Imagem-poética

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O que é uma [[personagem-questão]]? É uma [[personagem]] que como tal não existe senão para encarnar, hipostasiar uma ou mais [[questões]]. O próprio Rosa as denomina persona-gente. Riobaldo aparece contando para um [[leitor-questão]] toda a [[estória]] e [[história]] de sua [[vida]]. Porém, o [[leitor]], aparentemente nunca diz [[nada]]. Só [[escuta]]. É nessa [[escuta]] que podemos, dialogando, [[escutar]] tanto o que a [[imagem-questão]] [[ser-tão]] quer nos dizer, quanto a [[imagem-questão]] [[veredas]]. O que é [[imagem-questão]]? É uma [[imagem-poética]] que se torna [[verbo]] e [[presença]] para [[manifestar]] de modo vivo a [[questão]] ou [[questões]]. Por isso também podemos nomeá-la [[imagem-poética]], na medida em que toda [[poética]] pensa o [[acontecer]] do [[ser]], no [[dizer]] do Rosa, o [[ser-tão]]. Esse [[dizer]] é o que quis [[dizer]] com [[verbo]] e [[presença]], pois no caso trata-se da [[essência]] do [[agir]] e [[pensar]].  
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 18.
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 18.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 18.
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 18.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 19.'''
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: "''[[Physis]]'', para os [[gregos]], é a totalidade dos [[fenômenos]] físicos, [[históricos]] e [[culturais]]. Em vista disso, jamais pode ser conceituada. [[Imagem-poética]] é [[sempre]] [[questão]]" (1).
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Obra]] de [[arte]] e [[imagem]]-[[questão]]". In: ---------. [[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 234.'''

Edição atual tal como 22h47min de 9 de janeiro de 2025

Tabela de conteúdo

1

O que é uma personagem-questão? É uma personagem que como tal não existe senão para encarnar, hipostasiar uma ou mais questões. O próprio Rosa as denomina persona-gente. Riobaldo aparece contando para um leitor-questão toda a estória e história de sua vida. Porém, o leitor, aparentemente nunca diz nada. Só escuta. É nessa escuta que podemos, dialogando, escutar tanto o que a imagem-questão ser-tão quer nos dizer, quanto a imagem-questão veredas. O que é imagem-questão? É uma imagem-poética que se torna verbo e presença para manifestar de modo vivo a questão ou questões. Por isso também podemos nomeá-la imagem-poética, na medida em que toda poética pensa o acontecer do ser, no dizer do Rosa, o ser-tão. Esse dizer é o que quis dizer com verbo e presença, pois no caso trata-se da essência do agir e pensar.


- Manuel Antônio de Castro.

2

"Os grandes poetas só trabalham com questões, com as grandes questões. Mas suas veredas são densificadas pela sedução e sabor da linguagem de toda poiesis. Seus caminhos e descaminhos são o canto encantatório da memória: o que foi, é e será. Sua Linguagem é a Palavra, como Imagem-poética. Cada Palavra-imagem traz em si o sentido e a verdade manifestativa. Por isso não precisa das proposições como lugar da verdade lógica e científica. Cada Palavra, por ser poética, é núcleo de múltiplos sentidos e possibilidades de revelação. Diante da riqueza ofuscante e da ressonância sem limites da linguagem do silêncio, eles movem-se na fonte inaugural das imagens-poéticas. Uma imagem é sempre um dizer sonoro do silêncio. É a imagem-poética" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 18.

3

"Imagem-poética é sempre questão. A imagem-questão, como a linguagem, não é. Por isso, a obra de arte, enquanto operar de poiesis, não é ente. Como a linguagem, é doação do ser. Por isso, a imagem-questão não é ente, a obra não é ente, como a verdade (aletheia) não é ente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 18.

4

"A imagem-questão é a imagem-poética nos con-vocando para a escuta das grandes questões, onde essa escuta é a condição fundamental de todo diá-logo e de todas as interpretações. Na imagem-poética comparece sempre a poiesis como vigor de todo agir essencial e, ao mesmo tempo, o ethos, como linguagem e sentido do ser. Na medida em que é ethos e sentido, a interpretação se torna o horizonte onde se decide o que somos enquanto valor e sentido. Por isso, de ethos se originou a ética" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 19.

5

"Physis, para os gregos, é a totalidade dos fenômenos físicos, históricos e culturais. Em vista disso, jamais pode ser conceituada. Imagem-poética é sempre questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte e imagem-questão". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 234.
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