Enunciado

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"A [[lógica]] pensa o ''[[lógos]]'' como enunciado. No enunciado anuncia-se algo como algo. Aquilo em função de que o anunciável se anuncia a cada vez contitui o que se deve anunciar. Isso que alguma [[coisa]] é, o ser-isso de alguma coisa (a qüididade da casa, o brotar do broto etc.) é o que Platão apreende como ''idéa'', o [[aspecto]], a fisionomia que mostra alguma coisa, de tal modo que esta se mostra em seu ser-isto." (1) "No [[juízo]], o que se faz é tomar algo por algo. Ajuízamos, por exemplo: Esta coisa é uma casa." (2) Então saiu-se da palavra para a [[proposição]], do verbo para o substantivo, da [[questão]] para o [[conceito]], da verdade para a verdade/''homoíosis'', isto é, a [[verdade]] como [[adequação]] entre a [[realidade]] e a proposição em que ela se diz. Então algo é verdadeiro quando há uma [[representação]] que se corresponde. Neste horizonte, a questão da verdade só se dá já dentro de algo que está manifesto e não dentro da própria dinâmica do aparecer. A isto os gregos chamavam ''[[alétheia]]'', o [[desvelamento]]. Porém, o desvelamento supõe o velamento, isto é, a dinâmica da realidade tanto mais se dando quanto mais se retrai e vela.
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: "A [[lógica]] pensa o ''[[lógos]]'' como [[enunciado]]. No [[enunciado]] anuncia-se [[algo]] como [[algo]]. Aquilo em função de que o anunciável se anuncia a cada vez constitui o que se deve [[anunciar]]. Isso que alguma [[coisa]] é, o [[ser]]-isso de alguma coisa (a qüididade da [[casa]], o brotar do broto etc.) é o que Platão apreende como ''idéa'', o [[aspecto]], a [[fisionomia]] que mostra alguma coisa, de tal modo que esta se mostra em seu [[ser]]-isto." (1)
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: "No [[juízo]], o que se faz é tomar [[algo]] por [[algo]]. Ajuízamos, por exemplo: Esta coisa é uma [[casa]]." (2)
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: Então saiu-se da [[palavra]] para a [[proposição]], do [[verbo]] para o [[substantivo]], da [[questão]] para o [[conceito]], da [[verdade]] para a [[verdade]]/''homoíosis'', isto é, a [[verdade]] como [[adequação]] [[entre]] a [[realidade]] e a [[proposição]] em que ela se diz. Então [[algo]] é verdadeiro quando há uma [[representação]] que se corresponde. Neste [[horizonte]], a [[questão]] da [[verdade]] só se dá já dentro de [[algo]] que está manifesto e não dentro da [[própria]] [[dinâmica]] do [[aparecer]]. A isto os [[gregos]] chamavam ''[[alétheia]]'', o [[desvelamento]]. Porém, o [[desvelamento]] supõe o [[velamento]], isto é, a [[dinâmica]] da [[realidade]] tanto mais se dando quanto mais se retrai e vela.

Edição de 21h57min de 21 de Julho de 2025

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"A lógica pensa o lógos como enunciado. No enunciado anuncia-se algo como algo. Aquilo em função de que o anunciável se anuncia a cada vez constitui o que se deve anunciar. Isso que alguma coisa é, o ser-isso de alguma coisa (a qüididade da casa, o brotar do broto etc.) é o que Platão apreende como idéa, o aspecto, a fisionomia que mostra alguma coisa, de tal modo que esta se mostra em seu ser-isto." (1)
"No juízo, o que se faz é tomar algo por algo. Ajuízamos, por exemplo: Esta coisa é uma casa." (2)
Então saiu-se da palavra para a proposição, do verbo para o substantivo, da questão para o conceito, da verdade para a verdade/homoíosis, isto é, a verdade como adequação entre a realidade e a proposição em que ela se diz. Então algo é verdadeiro quando há uma representação que se corresponde. Neste horizonte, a questão da verdade só se dá já dentro de algo que está manifesto e não dentro da própria dinâmica do aparecer. A isto os gregos chamavam alétheia, o desvelamento. Porém, o desvelamento supõe o velamento, isto é, a dinâmica da realidade tanto mais se dando quanto mais se retrai e vela.


- Manuel Antônio de Castro
Referências:
(1)HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio: Relume Dumará, 1998, p.281.
(2)Idem, p. 318.

2

"Querer encerrar a realidade/linguagem no lógico é querer e pretender reduzi-lo a um enunciado] da linguagem. Nenhum enunciado dá conta da realidade/linguagem. Há um contra-senso querer encerrá-la, circunscrevê-la, delimitá-la num simples enunciado que só existe a partir da Linguagem. Os limites do enunciado – a de-finição – não podem ser mais amplos e estar além da própria linguagem/realidade (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 149.


Ver também:
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