Instante

De Dicionário de Poética e Pensamento

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:Como o [[tempo]] se dá em instantes, não poderíamos [[experienciar]] nenhum instante como tempo se este não fosse [[sentido]], ou seja, [[linguagem]]. A linguagem é o sentido do tempo na medida em que este é [[vida]], é [[memória]], é [[ser]]. A linguagem é a [[unidade]] da memória vigorando enquanto sentido.
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:Como o [[tempo]] se dá em instantes, não poderíamos [[experienciar]] nenhum instante como tempo se este não fosse [[sentido]], ou seja, [[linguagem]]. A linguagem é o sentido do tempo na medida em que este é [[vida]], é [[memória]], é [[ser]]. A linguagem é a [[unidade]] da memória vigorando enquanto [[sentido]]. Em um tal [[vigorar]] é que consiste propriamente a [[poesia]]. Portanto, tanto esta quanto a [[linguagem]] são indissociáveis de [[ser]] e [[tempo]]. E é o [[tempo]] enquanto instante que se torna o [[motivo]] de ser [[poeta]]. É o que nos diz a poeta Cecília Meireles no primoroso [[poema]] "Motivo" do livro ''Viagem'' (1).  
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            Eu canto porque o instante existe
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            e a minha vida está completa.
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            Não sou alegre nem sou triste:
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            sou poeta.
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:- [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) MEIRELES, Cecília. ''Viagem''. In: -------. ''Obra poética''. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987, p. 81.
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Edição de 14h54min de 1 de Agosto de 2016

1

Só podemos falar em causalidade e sucessividade porque o tempo é memória, a unidade que dá sentido a todos os viventes e instantes da vida. O instante é o presente enquanto sentido do tempo, da vida, da memória. Só há instante para o vivente, não para o ser, a vida, o tempo, a memória. Por outro lado, sem estes não há vivente nem instante nem lembrança.


- Manuel Antônio de Castro.


2

Como o tempo se dá em instantes, não poderíamos experienciar nenhum instante como tempo se este não fosse sentido, ou seja, linguagem. A linguagem é o sentido do tempo na medida em que este é vida, é memória, é ser. A linguagem é a unidade da memória vigorando enquanto sentido. Em um tal vigorar é que consiste propriamente a poesia. Portanto, tanto esta quanto a linguagem são indissociáveis de ser e tempo. E é o tempo enquanto instante que se torna o motivo de ser poeta. É o que nos diz a poeta Cecília Meireles no primoroso poema "Motivo" do livro Viagem (1).
           Eu canto porque o instante existe
           e a minha vida está completa.
           Não sou alegre nem sou triste:
           sou poeta.
   
- Manuel Antônio de Castro.


Referência:
(1) MEIRELES, Cecília. Viagem. In: -------. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987, p. 81.

3

Cada palavra, cada oração, cada língua, cada possibilidade de discurso, é sempre possibilidade da linguagem em cada vivente, não interessa qual seja a língua, assim como cada vivente é possibilidade da vida e cada instante é possibilidade do tempo, não interessa a época nem a cultura.


- Manuel Antônio de Castro.

4

O vivente só vive e sabe que vive e pensa a vida porque sua vida como vivente já vigora na Vida como tempo e este como unidade ou sentido. A sucessividade de nossa vida nunca nos aparece, nem como um amontoado desconexo de momentos, nem como uma sequência linear e causal de vivências. Vivemos de surpresas inesperadas. São os instantes, o vigorar e acontecer do inesperado. Isso é o sentido não a explicação racional e muito menos o significado. O inesperado é a fonte produtora de tudo que se espera e não se espera.


- Manuel Antônio de Castro.


5

O instante é a persistência no tempo do presente da vigência do tempo do passado como possibilidade do tempo futuro. Existência são as possibilidades de ser. Liberdade é o deixar-se tomar pelas possibilidades de ser, ou seja, existência.


- Manuel Antônio de Castro
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