Feminino

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:(1) FRANZ, Marie Louise Von. ''A interpretação dos contos de fadas''. Rio de Janeiro:  Achiamé, 1981, p.81.  
:(1) FRANZ, Marie Louise Von. ''A interpretação dos contos de fadas''. Rio de Janeiro:  Achiamé, 1981, p.81.  
:(2) Idem, p. 82.
:(2) Idem, p. 82.
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:“E o feminino é o que recolhe no ventre poético a [[possibilidade]] de possibilitar [[diferença|diferenças]], é pujança de [[criação]] que não escolhe sexo, mas irriga a terra ([[corpo]] de [[homem]] e de [[mulher]]) com excessividade de [[luz]], fecundando o mistério do que vem a ser. O feminino é o gestual de edificação que atravessa qualquer limite corporal para eclodir em obra de arte, de modo que nem um e nem outro – homem e mulher – são depositários absolutos de tal originariedade, e sim maneiras diferentes de nascerem com a nascividade que os fertilizam, mediante a conservação de suas singularidades. Não é o corpo enquanto [[organismo]] que retém o privilégio da invenção poética, esta extrapola o sentido biológico ou o agentivo de seu enunciado moderno” (1).
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:(1) PESSANHA, Fábio Santana. ''A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 131.

Edição de 16h57min de 8 de janeiro de 2014

1

De acordo com Franz: "Junto com o feminino está o sentimento, o irracional e a fantasia..." (1). Nas páginas anteriores, também se refere ao feminismo como o princípio de Éros e o liga à Terra. "Como pode ter acontecido, em nossa história, que o elemento feminino tenha sido mais consciente numa determinada época e esteja agora submergido no inconsciente? As religiões pagãs originárias dos germânicos e dos celtas tinham muitos cultos à Mãe Terra e a outras deusas da natureza, mas a superestrutura unilateralmente patriarcal da civilização cristã aos poucos foi reprimindo esse elemento... Na Idade Média, com o culto da Virgem Maria e com os Trovadores, o reconhecimento da anima era muito mais vivo do que o foi no séc. XVI em diante, época essa que está caracterizada por um aumento de repressão do elemento feminino e da cultura de Éros, em nossa civilização" (2).
Mas não nota a autora que justamente o fato de ligar o feminino ao sentimento e ao irracional é uma caracterização do que ela mesma condena na seguda citação, ou seja, é uma leitura do feminino a partir de um racionalismo de predominância patriarcal.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) FRANZ, Marie Louise Von. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981, p.81.
(2) Idem, p. 82.


2

“E o feminino é o que recolhe no ventre poético a possibilidade de possibilitar diferenças, é pujança de criação que não escolhe sexo, mas irriga a terra (corpo de homem e de mulher) com excessividade de luz, fecundando o mistério do que vem a ser. O feminino é o gestual de edificação que atravessa qualquer limite corporal para eclodir em obra de arte, de modo que nem um e nem outro – homem e mulher – são depositários absolutos de tal originariedade, e sim maneiras diferentes de nascerem com a nascividade que os fertilizam, mediante a conservação de suas singularidades. Não é o corpo enquanto organismo que retém o privilégio da invenção poética, esta extrapola o sentido biológico ou o agentivo de seu enunciado moderno” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 131.