Terra

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 12h33min de 10 de janeiro de 2014 por Fábio (Discussão | contribs)

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"'Existe sobre a terra uma medida?' E deve responder que: 'não há nenhuma'. Por quê? Porque aquilo que nomeamos ao dizer 'esta terra' só se sustenta enquanto o homem habita a terra e, no habitar, deixa a terra ser terra" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 178.


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No ensaio A origem da obra de arte (1), Heidegger mostra que só podemos saber o que é a Terra a partir da obra-de-arte. Terra, então, nada tem a ver com matéria (um conceito que está em função da interpretação do on como utensílio). O que é Terra? Ela muito menos tem a ver com o planeta como base e fonte de recursos naturais. O que é a Terra? Talvez o melhor caminho de compreensão esteja na palavra grega para Terra: Gaia. Ocorre que Gaia, em sua etimologia, significa vida. E esta é o princípio vital, o tempo eterno. É no âmbito da vida que entra a arte, mas é então a vida que amadurece, isso é a vida feito arte, o ético. A vida e alimento e plenificação no amadurecimento está, misticamente, presentificada na última ceia, de que a missa é a memória. Contudo, tudo isso toma um sentido secreto profundo, porque é a alimentação sacrificial onde o dar a vida, está ligado à morte, à renúncia, mas em que a renúncia não tira, dá. Isso é a arte, o ético, porque ao manifestar a Terra/vida, arte é a arte enquanto doação que se retrai. Isto é, a Terra tanto mais se doa quanto mais se retrai. E isso é a obra-de-arte. Ela se doa retraindo-se, pois então a arte se torna a própria Terra/vida.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Tradução de Idalina Azevedo e Manuel Antônio de Castro. Edição bilíngue. São Paulo: Edições 70, 2010.


Ver também:


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“[...], a terra não figura apenas como chão inerte, mas como solo de onde brotam as experiências de vida, o inalcançável e sempre presente no aceno de cada filho seu” (1).


Referência:
PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 107.