Dizer
De Dicionário de Poética e Pensamento
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- | : (1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: ----. | + | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "A [[palavra]]". In: ----. A [[caminho]] da [[Linguagem]]. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 189.''' |
Edição atual tal como 18h50min de 6 de fevereiro de 2025
1
- O Ser se diz no dizer que dita ao homem o humano. Só pelo ditar do sagrado é que o homem em verdade fala, pois então fala a fala da linguagem. Quando se compreendeu o homem como "animal racional", ou seja, "animal que fala", já não se ouviu na tradução da sentença grega para o latim: "dzoion logon echon", dentro de um paradigma da lógica classificativa, o seu sentido originário. "Dzoion" não é "animal" nem "logon" é "racional" ou "que fala", como algo predicativo de um corpo animal, isto é, como uma faculdade entre outras do organismo animal/homem/corpo. O seu sentido originário diz: "O homem é o vigente no vigor originário da fala do sagrado". Uma outra tradução possÃvel nos diz: "O homem é o vigente no ditar poético do sagrado da vida". Ditar é o dizer do Ser, ou seja, o dizer do Ser no ditar poético que funda os poetas e pensadores. Por isso, diz Heidegger em O que é metafÃsica?:
- "O pensador diz o Ser, os poetas nomeiam o sagrado" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. O que é metafÃsica?.
- Ver também:
- LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Leitura órfica de uma sentença grega". In: ---. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1972.
2
- Dizer e voz têm sempre a mesma origem: a fala do sagrado. Dizer é o doar-se do sagrado em sentido e mundo no vigorar da linguagem. Neste sentido todo dizer é poético e ético.
3
- O que é isto – o dizer? O que é isto – a voz? A palavra latina voz liga-se à raiz indo-européia *wek.*, que indica a emissão de voz com todas as forças religiosas e jurÃdicas (no sentido do “jus dicere†divino) (1). Daà vem o sentido poético e originário do que é denso, consistente, que perdura, porque provém do sagrado. Sem esta voz não há fala humana, pois não há linguagem nem sentido, não há mundo, não há, enfim, o humano. A voz do poeta, do aedo, é a voz do sagrado. Claro que se entende aà por “forças†o que é portador de sentido, de verdade, de acontecer, de ético, de mundo. São a dynamis e enérgeia aristotélicas.
- Referência:
- (1) Cf. ERNOUT E MEILLET. Dictionnaire etymologique de la langue latine. Paris: Éditions Klincksieck, 1979, p. 754.
4
- "A palavra, no modo em que já foi palavra, perdeu-se do antigo lugar em que deuses apareciam. Como já foi a palavra? A proximidade de um deus acontecia na própria saga de um dizer. O dizer era em si mesmo o deixar aparecer do que havia sido contemplado por aqueles que dizem, porque isso já os havia contemplado. Esse olhar trouxe os que dizem e os que escutam para a intimidade infinita da luta entre homens e deuses" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 173.
5
- "Todo dizer vigoroso remonta a esse mútuo pertencer de dizer e ser, de palavra e coisa. Ambos, poesia e pensamento, são uma extraordinária saga do dizer, quando se responsabilizam pelo mistério da palavra, enquanto o que há de mais digno a se pensar, permanecendo assim articulados na sua afinidade" (1).
- Referência: