Deus
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 22h42min de 25 de Outubro de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)
1
- "É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o deus desconhecido deve aparecer como o que se mantém desconhecido. A revelação de deus e não ele mesmo, esse é o mistério" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
- Ver também:
2
- "Os gregos só puderam chamar de ζῷα as estátuas e imagens dos deuses, porque, para eles, as estátuas e imagens nunca eram estátuas e imagens no sentido de retrato e representação de ausentes na ausência. As imagens e estátuas eram os próprios deuses: presenças do mistério da realidade, realizações que emergem, surgem e vigoram por si mesmas, no vigor de uma vigência inesgotável, que não se deixa saturar" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Uma leitura órfica de uma sentença grega". Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 134-5.
3
- - "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- - "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).
- Referência:
- (1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
4
- Referência:
- (1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a mediação do nada. Org. Hubert Lepargner e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986, p. 69.
5
- "Porque na narrativa da Escritura, três dentre eles dependem de um Primus que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o divino, Heidegger nomeia, portanto, a quaternidade ou uma Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o nome de um tal centro? Heidegger o nomeia: das Heilige, que podemos provisoriamente traduzir por o sagrado" (1). O autor está se referindo à quaternidade composta por: Mortais (homens) e Imortais (deuses), Céu e Terra.
- Referência:
- (1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: Heidegger e a questão de Deus. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28. Trad. do francês: Manuel Antônio de Castro.
6
- "No Ocidente, “deus” tem a mesma raiz que “dia”, dei/di: iluminar. “Deiwos”, que culminou em Deus, coincide no grego com o sentido de “céu luminoso” (“Deiwos/Dýas”). Na medida em que todo dia vem da noite para a noite (é entre-noites), cada qual – isto é, “deus” – compreende um amanhecer que já e sempre anoitece, assim como toda noite afunda, funda amanhecer" (1).
- Referência:
- (1) FAGUNDES, Igor. "A experiência ioruba do sagrado - Provocações para um rito de raspagem do Ocidente". In: Revista Tempo Brasileiro, 194, Dialética em questão II. Rio de Janeiro,jul.-set., 2013, p. 142.
7
- "O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1). "O que há é uma certa coisa - uma só, diversas para cada um - que Deus está esperando que esse faça. Neste mundo tem maus e bons - todo o grau de pessoa. Mas então todos são maus. Mas mais então, todos não serão bons?" (2).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
- (2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.
8
- "Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 35.
9
- "Assim, o princípio “ex nhil nihil fit”, “de nada não se cria nada”, só vale para as transações do já criado. Para o élan criador no sentido estrito, vale o inverso: “ex nihil omnia fiunt” Aqui o princípio é: “é do nada que tudo se cria”. Por isso é que o mestre Eckhart no século XIV, o pai da mística renana, podia dizer para os criacionistas de todos os tempos: “ Esse est Deus et Deus est nihil ”. “ Ser é Deus e Deus é Nada ” (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que significa pensar?". In: Revista da Academia Brasileira de Letras, maio-junho, 2012.