Multiplicidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : "A [[Natureza]], para | + | : "A [[Natureza]], para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como [[unidade]] e [[multiplicidade]], num eterno retorno tensional. Simboliza a [[unidade]] pelo [[instinto]] [[dionisíaco]], que tem um [[conhecimento]] imediato de si. O [[uno]] tem [[necessidade]] para sua [[libertação]] do encanto da [[visão]] e da [[alegria]] da [[aparência]], pois quanto mais [[diferente]] mais [[uno]], daí tender à [[aparência]], ou seja, ao [[múltiplo]], ao [[finito]] e [[individual]], sentindo-se cada um [[alienado]] e sofrendo. Toma como [[símbolo]] da [[aparência]] ou da [[multiplicidade]] o [[instinto]] [[apolíneo]]. O [[uno]] ao multiplicar-se e, portanto, [[libertar-se]], experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no [[renascer]] da [[multiplicidade]] e [[aparência]], conhece que o gozo da [[aparência]] é falaz e retorna ao [[uno]]. Nessa [[perspectiva]], o [[trágico]] é a [[representação]] simbólica da [[sabedoria]] [[dionisíaca]], com a ajuda de meios [[artísticos]] [[apolíneos]] e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao [[uno]]. O estado [[apolíneo]], pela [[aparência]], corresponde ao [[princípio]] da “[[medida]]” no [[sentido]] [[helênico]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em ''Vidas Secas''". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "As faces do [[trágico]] em ''[[Vidas]] Secas''". In:---. [[Travessia]] [[Poética]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.''' |
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- | : "Toda [[multiplicidade]] supõe [[unidade]]. A [[multiplicidade]] só é [[possível]] se cada [[indivíduo]] da [[multiplicidade]] é ele [[mesmo]] [[uno]], que se distingue do [[outro]] e com o [[outro]] precisamente constitui a [[multiplicidade]]. [[Multiplicidade]] é [[essencialmente]] composta de [[unidades]] | + | : "Toda [[multiplicidade]] supõe [[unidade]]. A [[multiplicidade]] só é [[possível]] se cada [[indivíduo]] da [[multiplicidade]] é ele [[mesmo]] [[uno]], que se distingue do [[outro]] e com o [[outro]] precisamente constitui a [[multiplicidade]]. [[Multiplicidade]] é [[essencialmente]] composta de [[unidades]] particulares. Se assim não fosse, não teríamos uma [[multiplicidade]], mas uma [[unidade]] simplesmente. A [[multiplicidade]] supõe a [[unidade]] de cada [[indivíduo]] de que ela é composta. Assim [[multiplicidade]] não pode [[existir]] nem mesmo ser pensada sem a suposta [[unidade]]. De fato, esta [[unidade]] dos [[indivíduos]] existe, porque toda [[multiplicidade]] é [[multiplicidade]] de [[entes]] ou não é [[multiplicidade]] nenhuma; ora, todo [[ente]] enquanto [[ente]] é [[uno]]. No entanto, [[multiplicidade]] não supõe apenas [[unidade]] e em cada membro da [[multiplicidade]], mas também uma [[unidade]] na [[multiplicidade]] mesmo como todo, ou seja, supõe que todos os membros tenham [[algo]] em [[comum]] que unifica a [[multiplicidade]] e a torna [[possível]] como tal. É uma [[unidade]] formal que não negará a [[diferenciação]], mas pelo contrário a supõe – pois se não houvesse [[diferenciação]] também não haveria [[possibilidade]] de uma [[multiplicidade]]" (1). |
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- | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ' | + | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal. ''' |
Edição atual tal como 21h39min de 4 de Abril de 2025
1
- "O advogado segurava um prendedor de cabelos entre os dedos. "Olhe isso aqui, tem dois dentes, mas é um alfinete. São dois, mas é um. Se eu o endireitar ele se torna uma entidade única. Se eu entortá-lo, ele se torna dois sem deixar de ser um. Isso significa que esses dois são um. Mas se eu quebrá-lo agora, eles são dois, dois!" (1).
- Referência:
2
- "A Natureza, para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como unidade e multiplicidade, num eterno retorno tensional. Simboliza a unidade pelo instinto dionisíaco, que tem um conhecimento imediato de si. O uno tem necessidade para sua libertação do encanto da visão e da alegria da aparência, pois quanto mais diferente mais uno, daí tender à aparência, ou seja, ao múltiplo, ao finito e individual, sentindo-se cada um alienado e sofrendo. Toma como símbolo da aparência ou da multiplicidade o instinto apolíneo. O uno ao multiplicar-se e, portanto, libertar-se, experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no renascer da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nessa perspectiva, o trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In:---. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.
3
- "Toda multiplicidade supõe unidade. A multiplicidade só é possível se cada indivíduo da multiplicidade é ele mesmo uno, que se distingue do outro e com o outro precisamente constitui a multiplicidade. Multiplicidade é essencialmente composta de unidades particulares. Se assim não fosse, não teríamos uma multiplicidade, mas uma unidade simplesmente. A multiplicidade supõe a unidade de cada indivíduo de que ela é composta. Assim multiplicidade não pode existir nem mesmo ser pensada sem a suposta unidade. De fato, esta unidade dos indivíduos existe, porque toda multiplicidade é multiplicidade de entes ou não é multiplicidade nenhuma; ora, todo ente enquanto ente é uno. No entanto, multiplicidade não supõe apenas unidade e em cada membro da multiplicidade, mas também uma unidade na multiplicidade mesmo como todo, ou seja, supõe que todos os membros tenham algo em comum que unifica a multiplicidade e a torna possível como tal. É uma unidade formal que não negará a diferenciação, mas pelo contrário a supõe – pois se não houvesse diferenciação também não haveria possibilidade de uma multiplicidade" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.