Uno

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 14h14min de 14 de Setembro de 2019 por Profmanuel (Discussão | contribs)
Ver também: Unidade e Um.


1

"O uno não admite divisão. Toda e qualquer forma de divisão é já desintegração, é já destruição do uno. Para que se apresente o uno com sentido é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é analisável. Ele constitui um outro irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou dimensão, sempre, a possibilidade de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um logos, de um sentido da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a vigência do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da diferença, é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a diferença à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84.

2

"A Natureza, para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como unidade e multiplicidade, num eterno retorno tensional. Simboliza a unidade pelo instinto dionisíaco, que tem um conhecimento imediato de si. O uno tem necessidade para sua libertação do encanto da visão e da alegria da aparência, pois quanto mais diferente mais uno, daí tender à aparência, ou seja, ao múltiplo, ao finito e individual, sentindo-se cada um alienado e sofrendo. Toma como símbolo da aparência ou da multiplicidade o instinto apolíneo. O uno ao multiplicar-se e, portanto, libertar-se, experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no renascer da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nessa perspectiva, o trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In:-----. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.
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