Páthos

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"O primeiro e, ao que eu saiba, o único a falar do [[pensar]] como ''páthos'', como prova que se funda sobre alguém que deve suportá-la, foi Platão, que, no ''Teeteto'' (155d), cita o [[espanto]] como o início da filosofia, certamente sem ter em vista a simples surpresa que nasce em nós quando encontramos algo estranho. Pois o espanto que é o começo da [[filosofia]] - tal como a [[surpresa]] é o começo das ciências - vale para o [[cotidiano]], o evidente, o perfeitamente conhecido e reconhecido; é também a razão de não ser redutível a nenhum [[conhecimento]]. Heidegger fala uma vez, na total acepção de Platão, do 'poder de se espantar diante do simples', mas à diferença de Platão acrescenta: 'e aceitar esse espanto como [[morada]]'" (1).  
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: "O primeiro e, ao que eu saiba, o único a falar do [[pensar]] como ''[[páthos]]'', como prova que se funda sobre alguém que deve suportá-la, foi [[Platão]], que, no ''Teeteto'' (155d), cita o [[espanto]] como o [[início]] da [[filosofia]], certamente sem ter em vista a simples surpresa que nasce em nós quando encontramos algo [[estranho]]. Pois o [[espanto]] que é o [[começo]] da [[filosofia]] - tal como a [[surpresa]] é o começo das [[ciências]] - vale para o [[cotidiano]], o [[evidente]], o perfeitamente conhecido e reconhecido; é também a [[razão]] de não ser redutível a nenhum [[conhecimento]]. [[Heidegger]] fala uma vez, na total acepção de [[Platão]], do '[[poder]] de se [[espantar]] diante do [[simples]]', mas à [[diferença]] de [[Platão]] acrescenta: 'e aceitar esse [[espanto]] como [[morada]]'" (1).  
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:(1) ARENDT, Hannah. ''Homem em tempos sombrios''. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 227.
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: (1) ARENDT, Hannah. ''Homem em tempos sombrios''. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 227.
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: "O espanto é, enquanto ''pathos'', a ''arche'' da filosofia. Devemos [[compreender]], em seu pleno [[sentido]], a [[palavra]] grega ''arche''. Designa aquilo de onde algo surge. Mas este "de onde" não é deixado para trás no surgir; antes a ''arche'' torna-se aquilo que é expresso pelo verbo ''archein'', o que impera. O ''pathos'' do [[espanto]] não está simplesmente no começo da [[filosofia]], como, por exemplo, o lavar as mãos precede a operação do cirurgião. O espanto carrega a filosofia e impera em seu interior" (1).
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: "O [[espanto]] é, enquanto ''[[pathos]]'', a ''[[arché]]'' da [[filosofia]]. Devemos [[compreender]], em seu pleno [[sentido]], a [[palavra]] grega ''[[arché]]''. Designa aquilo de onde algo surge. Mas este "de onde" não é deixado para trás no surgir; antes a ''[[arché]]'' torna-se aquilo que é expresso pelo [[verbo]] ''archein'', o que impera. O ''[[pathos]]'' do [[espanto]] não está simplesmente no começo da [[filosofia]], como, por exemplo, o lavar as mãos precede a operação do cirurgião. O [[espanto]] carrega a [[filosofia]] e impera em seu interior" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Que é isto a filosofia?''; ''Identidade e diferença''. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Duas Cidades, 2006, p. 29.
: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Que é isto a filosofia?''; ''Identidade e diferença''. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Duas Cidades, 2006, p. 29.
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: “É assim que ''[[sentido]]'' constitui-se no ''[[páthos]]'', no [[afeto]] ou no ''modo de [[ser]]'', ao qual nós nos atemos, porque antes de tudo ''já o somos'' e, em nos atendo, nos projetamos e nos ''orientamos''. Ele, o [[sentido]], dita, revela, evidencia o ''de onde'' e o ''para onde''” (1).
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: (1) FOGEL, Gilvan. "Filosofia como compreensão do que é, ou como a verdade do real". In: -----. ''O que é filosofia? - Filosofia como exercício de finitude -''. Aparecida / SP: Editora Ideias e Letras, 2009, 47.

Edição atual tal como 15h07min de 19 de Abril de 2020

1

"O primeiro e, ao que eu saiba, o único a falar do pensar como páthos, como prova que se funda sobre alguém que deve suportá-la, foi Platão, que, no Teeteto (155d), cita o espanto como o início da filosofia, certamente sem ter em vista a simples surpresa que nasce em nós quando encontramos algo estranho. Pois o espanto que é o começo da filosofia - tal como a surpresa é o começo das ciências - vale para o cotidiano, o evidente, o perfeitamente conhecido e reconhecido; é também a razão de não ser redutível a nenhum conhecimento. Heidegger fala uma vez, na total acepção de Platão, do 'poder de se espantar diante do simples', mas à diferença de Platão acrescenta: 'e aceitar esse espanto como morada'" (1).


Referência:
(1) ARENDT, Hannah. Homem em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 227.

2

"O espanto é, enquanto pathos, a arché da filosofia. Devemos compreender, em seu pleno sentido, a palavra grega arché. Designa aquilo de onde algo surge. Mas este "de onde" não é deixado para trás no surgir; antes a arché torna-se aquilo que é expresso pelo verbo archein, o que impera. O pathos do espanto não está simplesmente no começo da filosofia, como, por exemplo, o lavar as mãos precede a operação do cirurgião. O espanto carrega a filosofia e impera em seu interior" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Que é isto a filosofia?; Identidade e diferença. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Duas Cidades, 2006, p. 29.

3

“É assim que sentido constitui-se no páthos, no afeto ou no modo de ser, ao qual nós nos atemos, porque antes de tudo já o somos e, em nos atendo, nos projetamos e nos orientamos. Ele, o sentido, dita, revela, evidencia o de onde e o para onde” (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "Filosofia como compreensão do que é, ou como a verdade do real". In: -----. O que é filosofia? - Filosofia como exercício de finitude -. Aparecida / SP: Editora Ideias e Letras, 2009, 47.
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