História

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 01h40min de 24 de fevereiro de 2009 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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História e memória

A tensão entre Memória e História é a mesma que entre phýsis e lógos. A história enquanto acontecer é a manifestação da Memória enquanto o que é, o que foi e o que será. A Memória é o génos que se manifesta como História. A História é o acontecer da Memória. Por isso, a História é a realização da Memória enquanto manifestação do Tempo. Não podemos falar em História sem Tempo, mas por sua vez a Memória é o Tempo em seu vigorar. Por sua vez, Memória e História são a manifestação da phýsis enquanto Linguagem. Tradição, historiografia e lingua/discurso são como ritos do que é Memória, História, Linguagem e Tempo, mas sem o vigor do mito.


História e arte

O homem moderno, ao descobrir a historicidade/historicização do homem, compreendeu-o no horizonte constituído pela história. E escreveram-se as diferentes histórias. Mas a partir da radicalização do pensamento heideggeriano sobre ser e tempo, sobre história como acontecer poético e sobre a historicidade do homem, não é mais possível continuar a estudar a arte através das histórias tradicionais. Com os impasses da pós-modernidade sobre tempo/história e o questionamento ainda não feito de como a própria ciência pode constituir-se como história, devemos pensar as obras de arte como acontecer poético. Por outro lado, há as épocas em que o ser se destina. Como relacionar estas épocas-destinadas e o acontecer poético de toda historicidade, de toda obra de arte? Na medida em que se responde e corresponde a esta questão é que se pode "pensar" uma "história" da arte. Por outro lado, a história da arte tradicional não se serve meramente da cronologia, mas está fundada na sucessão de formas e matérias. Heidegger questiona esta concepção da coisa, usada para ser pensado o untensílio, no ensaio A origem da obra de arte. Desse questionamento se abre a possibilidade de repensar não só a história da arte mas também as próprias obras enquanto históricas. Isto fica mais claro a partir da constatação de que a pós-modernidade, ao centralizar-se no presente, ao acelerar o tempo ou retardá-lo, comprimindo-o, leva o homem para o campo das vivências, abolindo as experiências. Isto se reflete na memória e na linguagem (de comunicação). E é nesse eixo que se pode pensar, sim ou não, a interpretação das obras como vigília desvelante, respondendo e correspondendo ao tempo, à memória e à linguagem.


Sentido histórico

A relação entre tempo e história e a afirmação ou negação da história/tempo se dá através de uma questão central: o sentido. Para o homem mítico, dá-se através da atualização dos mitos nos ritos. No homem antigo e em outras culturas, o sentido do tempo/história aparece nos ciclos temporais (Grande ano). A teoria de Hegel da história se estabelece enquanto teoria de um sentido. Idem para Marx e para a visão cristã. O que é sentido? Os gregos o pensavam como télos.


Explicação histórica

O lançar mão dos dados históricos para a compreensão da obra de arte pode se tornar inútil e até atrapalhar, porque os muitos dados e explicações podem facilmente obnubilar e fazer esquecer a presença do extraordinário. Ora, esse é o núcleo de todo vigor da arte e do pensamento. Isso fica bem claro no fragmento 18 de Heráclito: "Se não se espera, não se encontra o inesperado, sendo sem caminhos de encontro nem vias de acesso." O inesperado está radicado na ambigüidade radical da Linguagem poética e do pensamento, na medida em que estas são falas do sagrado.


Referência
cf. LEÃO, Emmanuel Carneiro. Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 14 e 15.

5

O que é perguntar historicamente?

"Perguntar historicamente significa: libertar e pôr em movimento o que repousa na questão e nela está preso" (1).


Referência
(1) HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 53 e 54.

6

"A história parte da concepção tricotômica do tempo. Historiograficamente estuda-se no presente os fatos do passado. Não se questiona a condição de possibilidade da correlação entre esses dois tempos, sendo o futuro um filho enjeitado, como se não fosse uma dimensão do humano" (1).


Referência

(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 40.

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