Subjetividade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 20h24min de 13 de março de 2009 por Jun (Discussão | contribs)

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O apelo às Musas ainda não traduz a problemática da subjetividade (gênio) na questão da criação artística. Ernesto Grassi faz observações que apontam para a junção das duas posições, embora não alcance o núcleo ontológico da questão. Mas suas observações servem como indicativo: "Se atentarmos agora no seu autor, o artista, torna-se primeiramente necessário distinguir os momentos artísticos dos subjetivos. Um fenômeno como o do imprescindível estado de alma (ou afinação) tem sido com demasiada frequência subordinado unilateralmente ao domínio da subjetividade. Observamos mais atrás que no momento em que tentamos escolher os fenômenos que nos envolvem se torna visível a "tensão original" que nos coloca em determinada disposição de alma, ou afinação, a partir da qual conseguimos o projeto de um mundo próprio. Este estado não tem caráter psicológico, no sentido moderno, mas transcendental, isto é, possibilita-nos a existência. Representa um modo particular de iluminação da existência na medida em que nos dá notícia do que se passa nas profundezas da existência humana, antes da sua bipartição entre eu e mundo, em interioridade subjetiva e interioridade objetiva. Em estados alternados desvendam-se-nos, de cada vez, diversos e sempre novos aspectos da realidade" (1). É necessário fazer a caracterização da subjetividade e destacar essa dimensão nova do homem na Modernidade, que levou a uma nova faceta do humanismo, mas que tornuo também o seu fracasso. Aqui de novo se torna necessário: 1º Estudar o conceito de gênio; 2º a questão epistemológica X ontológica; 3º o conceito de interioridade; 4º a questão da ambiguidade; 5º o conceito ontológico de disposição em Heidegger; 6º mostrar a contradição da construção do homem e do real na modernidade.


Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) GRASSI, Ernesto. Arte e mito. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 171.


Ver também:


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Há uma tendência de se colocar a questão central em torno da subjetividade na crise do eu, do indivíduo, da pessoa, ligados à crise do poder da razão, dos valores ético-sociais, pessoais, religiosos, etc. Contudo, não se presta atenção a algo que, no fundo, é essencial: o destino. A emergência tanto maior do sujeito quanto mais profunda mostra que a crise está no fato de que ele se afirma - pessoal, histórica e socialmente - na medida em que tem a pretensão de construir seu destino. Ora, isso é o que hoje em dia mais evidencia a sua crise. E a questão tanto mais cresce quanto mais a genética avança. E é aí que se dá o combate entre ciência e ser, entre sujeito e sistema, entre conhecimento e sabedoria, entre técnica e poíesis. Qual o sujeito que emerge da genética?
O contraponto se dá quando se traz para a cena a questão do agir/poíesis, porque esse implica o éthos. A subjetividade se percebe cada vez mais claramente no horizonte onde os conceitos se trincam e ela aparece trincada. E isso mostra que o trincamento só pode aparecer porque as duas partes (ou mais) têm um entre que as reúne. É a poíesis, o lógos, o ser, a moíra'/génos. A vigência do sujeito é a vigência da física, do duplo, da dicotomia. Mas na pós-modernidade houve um deslocamento: o sujeito se tornou o sistema. Isto estava subjacente na afirmação do sujeito como razão (cartesianismo). É esta que gera os sistemas.


- Manuel Antônio de Castro