença [[grega]]". In: ---. '''[[Aprendendo]] a [[pensar]] II. Petrópolis: Vozes, 1972'''.
+
: LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "[[Leitura]] órfica de uma [[sentença]] [[grega]]". In: ---. [[Aprendendo]] a [[pensar]] II. Petrópolis: Vozes, 1972'''.
== 2 ==
== 2 ==
Linha 29: Linha 29:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) Cf. ERNOUT E MEILLET. '''Dictionnaire etymologique de la langue latine'''. Paris: Éditions Klincksieck, 1979, p. 754.
+
: (1) Cf. ERNOUT E MEILLET. '''Dictionnaire etymologique de la langue latine. Paris: Éditions Klincksieck, 1979, p. 754. '''
== 4 ==
== 4 ==
Linha 37: Linha 37:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: ----. '''A caminho da Linguagem'''. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 173.
+
: (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "A [[palavra]]". In: ----. A [[caminho]] da [[Linguagem]]. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 173.'''
== 5 ==
== 5 ==
Linha 45: Linha 45:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: ----. '''A caminho da Linguagem'''. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 189.
+
: (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "A [[palavra]]". In: ----. A [[caminho]] da [[Linguagem]]. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 189.'''

Edição atual tal como 18h50min de 6 de fevereiro de 2025

1

O Ser se diz no dizer que dita ao homem o humano. Só pelo ditar do sagrado é que o homem em verdade fala, pois então fala a fala da linguagem. Quando se compreendeu o homem como "animal racional", ou seja, "animal que fala", já não se ouviu na tradução da sentença grega para o latim: "dzoion logon echon", dentro de um paradigma da lógica classificativa, o seu sentido originário. "Dzoion" não é "animal" nem "logon" é "racional" ou "que fala", como algo predicativo de um corpo animal, isto é, como uma faculdade entre outras do organismo animal/homem/corpo. O seu sentido originário diz: "O homem é o vigente no vigor originário da fala do sagrado". Uma outra tradução possível nos diz: "O homem é o vigente no ditar poético do sagrado da vida". Ditar é o dizer do Ser, ou seja, o dizer do Ser no ditar poético que funda os poetas e pensadores. Por isso, diz Heidegger em O que é metafísica?:
"O pensador diz o Ser, os poetas nomeiam o sagrado" (1).


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. O que é metafísica?.
Ver também:
LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Leitura órfica de uma sentença grega". In: ---. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1972.

2

Dizer e voz têm sempre a mesma origem: a fala do sagrado. Dizer é o doar-se do sagrado em sentido e mundo no vigorar da linguagem. Neste sentido todo dizer é poético e ético.


- Manuel Antônio de Castro

3

O que é isto – o dizer? O que é isto – a voz? A palavra latina voz liga-se à raiz indo-européia *wek.*, que indica a emissão de voz com todas as forças religiosas e jurídicas (no sentido do “jus dicere†divino) (1). Daí vem o sentido poético e originário do que é denso, consistente, que perdura, porque provém do sagrado. Sem esta voz não há fala humana, pois não há linguagem nem sentido, não há mundo, não há, enfim, o humano. A voz do poeta, do aedo, é a voz do sagrado. Claro que se entende aí por “forças†o que é portador de sentido, de verdade, de acontecer, de ético, de mundo. São a dynamis e enérgeia aristotélicas.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) Cf. ERNOUT E MEILLET. Dictionnaire etymologique de la langue latine. Paris: Éditions Klincksieck, 1979, p. 754.

4

"A palavra, no modo em que já foi palavra, perdeu-se do antigo lugar em que deuses apareciam. Como já foi a palavra? A proximidade de um deus acontecia na própria saga de um dizer. O dizer era em si mesmo o deixar aparecer do que havia sido contemplado por aqueles que dizem, porque isso já os havia contemplado. Esse olhar trouxe os que dizem e os que escutam para a intimidade infinita da luta entre homens e deuses" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 173.

5

"Todo dizer vigoroso remonta a esse mútuo pertencer de dizer e ser, de palavra e coisa. Ambos, poesia e pensamento, são uma extraordinária saga do dizer, quando se responsabilizam pelo mistério da palavra, enquanto o que há de mais digno a se pensar, permanecendo assim articulados na sua afinidade" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 189.
Ferramentas pessoais