Diferença

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 21h40min de 5 de janeiro de 2018 por Fábio (Discussão | contribs)

1

Toda diferenciação é um crescer tendo como fim, como plena realização, o que lhe dá sentido e atrai: o ser originário, o desejo a ser conquistado. Toda diferença procura a origem daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e é. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra posição, mas para o que já desde sempre é: vazio, plenitude, não-posição, nada criativo (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.

2

"A palavra grega homologia se compõe de dois étimos: hom- e lg. O primeiro remete para a igualdade que, em união com as diferenças, constitui a identidade. Na homologia prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a igualdade quanto a diferença vivem, na identidade, de uma tensão de contrários. A igualdade não somente tolera a diferenciação como se nutre das diferenças para elaborar uma identidade fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os homens de todas as épocas. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo étimo lg, de homo-logia" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.

3

"O substantivo, no entanto, desencadeia realidade ontológica em que toda coisa é e ao mesmo tempo não é, numa disputa dinâmica em que vigora a diferença – e por diferença não se quer dizer aqui “oposição” já que toda oposição se baseia numa medida ideal cuja identidade já foi estabelecida de antemão. A própria palavra “diferença” já aponta para o convívio entre duas dimensões distintas: a do conhecido/revelado/aquilo que é e a do desconhecido/velado/aquilo que não é" (1).


Referência:
(1) MAROUVO, Patrícia. Desvelo do instante poético em Água viva. 2012. Dissertação (Mestrado em Poética) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, pp. 25-26.

4

A palavra escolhida (diferença) quer dizer o que ela diz: o diferente não estabelece nenhuma escala de valores comparativos, impossíveis em termos de obras de arte. Ela quer dizer o que diz: a realidade jamais se repete e se mostra sempre em novas dimensões, porque a realidade é um incessante acontecer, não em um eterno retorno, mas em uma inaugurabilidade originária que tanto mais se manifesta como o vigorar do novo quanto mais se funda e afunda no nada de suas possibilidades poéticas. Esse eidos ou idea de que nos falou Platão, isto é, ousia.


- Manuel Antônio de Castro


5

"O uno não admite divisão. Toda e qualquer forma de divisão é já desintegração, é já destruição do uno. Para que se apresente o uno com sentido é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é analisável. Ele constitui um outro irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou dimensão, sempre, a possibilidade de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um logos, de um sentido da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a vigência do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da diferença, é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a diferença à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84.
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