Dor

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 02h18min de 1 de março de 2012 por Fábio (Discussão | contribs)

1

"Crê-me, em qualquer parte resta ainda uma alegria. A dor autêntica entusiasma. Quem penetra a sua miséria encontra-se acima. E é magnífico que somente na dor cheguemos a sentir corretamente a liberdade da alma" (1).


Referência:
(1) HÖLDERLIN, Friedrich. Hipérion ou O eremita da Grécia. Trad. Marcia C. de Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 137.


2

"Uma das situações que mais evidenciam a indigência da existência é a experiência da dor. A dor é uma sensação indizível que se inaugura colada à condição corporal. Ela aparece permeada pelo medo, o medo da dor. A dor não se limita ao corpo. Ela pertence à existência" (1).
Referência:
(1) POMPEIA, João Augusto. Corporeidade. In: Rev. Daseinsanlyse, No. 12, 2003, p. 36.

3

"E a dor é que não estamos à altura de nossa perfeição, e quanto à nossa beleza, nós mal a suportamos" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. A maçã no escuro. Rio de Janeiro: José Álvaro, 1970, p. 252.


4

A dor está ligada ao verbo grego páskho, que compõe diferentes palavras em que alegria e dor estão ligadas da mesma forma que paixão e compaixão; empatia e simpatia.


- Manuel Antônio de Castro


5

O tema da dor que aparece no poema de Fernando Pessoa "Autopsicografia" é, sem dúvida, fundamental. Esse é um tema recorrente nas variadas experiências de pensamento. Aparece em Jó, Cristo, Sócrates e, sobretudo, na experiência de pensamento do sagrado de Siddhārtha Gautama, o Buda. É também o tema central ou motriz do romance de Hermann Hesse: Sidarta.


- Manuel Antônio de Castro

6

Incorporamos a ossatura da dor na medida em que damos a esta o estatuto da dificuldade física e sensorial. No entanto, a dor não está restrita à superficialidade dos sentidos, pois é por ela que se levantam os membros e se põem a rodopiar no eixo do não-compreendido. Heidegger ainda nos aponta uma possibilidade de se pensar a dor, ou seja, enquanto corte reunidor que, à medida que irrompe, traz para si o lugar e momento do rasgo. Portanto, a dor "traça e articula o que no corte se separa" (1), dando ao corpo a musicalidade de um improviso, ao repentino modo de acolher na desfeitura do correto um pouco das inúmeras possibilidades de se abismar e se desfazer de plangente ossatura.


PESSANHA, Fábio Santana. "Homem: corpo insólito". In: GARCÍA, Flavio; PINTO, Marcello de Oliveira; MICHELLI, Regina (orgs.). O insólito e seu duplo – Anais do VI Painel Reflexões sobre o Insólito na narrativa ficcional/ I Encontro Regional Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010, p. 139.


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A linguagem". A caminho da linguagem. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 21.

7

“A dor é o rasgo do dilaceramento. A dor não dilacera, porém, espalhando pedaços por todos os lados. A dor dilacera, corta e diferencia, só que ao fazer isso arrasta tudo para si, reunindo tudo em si” (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 4. e. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 21.


8

"A dor acontece, sobretudo, quando estamos no limiar da porta. Dor não é fim e sim clemência de vida. Guardiã de uma felicidade luminosa, a dor entretece a infinitude de nossas procuras estabelecendo, assim, uma intimidade profunda com nossa facticidade de ser e não-ser (1)".


Referência:
(1) FILÍPPOVNA, Verônica. .... p.5
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