Desdobrar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) Sentença '''III''', (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: ''Os pensadores originários'' - ''Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45."
: (1) Sentença '''III''', (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: ''Os pensadores originários'' - ''Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45."
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: "A [[linguagem]] fala. O que acontece com essa [[fala]]? Onde encontramos a [[fala]] da [[linguagem]]? Sobremaneira no que se diz. No dito, a [[fala]] se consuma, mas não acaba. No dito, a [[fala]] se resguarda. No dito, a [[fala]] recolhe e reúne tanto os modos em que ela perdura como o que pela [[fala]] perdura - seu [[perdurar]], seu [[vigorar]], sua [[essência]]. Contudo, na maior parte das vezes e com frequência, o dito nos vem ao encontro como uma [[fala]] que passou" (1).
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: Não podemos esquecer que o [[vigorar]] da [[linguagem]] é o [[sentido]] e a [[verdade]] que orientam nossas [[ações]], nosso, enfim, [[agir]]. Daí o seu perdurar. E é nesse [[perdurar]] que o [[tempo]] [[é]] e acontece em seu [[desdobrar-se]] em [[épocas]]. A cada [[desdobramento]], a cada [[manifestação]] do [[vigorar]] do [[sentido]] e da [[verdade]] corresponde [[mundo]], de modo que o [[perdurar]] evidencia o [[vigorar]] do [[sentido]], da [[verdade]] e do [[mundo]] que se manifesta e é [[horizonte]] de nosso [[viver]], de nosso [[realizar-se]]. [[Mundo]] e [[sentido]] e [[verdade]] são para nós a [[realidade]]: [[vigorar]] da [[linguagem]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "A linguagem". In: ----. ''A caminho da Linguagem''. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes; Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 11.

Edição de 20h51min de 7 de Setembro de 2019

1

A palavra simples se forma da língua latina e diz originalmente o que é sine plex, isto é, o sem dobra. O sem dobra é o que vigora desdobrando-se. Desdobrar é todo acontecer da dobra, isto é, o vigorar do que é simples. Sem o simples não há dobra, o desdobrar-se. Sem o desdobrar-se não há simples. Este, pode, portanto ser considerado a unidade de pensar e ser, segundo a sentença III de Parmênides ("...pois o mesmo é pensar e ser") (1)... Todo vigorar da dobra é um entre em que todo sendo vigora. O vigorar é o acontecer poético: dá-se e vela-se. É o motivo por detrás de um outro motivo. Motivo é tudo que vigora na realidade.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) Sentença III, (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45."


2

"A linguagem fala. O que acontece com essa fala? Onde encontramos a fala da linguagem? Sobremaneira no que se diz. No dito, a fala se consuma, mas não acaba. No dito, a fala se resguarda. No dito, a fala recolhe e reúne tanto os modos em que ela perdura como o que pela fala perdura - seu perdurar, seu vigorar, sua essência. Contudo, na maior parte das vezes e com frequência, o dito nos vem ao encontro como uma fala que passou" (1).
Não podemos esquecer que o vigorar da linguagem é o sentido e a verdade que orientam nossas ações, nosso, enfim, agir. Daí o seu perdurar. E é nesse perdurar que o tempo é e acontece em seu desdobrar-se em épocas. A cada desdobramento, a cada manifestação do vigorar do sentido e da verdade corresponde mundo, de modo que o perdurar evidencia o vigorar do sentido, da verdade e do mundo que se manifesta e é horizonte de nosso viver, de nosso realizar-se. Mundo e sentido e verdade são para nós a realidade: vigorar da linguagem.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A linguagem". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes; Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 11.