Verdade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:A verdade pode-se referir ao real enquanto desvelamento e velamento e aí então ela se realiza enquanto sentido e essência da ''[[phýsis]]'' como [[agir]]/''[[poíesis]]''. Mas também pode referir-se à [[proposição]] e então será verdadeira ou falsa dentro do estreito ciclo de relação do código, onde verdadeiro e falso dizem respeito ao significado. Não há significação fora do código e da proposição. Esta verdade do e como significado vive das relações inerentes:
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:A verdade pode se referir ao real enquanto desvelamento e velamento e aí então ela se realiza enquanto sentido e essência da ''[[phýsis]]'' como [[agir]]/''[[poíesis]]''. Mas também pode referir-se à [[proposição]] e então será verdadeira ou falsa dentro do estreito ciclo de relação do código, onde verdadeiro e falso dizem respeito ao [[significado]]. Não há significação fora do código e da proposição. Esta verdade do e como significado vive das relações inerentes:
:a) À proposição;
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:b) Ao período;
:b) Ao período;
:c) Ao contexto.
:c) Ao contexto.
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:Nem sempre parte-se do significado da proposição em relação ao código. Um tal significado e uma tal verdade é necessariamente relacional aos predicativos e à representação do que se diz na enunciação e no enunciado. Olhando uma rede/texto, notamos que cada nó rizomático tem múltiplas linhas que se originam nele mas que constituem relações de manifestação predicativa do que é inerente ao nó. Essas relações nunca levam em consideração os vazios onde estão suspensas as linhas/relações. Mas é do [[vazio]] surgem os sentidos. As relações entre os nós formam os períodos e os textos e o todo como dis-curso. Um dis-curso resulta de uma linearidade que pressupõe o ideológico que dá origem a diferentes dis-cursos. Isso é motivado pelas diferentes disciplinas e pela redução da ''poíesis'' à ''práxis''. Porém, a ''práxis'' pressupõe a ''poíesis'' e a reduz a um aprendizado. A ''práxis'' não é possível ser a ''poíesis'', como não é possível o discurso cronológico ser o tempo-''currere''-[[linguagem]].
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:Nem sempre parte-se do significado da proposição em relação ao código. Um tal significado e uma tal verdade é necessariamente relacional aos predicativos e à representação do que se diz na enunciação e no enunciado. Olhando uma rede/texto, notamos que cada nó rizomático tem múltiplas linhas que se originam nele mas que constituem relações de manifestação predicativa do que é inerente ao nó. Essas relações nunca levam em consideração os vazios onde estão suspensas as linhas/relações. Mas é do [[vazio]] surgem os sentidos. As relações entre os nós formam os períodos e os textos e o todo como dis-curso. Um dis-curso resulta de uma linearidade que pressupõe o ideológico que dá origem a diferentes dis-cursos. Isso é motivado pelas diferentes disciplinas e pela redução da ''poíesis'' à ''práxis''. Porém, a ''práxis'' pressupõe a ''poíesis'' e a reduz a um aprendizado. À ''práxis'' não é possível ser a ''poíesis'', como não é possível o discurso cronológico ser o tempo-''currere''-[[linguagem]].
:A Linguagem fala. Isto implica a ''poíesis'', o verbo como sentido e verdade como ''[[alétheia]]''. Aí a rede se dimensiona no horizonte do vazio. E as relações deixam de ser só epistêmicas para serem poético-ontológicas. A Linguagem fala dizendo: a ''poíesis''/verbo/Hermes fala.
:A Linguagem fala. Isto implica a ''poíesis'', o verbo como sentido e verdade como ''[[alétheia]]''. Aí a rede se dimensiona no horizonte do vazio. E as relações deixam de ser só epistêmicas para serem poético-ontológicas. A Linguagem fala dizendo: a ''poíesis''/verbo/Hermes fala.
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
:- [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 02h38min de 19 de Setembro de 2009

1

A tese central de Heidegger em A origem da obra de arte (1) é a de que arte é verdade e a obra é a verdade operando. Mas então o que Heidegger entende por verdade é o real eclodindo, desvelando-se na disputa com o velar-se. Por isso, à verdade corresponderá a não-verdade. Então verdade enquanto desvelamento é o real se dando como presença, enquanto florescência, é presença. E presença é sempre corpo denso e inteiro, tendendo à plenitude, à esfericidade. E isso é o ser humano.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da obra de arte. Lisboa: Edições 70, 1992.


Ver também:


2

O verdadeiro diz sempre respeito ao sendo em seus atributos. A verdade diz originariamente respeito ao Ser do sendo, pela e na qual o sendo chega a Ser o que é: sendo do Ser.


- Manuel Antônio de Castro


3

Todas as verdades enunciadas e anunciadas foram e são errâncias originárias.


- Manuel Antônio de Castro

4

"A verdade é, portanto, uma dimensão, isto é, a possibilidade do real como dinâmica se estabelecer e, em se fazendo presença, desencadear as possibilidades de medida, não como conversão a uma convenção pré-estabelecida, mas a instauração da possibilidade do real fazer-se medida de si mesmo." (1)


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 78.


5

"A exigência do verossímil é que, no seu domínio, a correspondência esteja correta, certa. Para o que é verossímil basta a certeza. No domínio da verdade, a certeza não é suficiente. O verdadeiro não é o correto, o certo. A verdade necessita do movimento e da memória para que se estabeleça como dimensão, unidade e desencadeador de realidade. Verdade é des-velar o que se vela. É desocultar o que necessariamente se oculta. A dinâmica da verdade não pretende depurar a realidade de seus processos de ocultação. A verdade vive do oculto, pois é este, e somente este que necessariamente tende a se mostrar, a se des-ocultar" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 86.

6

A verdade pode se referir ao real enquanto desvelamento e velamento e aí então ela se realiza enquanto sentido e essência da phýsis como agir/poíesis. Mas também pode referir-se à proposição e então será verdadeira ou falsa dentro do estreito ciclo de relação do código, onde verdadeiro e falso dizem respeito ao significado. Não há significação fora do código e da proposição. Esta verdade do e como significado vive das relações inerentes:
a) À proposição;
b) Ao período;
c) Ao contexto.
Nem sempre parte-se do significado da proposição em relação ao código. Um tal significado e uma tal verdade é necessariamente relacional aos predicativos e à representação do que se diz na enunciação e no enunciado. Olhando uma rede/texto, notamos que cada nó rizomático tem múltiplas linhas que se originam nele mas que constituem relações de manifestação predicativa do que é inerente ao nó. Essas relações nunca levam em consideração os vazios onde estão suspensas as linhas/relações. Mas é do vazio surgem os sentidos. As relações entre os nós formam os períodos e os textos e o todo como dis-curso. Um dis-curso resulta de uma linearidade que pressupõe o ideológico que dá origem a diferentes dis-cursos. Isso é motivado pelas diferentes disciplinas e pela redução da poíesis à práxis. Porém, a práxis pressupõe a poíesis e a reduz a um aprendizado. À práxis não é possível ser a poíesis, como não é possível o discurso cronológico ser o tempo-currere-linguagem.
A Linguagem fala. Isto implica a poíesis, o verbo como sentido e verdade como alétheia. Aí a rede se dimensiona no horizonte do vazio. E as relações deixam de ser só epistêmicas para serem poético-ontológicas. A Linguagem fala dizendo: a poíesis/verbo/Hermes fala.


- Manuel Antônio de Castro
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