Imagem-questão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O [[poder]] e vigor da [[imagem-questão]] está no fato de que congrega: [[tempo]], [[linguagem]], [[memória]], [[verdade]], [[narrar]]. Por isso ela repousa, como quietude, enquanto tempo [[ontológico]], "entre" o ser escrita e o ser lida, dialogada, ''[[entre]]'' o ser vista, pensada, figurada e o ser narrada, mas onde ela ao ser experienciada, por quem vê ou lê, como [[escuta]] do que somos e não somos, ambiguamente se retrai em sua fala silenciosa e silente. A imagem-questão é um modo concentrado e [[verbal]] de ''[[poiesis]]'', enquanto [[narrar]]. Como tal, concentra a fala de toda escuta e aguarda o [[desvelo]] poético da [[leitura]] do [[leitor]] ou daquele que vê, abertos à [[escuta]] do ''[[logos]]'', ou seja, à fala da [[Memória]]. Quando o [[diálogo]] acontece e, portanto, vigora a [[dialética]], dá-se no [[leitor]] uma [[aprendizagem]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 01h43min de 23 de Outubro de 2017

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O que é imagem-questão? É uma imagem-poética que se torna verbo e presença para manifestar de modo vivo a questão ou questões. Por isso também podemos nomeá-la imagem-poética, na medida em que toda poética pensa o acontecer do ser. Esse dizer é o que quis concretizar com verbo e presença, pois no caso trata-se da essência do agir e pensar. Os mitos e as narrativas (pois estes estão essencialmente interligados, uma vez que originariamente todo mito é uma narrativa) desdobram-se em personagens-questões e imagens-questões. Tome-se Grandes sertão: veredas de Rosa, por exemplo. No título de sua narrativa, a imagem Sertão e a imagem veredas, em verdade, nos apresentam questões, pois aparecem como o fundo em que a personagem-questão Riobaldo experiência as questões que tais imagens-questões suscitam, apresentam. Tomando outro exemplo, no famoso romance de Machado de Assim Dom Casmurro, a imagem-questão do título Casmurro é a imagem-poética para manifestar as questões experienciadas por Bentinho. Estão essencialmente interligadas as imagens-questões e as personagens-questões.


- Manuel Antônio de Castro

2

O poder e vigor da imagem-questão está no fato de que congrega: tempo, linguagem, memória, verdade, narrar. Por isso ela repousa, como quietude, enquanto tempo ontológico, "entre" o ser escrita e o ser lida, dialogada, entre o ser vista, pensada, figurada e o ser narrada, mas onde ela ao ser experienciada, por quem vê ou lê, como escuta do que somos e não somos, ambiguamente se retrai em sua fala silenciosa e silente. A imagem-questão é um modo concentrado e verbal de poiesis, enquanto narrar. Como tal, concentra a fala de toda escuta e aguarda o desvelo poético da leitura do leitor ou daquele que vê, abertos à escuta do logos, ou seja, à fala da Memória. Quando o diálogo acontece e, portanto, vigora a dialética, dá-se no leitor uma aprendizagem.


- Manuel Antônio de Castro